Londres – A perseguição da administração de Hong Kong, sob o comando do governo chinês, ao jornal pró-democracia Apple Daily não cessou após o encerramento das atividades do jornal. Na noite de domingo (27/6) a polícia local prendeu no aeroporto o ex-editor de opinião da versão em inglês do veículo, Fung Wai-kong, que tentava deixar a cidade rumo ao Reino Unido.
O dono do Apple Daily, o magnata da mídia Jimmy Lai, com patrimônio estimado em US$ 1 bilhão, cumpre desde abril uma sentença de três anos. Ele foi condenado sob a Lei de Segurança Nacional imposta por Pequim depois dos protestos que começaram em 2019.
Mesmo com a prisão de seu dono e congelamento de ativos pessoais, o jornal continuou desafiando as autoridades locais, até que no dia 17 de junho a polícia invadiu a redação e prendeu cinco profissionais, incluindo o editor-chefe. A Justiça congelou os ativos do Apple Daily, que foi obrigado a suspender a impressão do jornal e atualização do site menos de uma semana depois.
A notícia da nova prisão, sob pretexto de colocar em risco a segurança nacional por forças estrangeiras, foi revelada por outro jornal pró-democracia, o Stand News, que continua funcionando, mas já anunciou a retirada de artigos de opinião do site.
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As medidas foram tomadas para proteger os apoiadores do veículo, articulistas e a equipe editorial na “inquisição literária” de Hong Kong, disse o jornal em um comunicado.
A Associação de Jornalistas divulgou um comunicado afirmando que a série de incidentes ocorridos nos últimos dias prejudicou quase completamente a liberdade de imprensa em Hong Kong.
“Reiteramos que a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa são valores fundamentais de Hong Kong”, disse o órgão. “Se nem mesmo a escrita pode ser tolerada, será difícil para Hong Kong ser considerada uma cidade internacional.”
Sob risco, Stand News deixa de vender assinaturas
Diante das pressões, seis diretores do Stand News também renunciaram, incluindo a ex-legisladora Margaret Ng e a celebridade Denise Ho, ambas proeminentes figuras pró-democracia.
O jornal anunciou que deixaria de vender assinaturas e não aceitaria mais dinheiro de doadores ou assinantes, pelo risco de os recursos serem desperdiçados.
A Lei de Segurança Nacional permite que contas e ativos da mídia sejam congelados se autoridades acreditarem que os fundos estão relacionados ao crime, como ocorreu com o Apple Daily.
“Temos dinheiro suficiente para funcionar por mais nove a 12 meses”, disse o veículo. Na edição online, o Stand News publicou a notícia da prisão de Fung Wai-kong.
Novo comissário pede lei contra notícias falsas
As ações da polícia contra o Apple Daily geraram indignação internacional e acusações de que as autoridades estavam usando a Lei de Segurança Nacional para sufocar a liberdade de imprensa. O governo e a polícia negaram as acusações.
No domingo, o comissário de polícia, Raymond Siu, que foi nomeado para o cargo depois que seu antecessor foi promovido na sexta-feira, pediu uma lei contra “notícias falsas” e culpou a mídia por diminuir os níveis de confiança na força policial.
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