O tema da saúde mental está constantemente no radar na Suécia, tanto do governo como da mídia.
Em janeiro deste ano, o governo anunciou um pacote de 1,5 bilhão de coroas suecas (equivalente a cerca de 716 milhões de reais) para fortalecer a rede de atendimento às vítimas de transtornos psíquicos e ampliar medidas de prevenção do suicídio – com a criação ainda de uma linha telefônica nacional de apoio aos cidadãos, gerenciada por profissionais de saúde e disponível 24 horas por dia.
A cobertura da mídia em tomo da questão da saúde mental é extensa na Suécia – e especial atenção tem sido dedicada ao problema entre os mais jovens.
Via de regra, cada notícia relacionada ao tema da saúde mental traz no final links e contatos para entre cinco e nove diferentes entidades de ajuda a crianças e jovens – incluindo linhas telefônicas de apoio, organizações especializadas em distúrbios alimentares e autoagressão, e chats de apoio a crianças adotadas.
Estudo na Suécia relacionou saúde mental e redes sociais
No início deste ano, um estudo da Universidade de Lund, reproduzido por vários canais de mídia na Suécia, demonstrou que reduzir o uso das mídias sociais para apenas meia hora por dia produz um significativo efeito benéfico sobre jovens.
Participaram da pesquisa 170 pessoas entre 18 e 29 anos de idade, que mantinham o hábito de usar mídias sociais por cerca de duas horas diárias. O estudo foi conduzido por um período de três semanas.
Os jovens foram divididos em três grupos: o primeiro ficou restrito a usar as redes por apenas 30 minutos por dia, enquanto o segundo pôde usá-las de forma ilimitada, porém apenas de forma passiva, somente olhando os conteúdos publicados por outras pessoas.
O terceiro grupo, de controle, utilizou as plataformas sociais como de costume, sem mudar seus hábitos.
Os participantes dos dois primeiros grupos disseram ter notado um maior poder de foco e concentração em suas atividades diárias.
“Uma conclusão possível é de que, quando não publicamos conteúdo próprio, não nos preocupamos com as reações que eles causam em outros usuários. Mas mesmo ao usar as redes de forma passiva, mantêm-se os efeitos psicológicos negativos de fazermos comparações entre nós e os outros”, indica Martin Wolgast, professor de Psicologia da Universidade de Lund e um dos autores do estudo.
Escolas suecas debatem equilíbrio emocional
Nos últimos dez anos, o número de crianças e adolescentes suecos que tomam antidepressivos aumentou 190%.
O problema do equilíbrio emocional dos jovens tomou tal proporção que, segundo o noticiário sueco do início deste ano, 100 mil crianças e adolescentes esperam na fila por acesso ao serviço público de apoio psiquiátrico.
Entre diversas medidas em prol do bem-estar emocional, promovidas por diferentes organizações não-governamentais, estão ciclos de palestras em escolas suecas para debater o tema da saúde mental entre crianças e jovens.
De acordo com especialistas, a instabilidade emocional entre os estudantes aumenta a partir do ensino médio.
“Precisamos trabalhar para ampliar o conhecimento sobre o tema e reduzir o estigma em relação à saúde mental”, diz Eva Lövaker, da ONG Hjärnkoll.