A organização Press Emblem Campaign (PEC) divulgou na manhã de hoje (18) em Genebra um novo balanço de jornalistas mortos por  Covid-19 desde o início da pandemia. O Brasil, que liderava a contagem, foi ultrapassado pela Índia, onde até agora 200 profissionais de imprensa perderam a vida para a doença. No Brasil foram pelo menos 194 fatalidades desde março de 2020.

A notícia é revelada no mesmo dia em que a Índia registrou mais de 260 mil novas infecções, superando 25 milhões, e recorde de 4,329 mortes.

Apesar dos números devastadores da Índia e de outros países asiáticos, a América Latina segue como a região mais afetada, respondendo por mais da metade dos jornalistas mortos por coronavírus, com 739 vítimas dentre as 1.356 registradas em 76 países. A Press Emblem salientou que fora da Índia, os maiores crescimentos ocorreram nas últimas semanas na Colômbia, Argentina e Nepal.

Blaise Lempe/Press Emblem Campaign

O Secretário-Geral da entidade, Blaise Lempe, lamentou que a pandemia continue a devastar de forma mais severa a comunidade da mídia no Sul da Ásia e na América Latina, já que o número de mortos diminuiu em outros lugares. 

Em entrevista ao MediaTalks, ele criticou os programas de vacinação nos países em desenvolvimento, que acabam levando a mais mortes de jornalistas, e falou sobre o Brasil: 

“Os brasileiros pagam um alto preço pelas políticas incoerentes do Governo, é uma vergonha”. 

Lempe lamentou também o fato de muitos jornalistas em países latinos não estarem amparados por organizações e assim não se beneficiem das medidas de proteção. 

A entidade ressalta que o número total de vítimas é certamente maior, porque em alguns países não há informações confiáveis. Além disso, às vezes a causa da morte não é especificada ou sua morte não é anunciada e nem reportada à instituição.

A Press Emblem, que monitora violações à liberdade de imprensa, vem contabilizando as fatalidades desde o início da pandemia, com base em informações reportadas por entidades em vários países. 

O representante da PEC Índia, Nava Thakuria,  acha que em seu país o número real de jornalistas mortos pela Covid-19 é certamente maior, já que segundo ele muitos meios de comunicação locais evitam revelar vítimas entre os integrantes de suas equipes. 

Em março, quando a Press Emblem Campaign divulgou a morte do milésimo jornalista pela doença, Blaise Lempen chamara a atenção para a queda na idade média das vítimas.  Quase a metade dos profissionais de imprensa que morreram por Covid naquele mês tinha entre 40 e 60 anos.

Entre as regiões, a Ásia segue com 326 mortes, à frente da Europa 181, África (59) e América do Norte (50). Depois da Índia e do Brasil, o Peru tem o maior número de vítimas entre os jornalistas (161), à frente do México (109), Colômbia (61), Itália (55), Bangladesh (52), Estados Unidos (49), Equador (48), Grã-Bretanha (28), Argentina (27), República Dominicana (27), Paquistão (26), Turquia (25), Irã (21), Rússia (21), Venezuela (19), Panamá (16), Bolívia (16), Espanha (15) e Ucrânia (15). 

Dos 20 países com mais jornalistas mortos pela Covid-19, dez são da América Latina. 

 

Entidade pede prioridade para jornalistas 

A Press Emblem vem pedindo seguidamente que os jornalistas sejam tratados como trabalhadores essenciais, já que muitos estão na linha de frente, e assim recebam prioridade na fila da vacina. 

“A situação continua se deteriorando para a segurança e saúde dos jornalistas. É essencial que os profissionais da mídia de todas as idades tenham acesso rápido à vacinação para que possam trabalhar sem colocar suas vidas em risco”, disse Lempen. 

Em entrevista ao MediaTalks, Lempen afirmou que a demanda para que os jornalistas sejam priorizados é amplamente sustentada. 

Nos Estados Unidos, o Comitê Consultivo sobre Práticas de Imunização (ACIP) do Center for Disease Control (CDC) recomendou que a mídia fosse incluída na lista de “trabalhadores essenciais” que deveriam receber a vacina na Fase 1c. O pessoal da produção de jornais foi incluído na Fase 1b.

Os governos de Uganda, Somália, Zimbábue e Malaui, decidiram incluir jornalistas entre os primeiros grupos de pessoas na fila para a vacinação contra a Covid-19. Na Europa, jornalistas são considerados profissionais de linha de frente em muitos países como na Alemanha, Irlanda, Holanda e Noruega. A Sérvia também decidiu em janeiro vacinar os jornalistas e outros profissionais da mídia com prioridade.

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