Londres – A  Organização Meteorológica Mundial, OMM, atualizou nesta quinta-feira (27/5) as previsões para o aquecimento global. Segundo a entidade, há cerca de 40% de chance de a temperatura global média anual atingir um aumento temporário de 1,5° C em pelo menos um dos próximos cinco anos.  

Também existe uma probabilidade de 90% de pelo menos um ano entre 2021 e 2025 se tornar o mais quente já registrado, o que desalojaria 2016 do topo do ranking.   

Nesses anos, as regiões de alta latitude provavelmente serão mais úmidas e há uma chance maior de mais ciclones tropicais no Atlântico em comparação com o passado recente.  

Mas nem todos estão conscientes sobre os riscos, aumentando a responsabilidade do jornalismo ambiental.

Segundo a coalizão global de veículos de imprensa dedicada a aumentar a cobertura sobre o clima, a Covering Climate Now, apenas 26% dos americanos dizem que estão “alarmados” com a mudança climática. Os dados  são de uma pesquisa de opinião pública feita pelo  Projeto Yale sobre Comunicações sobre Mudanças Climáticas.

E somente 21% estão cientes de que existe um forte consenso científico sobre as causas e consequências das mudanças climáticas. Pior: apenas 22% dizem que se informam sobre as mudanças climáticas pelo menos uma vez por mês. 

A entidade recomenda que a imprensa adote o chamado “jornalismo de soluções”, que mais do que apresentar os problemas, aponte as saídas para governos, empresas e indivíduos colaborarem para reverter os efeitos das mudanças climáticas. 

Mais do que estatísticas

Em comunicado, o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas reforçou a importância de aumentar o conhecimento sobre o problema do aquecimento global, salientando que as previsões “são mais do que apenas estatísticas.” 

Segundo ele, “o aumento das temperaturas significa mais derretimento do gelo, níveis mais elevados do mar, mais ondas de calor e outras condições climáticas extremas e maiores impactos na segurança alimentar, saúde, meio ambiente e desenvolvimento sustentável.” 

O estudo mostra, com um alto nível de certeza científica, que o mundo se está aproximando da meta mais baixa definida no Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas. 

A chance de atingir temporariamente 1,5° C praticamente dobrou em comparação com as previsões do ano passado.  

Imagem: NOAA/Unsplash

Para Taalas, este “é mais um alerta de que o mundo precisa acelerar os compromissos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e alcançar a neutralidade de carbono.” 

A pesquisa também ressalta a necessidade de adaptação ao clima. Nesse momento, apenas metade dos 193 Estados-membros da OMM têm serviços de alerta precoce de última geração. 

O chefe da OMM disse que os países devem continuar apostando em serviços necessários na adaptação, como saúde, água, agricultura e energia renovável. Para Taalas, além de limitações em serviços de alerta precoce, existem graves lacunas nas observações do tempo, especialmente na África e nos estados insulares. 

Em 2020, um dos três anos mais quentes já registrados, a temperatura média global já ficou 1,2° C acima da linha de base pré-industrial.  

Nos próximos cinco anos, a temperatura global média anual deve ser pelo menos 1° C mais alta.  

O Acordo de Paris visa manter o aumento da temperatura global neste século bem abaixo de 2° C. Os compromissos nacionais, conhecidos como contribuições nacionalmente determinadas, estão atualmente muito aquém do que é necessário para atingir essa meta, segundo a ONU. 

Para a organização, o ano de 2021 e as negociações durante a Conferência do Clima, COP-26, que acontece em novembro, são uma das últimas oportunidade para evitar que as mudanças climáticas fiquem fora de controle. 

Combater o aquecimento global também está no topo da agenda da Cúpula dos Líderes do G-7, realizada no Reino Unido de 11 a 13 de junho. 

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