Um raio-X da mídia mexicana revelou que as empresas de comunicação no país ainda engatinham quando o assunto é cobrar pelo acesso a conteúdo. Contudo, apesar das assinaturas ainda serem uma realidade para 10% das publicações, a maioria consultada pretende instalar em breve algum sistema de pagamento por parte dos leitores.
Durante o mês de março de 2021, WAN-IFRA (Associação Mundial de Jornais) e o centro universitário Tecnológico de Monterrey, com o apoio do Facebook Journalism Project, ouviram 51 empresas de mídia nacional e regional no México.
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“O que os meios de comunicação pesquisados diferem em relação aos seus pares internacionais está na implementação de cobrança por conteúdo (acesso pago, associação, assinatura), recurso avançado no mundo, com quase nenhum desenvolvimento no México”, afirma o estudo.
Mudar o modelo de negócio já
Entre os consultados, 91% da mídia digital mexicana e 79% da mídia regional não operava modelos de cobrança no momento da pesquisa, mas 80% das empresas trabalha para incorporar a receita por leitor.
“Este trabalho contribui para um melhor entendimento da indústria jornalística mexicana, a maior indústria de língua espanhola do mundo”, destaca Rodrigo Bonilla, diretor para as Américas da WAN-IFRA. “A pesquisa traz dados muito valiosos que revelam que a imprensa regional do país está à beira de uma mudança drástica em seu modelo de negócios, com foco nas novas receitas digitais, e tem consciência da urgência”, afirma.
A pesquisa ainda revelou que o país possui redações equilibradas em relação a paridade de gênero, com predominância de jornalistas jovens. Subindo a hierarquia, a presença de mulheres tende a diminuir.
Argentina e Brasil são líderes latinos em assinaturas digitais
No contexto mundial, jornais americanos são os líderes em arrecadação. Na América Latina, os argentinos Clarín (350 mil assinaturas) e La Nación (345 mil) estão à frente dos brasileiros Folha de S.Paulo (291 mil), O Globo (254 mil) e Estado de S. Paulo (196 mil).
Líder, o The New York Times acumula 7 milhões de assinaturas, afirmam dados da WAN-IFRA.
A investigação revelou que a mídia no México está procurando ajustar o modelo de negócios. Considerada a tendência de cobrar pelo acesso, as publicações mexicanas sinalizaram a necessidade de mudar a estratégia de faturamento nos próximos três anos: 85% por cento responderam que era total ou muito necessário fazê-lo.
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Publicidade impressa despenca, e digital cresce
No México, mostra a pesquisa, a publicidade continua sendo a principal fonte de renda para a mídia. Porém soluções com publicidade programática (anúncios em plataformas como Google e outros), assinaturas, eventos e branded content começam a ser abordadas.
Os meios de comunicação regionais lideram em publicidade programática: 37% da mídia regional recebe 50% ou mais de sua receita de anúncios online, ante 28% de mídia digital que recebe o mesmo percentual deste tipo de fonte.
No total, a publicidade programática é responsável por 10% ou menos do total da publicidade digital no país.
A publicidade digital cresce como fonte de renda, segundo as empresas consultadas, enquanto a modalidade impressa apresenta números negativos.
Os veículos locais também apresentam uma receita maior vinda dos leitores comparada à da mídia digital mexicana. Contudo, uma fatia maior da imprensa online (53% contra 32%) considera o seu modelo de negócio “muito sustentável” nos próximos anos.
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Aumentar fontes de receita fez subir lucro do grupo The Economist
O grupo The Economist, no Reino Unido é um exemplo positivo de diversificação de receitas durante a pandemia, reportando recentemente queda de 3% na receita, porém um lucro 27% superior ao de 2019.
Além do jornalismo, cujo carro-chefe é a revista financeira The Economist, o grupo tem divisões de eventos, consultoria e educação executiva. A receita total alcançou £ 310.3 milhões (cerca de R$ 2,1 bilhões). O lucro operacional foi de £ 41,8 milhões (cerca de R$ 292 milhões).
As assinaturas cresceram mais de um quarto, com a incorporação de 90 mil novos assinantes, um crescimento de 9%, elevando o total para 1,1 milhão de leitores pagantes. A maioria das novas assinaturas foi para produtos digitais.
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Mídia em transição – os números do México
- 80% dos meios de comunicação pesquisados pretende adotar modelo de conteúdo pago nos próximos três anos.
- 85% dos entrevistados consideram que sua empresa precisa de uma mudança em seu modelo de negócios nos próximos três anos.
- As redações contam com equipes jovens, com paridade entre homens e mulheres. No entanto, no nível de gestão editorial, a paridade é menor.
- 43% da mídia não possui equipe dedicada à análise de métricas ou inteligência de dados.
- Segundo os entrevistados, a falta de talentos especializados e a impossibilidade de oferecer salários competitivos estão entre os principais entraves à sua transformação digital.
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