Bem antes dos tempos de redes sociais, um personagem entrou para a história dos Estados Unidos como um dos líderes mais carismáticos e com mais seguidores de todos os tempos: Billy Graham, um evangelista que se tornou tão influente a ponto de virar conselheiro de vários presidentes do país.
A Public Broadcasting Service, rede de televisão educativa dos Estados Unidos, lançou em maio de 2021 o documentário Billy Graham: Oração, Política, Poder.
O programa, com duas horas de duração, mostra a vida, a carreira e o legado do líder, com imagens e depoimentos de historiadores, jornalistas e do próprio Graham.
Para quem não tem acesso ao canal ou tem acesso regional restrito às plataformas onde ele está disponível (ITunes e Amazon), um compacto da produção e alguns traillers dão a ideia do impacto de Graham e de sua capacidade de hipnotizar multidões.
Em uma entrevista em que é perguntado sobre o que tinha e que outros pastores não tinham, a resposta é “não sei, fico tão surpreso com isso quanto qualquer outra pessoa”.
Ele atribuiu a capacidade a um dom divino.
Grahan pregou em mais de 185 países
Billy Graham nasceu na Carolina do Norte, estudou em colégio católico e começou a ser pastor ainda na faculdade, onde se formou em Teologia.
Mas antes de se dedicar à pregação religiosa, vendia escovas de limpeza. E já demonstrava a sua capacidade de oratória e de convencimento.
A fama começa a surgir após sua ida para Los Angeles, onde ele pregou para estádios lotados. Em 1950, fundou a Associação Evangelista Billy Graham.
Segundo a associação que leva seu nome, Graham evangelizou em ao menos 185 países do mundo e converteu mais de 3 milhões de pessoas, em grandes eventos chamados “cruzadas”.
O filme mostra sua ligação com os presidentes americanos e com o poder. Entre os episódios mais marcantes de sua ligação com presidentes está uma ida à Casa Branca para rezar para o presidente Harry Truman. Historiadores e biógrafos falam da associação da religião com a polarização política.
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Entre os presidentes dos quais se tornou próximo está Richard Nixon, com quem chegou a desfilar em carro aberto.
Símbolo conservador, pastor se tornou influenciador de presidentes
Andrew Dole, professor de religião do Amherst College, disse em um artigo sobre o líder religioso no portal The Conversation que Graham foi considerado como “aquele que reviveria o Evangelismo”, conduzindo-o para uma nova versão, mais moderna, livre de visões fundamentalistas:
“Com o passar do tempo, ele se tornaria próximo a um porta-voz oficial do movimento.”
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Já David Mislin, professor-assistente de patrimônio intelectual na Temple University, destaca no artigo do The Conversation que o pastor foi um dos maiores responsáveis pela penetração da religião na linguagem política americana.
Graças a Graham, o presidente Dwight Eisenhower realizou em 1953 a primeira edição do Café da Manhã de Oração Nacional, evento que é hoje tradição em Washington, reunindo membros das elites política, social e empresarial americana para orarem juntos.
Graham criticou integração dos negros nos EUA e atacou Obama
O pastor foi também reacionário. Durante as transformações socioculturais que ocorreram nos anos 1970 e 1980 nos EUA, iniciativas como a integração racial em escolas foram chamadas por Graham de “sinais de um país em decadência”.
Antes da reeleição de Barack Obama, o religioso dizia que “a liderança de Obama levaria à fúria de Deus” e que era algo que “distanciava as pessoas dos ideais cristãos rumo à imoralidade”.
Billy Graham morreu em fevereiro de 2018, aos 99 anos.
Diversos presidentes americanos prestaram suas homenagens a ele, como Donald Trump, George H. W. Bush, George W. Bush e até Barack Obama.
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