Ramon Espinosa, fotógrafo espanhol que trabalha há 21 anos na agência Associated Press (AP), foi agredido e ferido durante os protestos que tomaram a ilha de Cuba durante o fim de semana. Imagens divulgadas em redes sociais mostram o momento em que o repórter fotográfico é segurado por forças de segurança, e posteriormente seu rosto coberto de sangue.

Espinosa teve o nariz quebrado e um dos olhos ferido, relata a agência. O Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ), registrou o caso e afirmou ter evidências críveis de desligamentos da internet no país.

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O chefe da sucursal da AP em Havana, Michel Weissenstein, publicou em sua conta no Twitter as imagens do fotógrafo sendo abordado e posteriormente ferido. Ele escreveu:

“O fotógrafo da AP Ramón Espinosa cobriu a cobertura dos protestos de hoje em Havana. Seja qual for a sua opinião sobre as notícias, os civilizados condenam quando os jornalistas se ferem ao documentá-las.”

 

As imagens foram feitas por outro profissional da AP, Adalberto Roque. A agência registrou ainda que um de seus cinegrafistas teve a câmera de vídeo destruída.

Protestos na ilha são considerados os maiores desde os anos 1990

Cuba passou no fim de semana pelo que a imprensa internacional está classificando como a maior onda de protestos no país desde os anos 1990, quando houve a queda da União Soviética, o que veio a originar a “crise dos barqueiros”, com milhares de cubanos se lançando ao mar em direção aos Estados Unidos (EUA), principalmente.

Segundo o jornal El País relata, os cubanos saíram às ruas para protestar contra “a mistura explosiva” da carência de alimentos e da falta de vacinas contra a covid-19. Cuba manteve a pandemia sob controle em 2020, mas vive um período de agravamento. O país produz uma vacina própria, mas há informações de uma distribuição precária.

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Centenas de cubanos começaram a protestar no domingo nas cidades de San Antonio de los Baños, perto de Havana, e Palma Soriano, em Santiago, uma faísca que mais tarde se espalhou por todo o país, adiciona o El País.

A crise econômica que a ilha sofre há anos foi agravada pela pandemia que afetou gravemente o setor do turismo.

EUA apoiam manifestações, mas não aliviam sanções

O presidente dos EUA, Joe Biden, se manifestou nesta segunda-feira (12/7) sobre o ocorrido:

“Estamos ao lado do povo cubano em sua defesa corajosa de seus direitos fundamentais e universais, e em todos eles clamam por liberdade e alívio das trágicas garras da pandemia e das décadas de repressão e sofrimento econômico.”

Desde que assumiu a Casa Branca em janeiro, o novo presidente americano não modificou ou derrubou nenhuma das sanções impostas pelo governo do antecessor, Donald Trump. O bloqueio econômico foi apontado como um empecilho à vacinação contra Covid-19 em Cuba, uma vez que dificulta a compra de seringas pelo país.

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