MediaTalks em UOL

Tribunal do Equador revoga cidadania concedida a Assange durante asilo em embaixada

Julian Assange com Ricardo Patiño, chanceler do governo Rafael Correa, em 2012. (Xavier Granja Cedeño / Ministerio de Relaciones Exteriores / sob licença CC BY-SA 2.0)

Londres – Preso em uma cadeia de segurança máxima em Londres enquanto aguarda nova decisão judicial sobre a sua extradição para os Estados Unidos, Julian Assange teve sua cidadania equatoriana revogada nesta terça-feira (27/7). 

Um tribunal em Quito considerou que houve irregularidades no processo de naturalização do fundador do Wikileaks, incluindo o uso de diferentes assinaturas, possíveis alterações de documentos, falta de pagamento de taxas e não residência no país

Leia também: Companheira de Assange recusa proposta dos EUA de autorizá-lo a cumprir pena na Austrália

O tribunal também classificou a entrevista de Assange para obter a cidadania como “indevida e ilegal”. Seu advogado, Carlos Poveda, disse que vai pedir a anulação da decisão.

Ativista passou sete anos refugiado em embaixada do Equador

Assange passou sete anos refugiado na Embaixada do Equador em Londres para evitar a extradição para a Suécia, onde respondia a processo por crimes sexuais (o país retirou as acusações em 2019), e depois para os Estados Unidos, pelo vazamento de documentos confidenciais por meio do site Wikileaks. 

O ativista recebeu asilo do Equador durante o governo do presidente Rafael Correa (2007-2017).

Hospedado na representação diplomática, Assange ficou confinado em uma sala transformada em moradia. Lá ele recebia advogados, e acabou tendo dois filhos com sua atual companheira, a advogada Stella Moris, que se tornou a principal mobilizadora por sua libertação. 

Leia também: Julian Assange faz 50 anos; protestos pelo mundo pedem libertação

A concessão de cidadania era parte de um plano para nomeá-lo diplomata e usar a imunidade que o status confere para tirá-lo da embaixada. Mas o Reino Unido recusou-se a registrar Assange como parte do corpo diplomático equatoriano.

A estilista Vivienne Westwood em protesto em Londres, destruindo o bolo de aniversário para simbolizar o que o Estado está fazendo com Assange. (Reprodução/Twitter)
Governo Moreno autorizou Reino Unido a prender Assange

Os ventos começaram a mudar depois da posse de Lenín Moreno na presidência do Equador, em 2017. O desconforto com a presença do ativista na embaixada foi crescendo, até que em abril de 2019 o país autorizou a polícia britânica a prender o fundador do Wikileaks. 

Em entrevista ao jornal The Guardian, Moreno disse na época que Assange tentou usar a embaixada como um “centro de espionagem”.

O presidente disse que a entrega do ativista não era uma vingança contra o vazamento pelo Wikileaks de informações sobre uma empresa offshore de seu irmão e de fotos pessoais de sua família. Moreno afirmou que as atividades na embaixada violavam as condições de asilo conforme as leis internacionais. 

Assange é cidadão australiano, e uma das opções, caso condenado nos Estados Unidos, seria cumprir pena em seu país natal. Mas Stella Moris não aceitou a oferta dos Estados Unidos, mantendo-se firme na campanha para a retirada das acusações contra ele. 

Leia também 

Família Bolsonaro intensificou ataques à imprensa em 2021, mostra relatório da RSF

Sair da versão mobile