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Protestos violentos ajudaram a reduzir Índice de Paz Global em 2021; Brasil ocupa o 128º lugar na lista

Foto: Pete Linforth/ Pixabay

Londres – Protestos com violência aumentaram 10% em todo o mundo e contribuíram para a queda no Índice de Paz Global (GPI), segundo um estudo divulgado esta semana pelo Instituto da Paz Econômica. A ONG, sediada na Austrália, acompanha a situação da paz no em 163 paíes há 15 anos, com base em 23 indicadores públicos e pesquisas de organizações da sociedade civil. 

Os resultados deste ano, apresentados na última quinta-feira na Associação de Correspondentes Estrangeiros em Londres, mostram que o nível médio de paz global se deteriorou 0,07%. Esta é a nona deterioração da paz nos últimos treze anos, com 87 países melhorando e 73 registrando piora.  

O Brasil ficou em 128º no índice e perde apenas para o Afeganistão entre as nações cuja população tem mais medo da violência. 

O GPI 2021 revela um mundo em que os conflitos e crises que surgiram na última década começaram a diminui e foram substituídos por uma nova onda de tensão e incerteza ,como resultado da pandemia e tensões internas em muitas das grandes potências.

Embora algumas formas de violência tenham diminuído após a pandemia, devido a restrições ao movimento, o crescente mal-estar com os bloqueios e a incerteza econômica resultaram em aumento da agitação civil. Houve 14.871 manifestações violentas, protestos e motins globalmente em 2020. 

Mais de 5 mil eventos violentos relacionados à pandemia foram registrados entre janeiro de 2020 e abril de 2021 em 158 países.

Na Holanda, o governo impôs um toque de recolher que desencadeou distúrbios descritos como os piores em mais de 40 anos. Espanha, Itália, Alemanha e Irlanda também testemunharam violentas manifestações anti-lockdown, nas quais os manifestantes atiraram objetos contra a polícia, quebraram vitrines de lojas, incendiaram lixeiras e acenderam bombas de fumaça.

Nem todas as manifestações relacionadas com a pandemia tiveram motivação anti-bloqueio. Em alguns países, a percepção de uma resposta frouxa dos governos à pandemia tornou-se o gatilho para manifestações antigovernamentais.

O relatório afirma que a pandemia tem sido usada como pretexto para a repressão governamental e o terror político em alguns países. Rússia, Egito, Ugana, Quênia, Índia, Etiópia e África do Sul são citados como países em que ativistas, médicos, jornalistas e políticos de oposição foram atacados e até mortos por forças militares e policiais. 

Democracias imperfeitas

O estudo conclui que existem diferenças significativas nas percepções de segurança entre os diferentes tipos de governo. Utilizando as definições delaboradas pela Economist Intelligence Unit (EIU), o estudo demonstra que o medo da violência é maior nos países classificados como democracias imperfeitas, como no caso de Brasil, México e África do Sul.

As democracias imperfeitas são caracterizadas por eleições livres e justas, pelo respeito às liberdades civis básicas, mas onde pode haver fraquezas em áreas como problemas governança, participação política ou violação da liberdade de imprensa.

Cerca de 42% das pessoas que vivem em democracias imperfeitas relatam preocupação em serem vítimas de crimes violentos, enquanto esse índice cai para 31% nas democracias plenas.

O sentimento de segurança também diminuiu mais nas democracias imperfeitas, com 34% das pessoas revelando sentirem-se menos seguras nos últimos cinco anos, enquanto nas democracias plenas esse percentual permaneceu estável, com 58% relatando que se sentiram tão seguras quanto cinco anos antes.

Brasileiros são os mais preocupados com a violência

A alta percepção do risco de ser vítima da violência faz com que os brasileiros sejam os mais preocupados do mundo com o tema. Mais de oito em cada dez brasileiros disseram estar muito preocupados de serem vítimas de algum tipo de violência em sua vida diária. E o pior: esse índice engloba 95% dos brasileiros quando se considera os pouco ou muito preocupados em sofrer violência.

Os percentuais são bem maiores do que a média global. No mundo, pouco mais de seis em cada dez pessoas mostraram-se preocupadas em sofrer danos graves decorrentes de crimes violentos no futuro.

Mais de 40% dos brasileiros sofreram ou conhecem quem sofreu violência

Na maioria dos países, existe uma forte correlação entre sentir-se inseguro e ter sido vítima ou conhecer quem tenha sido vítima de violência. Mais de 40% dos brasileiros relatam uma experiência de violência nos últimos dois anos. O índice é mais que o dobro da média global (18%) e bem superior à média dos países sul-americanos (29%).

Apesar de a maioria das pessoas temer sofrer danos de crimes violentos, quase 75% das pessoas em todo o mundo sentem-se tão ou mais seguras hoje do que há cinco anos.Mas esse índice cai drasticamente na América do Sul, que teve o pior resultado das noves regiões pesquisadas e onde a maioria sente-se menos segura do que há cinco anos.

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