Seguindo a aposta de redes como Facebook e Reddit, o Twitter anunciou na quarta-feira (9/9) o recurso Comunidades, que cria grupos de pessoas com interesses em comum. A ferramenta ainda está em fase de testes, lançada para grupos de usuários das versões web e celulares iOS, da Apple.

Ao receber o convite, qualquer pessoa pode utilizar o recurso, mas apenas contas com o inglês como língua padrão podem administrar os grupos. É preciso ter uma conta pública para utilizar a ferramenta. “Imagine uma timeline onde todo mundo te entende?”, provoca a rede social.

Uma vez dentro de uma comunidade, os usuários passam a escolher se postam para todos os seus seguidores ou apenas para os integrantes de determinado grupo.

Somente membros da mesma comunidade podem responder os tweets, que ficam visíveis também para usuários que não pertencem ao grupo, o que alimenta a busca por comunidades dentro do Twitter. Qualquer usuário pode ler, citar ou denunciar um tweet de uma comunidade.

No novo recurso, moderadores escolhidos pelo Twitter têm um número ilimitado de convites, enquanto membros podem enviar até cinco convites via mensagem direta. Os telefones Android devem receber a novidade em breve, afirma a rede social. 

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Com novo recurso, Twitter tenta manter usuário mais tempo dentro da rede social

Com os grupos temáticos, o Twitter busca reter o usuário que não encontraria tweets ou contas relevantes para seguir conectado à rede social. A empresa já vem investindo em tópicos de recomendação (chamados de “talvez você curta”), sugerindo tweets relacionados a times de futebol, entre outros assuntos, para o usuário seguir novos perfis e se manter engajado nas conversas.

Segundo o jornalista Casey Newton, do site Platformer, que entrou para uma comunidade de NFTs (memes, vídeos e outros produtos digitais negociados com certificados de autenticidade), “a conversa ali era notável por sua simpatia: um artista anunciou que distribuiria alguns NFTs que ele criou gratuitamente para qualquer pessoa que pedisse pelos próximos 10 minutos, e a comunidade respondeu com uma alegria que eu não vi em minha timeline na última década”.

O Twitter sinalizou que estava trabalhando em comunidades em fevereiro, segundo o site The Verge, durante uma apresentação para investidores nos Estados Unidos (EUA), dizendo que seu objetivo era tornar “mais fácil para as pessoas formarem, descobrirem e participarem de conversas mais direcionadas às comunidades ou geografias relevantes em que estão interessadas.”

O comentário sinaliza uma intenção de deixar o Twitter com uma “cara” mais local, como acontece com grupos regionais do Facebook de venda de usados, notícias de bairro ou aluguéis, ou ainda, nos EUA, com a rede Nextdoor, focada em engajamento regional.

Redes passam por estagnação de crescimento e tentam reagir ao TikTok

As iniciativas para aumentar o engajamento em plataformas com Facebook e Twitter mostram uma reação à ascensão do TikTok, que em 2021 se firmou como sendo o app baixado de 2020, e ultrapassando o gigante de vídeos YouTube em tempo médio de visualizações dos usuários nos EUA e Reino Unido , de acordo com dados da consultoria App Annie para mercado mobile.

Em abril, números do Pew Ressearch Center nos EUA mostraram um bloco estagnado em termos de crescimento, juntando Facebook, Twitter, Instagram e WhatsApp em uma constante no que diz respeito ao crescimento do número de usuários.

A exceção é o YouTube, que entre 2018 e 2021 aumentou sua fatia do mercado americano de 73% para 81% da população ativa na internet.

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O Facebook segue como a segunda rede mais usada pelos americanos, com 69%. Porém, o crescimento do aplicativo não aumentou nem diminuiu nos últimos cinco anos. Na última pesquisa sobre o tema, há dois anos, o Facebook também era usado por 69% dos participantes.

Da mesma forma, a quantidade de americanos que usam Instagram, Pinterest, LinkedIn, Snapchat, Twitter e WhatsApp está estatisticamente inalterada desde 2019. O Instagram cresceu um pouco mais nos últimos três anos, ganhando 5 pontos percentuais e chegando a 40%. 

O WhatsApp também ficou praticamente estável em três anos e é usado por 23% dos entrevistados no país. No Brasil, segundo o Digital News Report 2020 do Instituto Reuters, a penetração do serviço é de 83%.

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Twitter aposta em novo recurso para turbinar segmentos populares na rede

No Comunidades, os moderadores criam as regras, escolhem o foco/tema principal, e podem convidar pessoas para fazer parte do grupo. Eles podem também chamar outras pessoas para moderar o espaço.

As comunidades iniciais abordam temas que sempre estão em alta no Twitter, como cachorros, clima, tênis, cuidados com a pele e astrologia.

Em comunicado, a rede social destacou que “sempre houve uma variedade ampla, estranha e maravilhosa de conversas no Twitter, mas não fizemos o suficiente para ajudar a conectar pessoas que gostam das mesmas coisas. E agora, isso está mudando”.

Este é o segundo recurso lançado em setembro pelo Twitter. No começo do mês, a rede social anunciou o recurso Safety Mode, que pretende bloquear comentários e mensagens diretas consideradas assédio virtual ao usuário.

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