Londres − A organização Press Emblem Campaign anunciou nesta segunda-feira (7/6) em Genebra que o número de jornalistas mortos por Covid-19 ultrapassou a marca de 1.500 no mundo, chegando a 1.503. O mês de maio foi o mais mortífero para a mídia desde o início da pandemia, com mais de 200 perdas, média de sete por dia.
Os países com a maior quantidade de profissionais de imprensa vitimados pela Covid-19 são a Índia, com 246, e o Brasil, com 239, seguidos por Peru (163) e México (112). O levantamento registra jornalistas mortos pela pandemia em 77 países.
Depois dos quatro líderes com mais de 100 mortos, completam a lista dos dez países mais afetados: Colômbia (65), Itália (58), Bangladesh (53), Equador (51), Estados Unidos (49) e Irã (32).
América Latina concentra mais da metade das mortes por Covid-19
Com cinco países entre os dez mais afetados, a América Latina concentra mais da metade das mortes de jornalistas por Covid-19 em todo o mundo. Dos vinte países com maior número de mortes de jornalistas por Covid-19, dez são da região.
A Ásia é a segunda região mais afetada, com 27% das mortes, seguida pela Europa, com 13%.
As regiões que respondem pelo menor número de mortes de jornalistas pela doença são África (4%) e América do Norte (3%).
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Cinco jornalistas brasileiros mortos nos cinco primeiros dias de junho, um deles com 34 anos
Nos primeiros cinco dias de junho, o levantamento da Press Emblem Campaign registra as mortes de cinco jornalistas brasileiros por Covid-19 nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraíba e Ceará, além do Distrito Federal. O mais jovem deles tinha apenas 34 anos.
Trata-se de Willian Tofoli, radialista que conduzia o programa Mais 99 na rádio 99 FM da cidade paulista de Presidente Prudente, onde morreu em 1º de junho. Ele também era diretor de programação e locutor da Life FM de Adamantina.
Outro jornalista vitimado pela doença com pouca idade foi o também radialista Fábio Diniz. Ele era apresentador da rádio Arapuan FM, em Patos, no sertão paraibano, onde morreu em 4 de junho, aos 44 anos.
No dia 1º foram registrados os falecimentos de Flávio Costa, no Ceará, aos 70 anos, e de Fernando Lana, na capital mineira, aos 72 anos. Costa era o fundador e presidente da TV Jaguar, de Limoeiro do Norte, que transmite para os município do Vale do Jaguaribe. Lana passou por diversos veículos, entre eles O Estado de Minas, Diário do Comércio, Jornal de Minas e a TV Alterosa.
No dia 2 de junho, o levantamento registra a morte do jornalista Ribamar Oliveira, no Distrito Federal. Repórter especial e colunista do jornal Valor Econômico, teve uma carreira marcada por vários prêmios, entre eles um Esso de Economia pela reportagem O escândalo dos precatórios.
Trabalhou nas redações de O Globo, Jornal do Brasil, O Estado de S. Paulo, Veja e IstoÉ. Também atuou como assessor de imprensa do Banco Central e do Ministério do Planejamento.
Organização critica ineficiência da vacinação dos jornalistas
O secretário-geral da Press Emblem Campaign, Blaise Lempen, vem criticando há tempos os programas de vacinação nos países em desenvolvimento. A respeito do Brasil, ele declarou em entrevista ao MediaTalks:
“Os brasileiros pagam um alto preço pelas políticas incoerentes do Governo. É uma vergonha”.
Lempen lamentou também o fato de muitos jornalistas em países latinos não se beneficiarem das medidas necessárias para prestar com segurança seu serviço essencial à sociedade.
A entidade ressalta que o número total jornalistas mortos pela Covid-19 no mundo é certamente maior, porque em alguns países não há informações confiáveis.
Além disso, às vezes a causa da morte não é especificada ou sua morte não é anunciada e nem reportada à instituição, que vem realizando o levantamento com base nas informações reportadas pelas associações de classe dos diversos países.
Em março, quando a Press Emblem Campaign divulgou a morte do milésimo jornalista pela doença, Blaise Lempen chamou a atenção para a queda na idade média das vítimas. Quase a metade dos profissionais de imprensa que morreram por Covid naquele mês tinha entre 40 e 60 anos.
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