Os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos tiveram efeito decisivo sobre a opinião dos americanos a respeito dos muçulmanos, por terem sido praticados por membros da organização Al Qaeda. E o efeito não se dissipou com o tempo.  

Em uma análise de diversas pesquisas de opinião realizadas nos últimos anos, o instituto americano Pew Research Center constatou que a desconfiança vem crescendo, sobretudo entre os eleitores do Partido Republicano. Elas também revelam um número cada vez maior de pessoas dizendo que sofreram discriminação pessoalmente.

A mais recente sondagem, feita em agosto de 2021, apontou que a metade dos americanos acha que os islâmicos são mais propensos do que pessoas de outras religiões a encorajar a violência. Entre os que votam no Partido Republicano, a taxa é de 78%, e entre os democratas cai para 32%. 

“Islã é paz”

A preocupação com a percepção negativa em relação aos muçulmanos foi imediata, e entrou no radar do governo americano. Logo após o atentado, o então presidente George W. Bush fez um discurso no Centro Islâmico em Washington, no qual declarou: “Islã é paz”.

Por um breve período, uma grande parcela dos americanos concordou. Em novembro de 2001, 59% dos adultos norte-americanos tinham uma visão favorável dos muçulmanos americanos, ante 45% em março de 2001, com maiorias comparáveis de democratas e republicanos expressando uma opinião favorável.

Este espírito de unidade e cortesia não duraria. Em uma pesquisa de setembro de 2001 feita pelo Pew Center, 28% dos adultos disseram ter ficado mais desconfiados das pessoas de ascendência do Oriente Médio, taxa que cresceu para 36% menos de um ano depois.


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Os republicanos, em particular, passaram a associar cada vez mais os muçulmanos e o islamismo à violência. Em 2002, apenas um quarto dos americanos – dos quais 32% dos republicanos e 23%  democratas – disse que o Islã tinha mais probabilidade do que outras religiões de encorajar a violência entre seus fiéis. Cerca de duas vezes mais (51%) discordaram. 

A lacuna partidária nas visões sobre os muçulmanos e sobre o islamismo nos Estados Unidos fica evidente em várias pesquisas. Uma delas, de 2017, revelou que metade dos adultos dos EUA disse que “o Islã não faz parte da sociedade americana dominante” – uma visão defendida por quase sete em cada dez republicanos (68%), mas apenas 37% dos democratas. 

Em uma pesquisa separada realizada em 2017, 56% dos republicanos disseram que havia muito ou uma quantidade razoável de extremismo entre os muçulmanos dos EUA, com menos da metade dos democratas (22%) dizendo o mesmo.

Os praticantes da religião islâmica representam cerca de 1% da população americana, segundo censo feito em 2020 pelo Public Religion Research Institute. Sete em cada dez americanos se identificam como cristãos. Quase um em cada quatro americanos (23%) não é religioso e 5% se identifica com religiões não cristãs, como o islamismo, o judaísmo, o budismo e o hinduísmo. 

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