MediaTalks em UOL

Vem aí o Facehouse? Os planos do Facebook para encarar o Clubhouse

Foto: William Krause/Unsplash

O aplicativo Clubhouse, a novidade mais badalada das redes sociais em tempos recentes, vai mesmo ter que enfrentar a concorrência da maior rede social do mundo. Coube ao jornalista americano Casey Newton, que edita sua própria newsletter sobre tecnologia, confirmar as especulações sobre os planos do Facebook para reagir ao sucesso do Clubhouse. 

Em um entrevista a Newton na segunda-feira (19/4), o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou planos de lançar nos próximos meses uma série de recursos de áudio para brigar de frente com a nova queridinha das redes sociais, das quais ele próprio se tornou membro em janeiro, sob o usuário “Zuck23”.

No embalo dos aplicativos de áudio que se tornaram cada vez mais populares durante a pandemia, o Facebook vai oferecer as Live Audio Rooms, uma versão do Clubhouse, permitindo que as pessoas ouçam e participem de conversas ao vivo.

Os novos recursos incluirão o Soundbites, que permitirá que os usuários criem e compartilhem clipes curtos de áudio. Também será possível ouvir podscats diretamente do aplicativo do Facebook.

Acabou a magia?

Não é um bom momento para a novata encarar tal concorrência. Pesquisas mostram depois de uma explosão de downloads que a entronizou como a novo queridinha das redes sociais, explorando bem o charme de ser acessível apenas a convidados,  a plataforma pode estar começando a perder sua magia, apesar de ter sido avaliada em US$ 4 bilhões. 

O aplicativo lançou a ideia de os usuários sintonizarem salas de áudio para ouvir discursos, palestras e conversas, de forma semelhante a uma conferência apenas de áudio.

Segundo a empresa de pesquisas Antropia,  os usuários ativos diários do Clubhouse caíram 53% desde o pico registrado em 27 de fevereiro. As taxas de download caíram em dois terços, de 6,9 ​​milhões em fevereiro para 2,5 milhões em março.   

Em abril, o monitoramento Sense Tower apontou  queda de 68% na quantidade downloads (foram 643 mil) em relação ao mês anterior.

Para complicar a situação, o Reddit anunciou também o Reddit Talk, sua versão do Clubhouse. E o Twitter criou o “Spaces”, projetado de maneira semelhante, como uma sala de bate-papo ao vivo apenas com áudio.

Facehouse

O rápido crescimento do Clubhouse demonstrou o potencial dos serviços de bate-papo com áudio, especialmente porque as pessoas ficaram em casa durante a pandemia de Covid-19. Um potencial que o Facebook pretende explorar, disse Zuckerberg:

“O áudio como meio permite discussões de forma mais longa e explorar ideias”, disse ele. “Você pode entrar em tópicos que francamente são muito mais difíceis de abordar com outras mídias. E o áudio, eu acho, é muito mais acessível porque você pode realizar várias tarefas enquanto ouve.”

O recurso que mais se assemelha ao Clubhouse são as salas de áudio ao vivo, um produto que permitirá que grupos de pessoas ouçam e interajam com alto-falantes em um “palco” virtual. Não foram dados detalhes de como o Facebook planeja moderar os canais de áudio.

Críticas aos concorrentes

Na entrevista, Zuckerberg disparou contra concorrentes, incluindo Twitter e Apple. Em particular, Zuckerberg criticou a Apple por sua política de obter até 30% de lucro sobre a venda de produtos em sua loja de aplicativos.

“Se a margem fosse menor, acho que isso permitiria que a economia crescesse mais rápido”, disse ele.

Zuckerberg tornou-se cada vez mais crítico em relação a seus concorrentes de tecnologia à medida que sua empresa passou a enfrentar riscos de regulamentações mais rigorosas.

Comportamento anticompetitivo

O lançamento de produtos que se parecem tanto com os dos concorrentes pode trazer mais riscos à empresa. Zuckerberg foi questionado recentemente por comportamento anticompetitivo em audiências antitruste, por copiar ou tentar adquirir concorrentes.

No ano passado, Zuckerberg admitiu ter copiado seus rivais, dizendo que o Facebook “certamente adaptou recursos que outros introduziram”.

Instagram Reels, lançado em 2020, é semelhante ao TikTok. Instagram Stories, recurso lançado em 2016, foi criticado como uma cópia do Snapchat.

Os críticos argumentam que o “empréstimo” de ideias da Big Tech pode sufocar a concorrência e inviabilizar a sobrevivência de empresas menores.

Defesa preventiva

Na entrevista a Casey Newton, Zuckerberg já se defende preventivamente, citando os momentos em que os produtos do Facebook foram replicados.

“Quando surge um novo meio, ele pode ser adaptado a muitas ideias”, disse ele. “Acho que os feeds eram assim inicialmente. Desde que criamos o feed de notícias em 2006, todos os produtos sociais passaram a ter um feed de notícias, mas nunca é a mesma coisa. O recurso toma a forma e o contexto em que está inserido.”

Como parte das novidades, Zuckerberg também disse que o Facebook estava trabalhando com o Spotify para tornar o compartilhamento de conteúdo mais fácil para músicos e ouvintes.

Leia também

https://mediatalks.com.br/2021/04/14/twitter-a-rede-mais-valiosa-para-os-jornalistas/

https://mediatalks.com.br/2021/04/14/conselho-supervisor-do-facebook-passa-a-decidir-sobre-remocao-de-conteudo/

Sair da versão mobile