MediaTalks em UOL

As fotos vencedoras do concurso Aurora Boreal do Capture The Atlas

Por Aldo de luca, MediaTalks, Londres

Fotos reproduzidas mediante autorização do Capture The Atlas e dos autores 

Difícil não se encantar ao ver uma foto da Aurora Boreal, fenômeno atmosférico que acontece nos pólos do planeta quando partículas vindas do sol colidem com o campo magnético da  Terra. Cenas de rara beleza, que fazem a alegria de fotógrafos amadores e profissionais. 

Para inspirar o fim do ano que se aproxima, trazemos aqui uma seleção de dez trabalhos feitos por fotógrafos de vários países, vencedores do concurso anual Northern Lights Photography, do blog de fotografia de viagens Capture The Atlas

A série é publicada sempre em dezembro para coincidir com a época da aurora boreal − que é mais visível entre setembro e março.  Os trabalhos foram produzidas em vários países por fotógrafos de diversas nacionalidades.  

Dan Zafra, fotógrafo e editor do Capture the Atlas, faz a curadoria das fotos ao longo do ano. Ele procura não apenas por imagens tiradas por fotógrafos renomados, mas também por novos talentos e por novos locais onde a aurora boreal não tenha sido fotografada antes. 

Bom, chega de papo e vamos ver as fotos, que é o que interessa, com descrições dos autores que expressam o impacto das imagens e a emoção que sentiram ao captá-las.  

Começamos com uma da Lapônia, terra do Papai Noel, em que além das luzes aparece uma casinha. Será que descobrimos sem querer o endereço do Bom Velhinho? 

 

Flames in the Sky, por Risto Leskinen

Esta imagem foi feita no Parque Nacional Pallas-Ylläs, na Lapônia finlandesa. Dados de satélite indicavam ventos solares fortes para a noite, e decidi dirigir até Pallas Fell, onde a paisagem era ideal, com neve fresca nas árvores. 

Eu geralmente me concentro em uma composição por noite, mas desta vez, a aurora foi excepcionalmente longa, cobrindo todo o céu, e eu consegui obter várias imagens com vários primeiros planos. Estava um frio de rachar, mas chamas como essas fazem você esquecer a temperatura”. 

 

 

Convergence, por Agnieszka Mrowka 

“Uma noite em setembro de 2020, reunindo as condições ideais para fotografar a Aurora Boreal. Tempo calmo, com a lua iluminando a geleira mais popular da Islândia. Uma noite extremamente pacífica, para jamais ser esquecida”. 

 

The Hunt’s Reward, por Ben Maze

“Tive a sorte imensa de testemunhar a aurora boreal no Hemisfério Sul duas vezes durante viagens de fotografia à Tasmânia. A imagem é resultado de uma combinação  fenômenos astronômicos que proporcionam as melhores condições astrofotográficas que se podem testemunhar na Austrália: o cenário do núcleo galáctico da Via Láctea, a luz zodiacal e, claro, a indescritível Aurora Australis. Para completar, uma exibição cintilante de bioluminescência oceânica adornava as ondas. 

Longe  da civilização por mais de um dia, meu colega fotógrafo Luke Tscharke e eu não tínhamos ideia de que a aurora aconteceria nessa noite. Mal podíamos conter nossa empolgação quando as luzes apareceram pela primeira vez.  Percebemos que estávamos no melhor lugar em todo o continente para testemunhar o show raro. 

As cores que nossas câmeras captaram foram incríveis. Em vez do verde clássico, a tela variava de amarelo e laranja a rosa e roxo. Quando capturei  imagens suficientes que me deixaram feliz, simplesmente fiquei ao lado da câmera com a cabeça inclinada para o céu, ocasionalmente girando minha mão na água cintilante aos meus pés. Sou eternamente grato por momentos na natureza como este que nos mostram as verdadeiras maravilhas do nosso planeta”. 

 

 

Antarctic Night, por Benjamin Eberhardt (editada por Martin Heck)

“Esta imagem, feita no Observatório IceCube Neutrino, no Pólo Sul,  mostra uma aurora forte e colorida e é parte de uma série longa de time lapse. Trata-se de um dos ambientes mais remotos e desafiadores para fotografar, extenuante tanto para os humanos quanto para a tecnologia.

Para obter fotos com lapso de tempo de 24h, você precisa de um pouco de criatividade para aquecer e isolar seu equipamento a fim de mantê-lo funcionando, e até mesmo girando, em temperaturas que variam de -80ºC (-112ºF). No meu caso, essa foi uma curva de aprendizado ao longo de vários meses, com muitas tentativas e erros e congelamento. Por outro lado, depois de enfrentar todos os desafios, você tem muitos motivos para se orgulhar de seus cliques.”

 

 

Gate to the North, por Filip Hrebenda

“Estava muito cansado depois de um longo dia viajando pela Islândia e fotografando o pôr do sol na parte Norte do país. Mas ao cair da noite os gráficos do índice KP saltaram para o número 6! Isso significava que eu não conseguiria dormir. Era a aurora perseguindo o tempo!

Depois de algumas horas de espera, Lady Aurora apareceu com um poder incrível. As condições de filmagem não foram fáceis. À noite, ventos de mais de 70 km/h começaram a soprar, tornando difícil captar longas exposições.

Para tirar essa foto, também tive que me certificar de que o tripé estava o mais firme possível. Apesar dos desafios, consegui fazer uma imagem muito especial da Aurora. Não importa o quão cansado você esteja. Quando ela aparece, a euforia sempre vence o cansaço!”

 

Turbulence, por John Weatherbye 

“A noite em que capturei essa imagem foi especial. Foi a segunda noite de um workshop na Islândia, com 10 pessoas em sua primeira visita ao país. 

A previsão era de tempestade solar e não nos decepcionou. Após o primeiro sinal verde no céu, o grupo decidiu concentrar-se nos destroços do  avião Sólheimasandur. Foi um trabalho em equipe. Conseguimos iluminar o avião por dentro com duas luzes LED coloridas que um participante trouxe. Ouvir os gritos do grupo no escuro ao ver uma aurora KP6 pela primeira vez foi algo de que lembrarei pelo resto da minha vida.

Eu adoro perseguir a Aurora Boreal porque é sempre uma experiência nova. Não existem duas auroras iguais. A emoção é a perseguição. Exige planejamento cuidadoso e sorte. Mas quando você consegue um show incrível, em uma noite clara e em um céu aberto, o tempo congela enquanto você olha para cima e clica,  totalmente pasmo.”

 

 

Natural Mystic, por  Virginia Yllera

“Era uma uma noite fria e com ventos fortes em novembro, que se transformou  em um dos momentos mais espetaculares que vivi perseguindo a Aurora Boreal. O vento frio, somado às gotículas vindas da cachoeira, faziam parte da aventura.

As condições para fotografar eram desafiadoras, pois eu precisava limpar constantemente a lente e me certificar de que a composição e a exposição estavam corretas. Finalmente, as luzes explodiram e todo o esforço valeu a pena.”

 

Hafragilsfoss Aurora, por Stefano Pellegrini

“Em minha última viagem à Islândia, em agosto passado, as condições climáticas eram muito ‘islandesas’: tempo nublado e chuvoso. Uma noite, depois de um pôr do sol em Dettifoss, olhei para o céu e vi algo verde. Não havia planejado uma sessão noturna naquele local, pois não tinha nada para fotografar. 

Dettifoss era uma área muito grande e cheia de nebulosidade para fotografar à noite. Então entrei no carro e procurei outros pontos. Meu destino final foi Hafragilsfoss, onde encontrei uma composição interessante. Assim que estava na posição certa, comecei com um shot de 4 minutos para o primeiro plano. Depois de um minuto, vi o céu explodindo. Rapidamente preparei minha câmera para capturar a aurora. Foi absolutamente de tirar o fôlego e um dos shows mais incríveis que eu já vi!”

 

 

Heavenly Dance, por Sergey Korolevhe 

Há vários anos fotografo paisagens e auroras boreais na Península de Kola, na Rússia, e ainda encontro novos ângulos. Achei esta praia de pedras na costa do Mar de Barents há alguns anos. Na época, fiquei hipnotizado pelo formato das pedras, que se moviam com o estrondo das ondas do mar, assim como pelas íngremes montanhas que se erguiam das águas.

Tentei fotografar a aurora desse local muitas vezes. Um dia tive sorte e capturei essa imagem. Ela é muito simples e consiste em duas fotos: uma exposição curta para congelar o movimento da Aurora no céu e outra exposição mais longa para as rochas.”

 

Aurora Eruption, por Tor-Ivar Næss

“Há alguns anos, percebi como sou mal-acostumado. Em uma noite qualquer de terça-feira, posso sair, se o tempo estiver bom, e capturar um dos fenômenos mais procurados do mundo: a Aurora Boreal.

Esta imagem foi feita nos majestosos Alpes Lyngen, cenário fantástico quando a Aurora Boreal aparece. Era uma noite clara em fevereiro. As luzes começaram a se mover muito lentamente,  aumentando. Ao olhar para o visor da câmera, percebi que a Aurora Boreal parecia que estava saindo da montanha. 

Graças ao luar vindo da esquerda (sul), a paisagem ficou bem iluminada e consegui um equilíbrio da exibição avassaladora da Aurora Boreal.”

 

 

De tirar o fôlego. E inspirador para quem gosta de fotografia e de conhecer lugares inóspitos.

Conhecer de perto a Aurora Boreal pode ser um bom plano de viagem para quando o pesadelo da pandemia acabar.  

 


Aldo De Luca,  Conselheiro e colaborador do MediaTalks byJ&Cia, é jornalista brasileiro radicado em Londres. Formado em Jornalismo pela UFF (Universidade Federal Fluminense), foi repórter especial do jornal O Globo em 1987 e 1988. Foi também fotógrafo do mesmo jornal. Fundou junto com Luciana Gurgel a agência Publicom, que se tornou uma das maiores empresas do setor no Brasil e em 2016 foi adquirida pela WeberShandwick (IPG Group).  Além de jornalista,  é Engenheiro pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Integra a  FPA (UK Foreign Press Association).


O conteúdo do MediaTalks pode ser reproduzido no todo ou em parte desde que citados a fonte e o autor. 

As fotos aqui expostas não podem ser reproduzidas sem autorização direta dos autores


 

Sair da versão mobile