As jornalistas Flavia Mantovani, da Folha de S.Paulo, e Katherine Stanley Obando, do El Colectivo (Costa Rica), foram as vencedoras da edição 2021 da Bolsa Rosalynn Carter para Jornalismo em Saúde Mental. 

Elas receberão US$ 5.000 cada, para a realização de reportagens sobre problemas que causam impacto sobre a saúde mental de populações da América Latina.

Mantovani vai produzir uma reportagem multimídia sobre a deterioração da saúde mental e das condições sociais de venezuelanos que migraram para o Brasil durante a pandemia da Covid-19. “Como eu sou especializada na cobertura de migrações, quero unir a temática da bolsa a essa área e abordar o impacto do deslocamento forçado para a saúde mental dos refugiados”, conta a jornalista, em conversa com o MediaTalks. 

Os selecionados terão ainda treinamento virtual pelo Carter Center, que fica no estado americano de Atlanta. O centro é uma organização sem fins lucrativos fundada em 1982 pelo ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter e sua esposa, Rosalynn Carter.

“O fellowship abriu recentemente para jornalistas brasileiros, acho que vale muito a pena os colegas se inscreverem nos próximos. Tem um treinamento em Atlanta, que neste ano está sendo remoto por causa da pandemia. Está acontecendo nesta semana e estou achando muito inspirador!”, comentou Mantovani.

A repórter trabalha na seção internacional da Folha e é especializada em migração e direitos humanos. Já passou pelo portal G1, revista Capital, da Espanha, e foi editora da revista Sunday e do caderno Ciência e Saúde, também na Folha.

Bolsa Rosalynn Carter

Em sua nona edição, a bolsa Rosalynn Carter de Jornalismo em Saúde Mental é concedida anualmente pelo Carter Center e pela Universidade de La Sabana em associação com a Fundação Gabo. O objetivo é incentivar a produção de reportagens investigativas sobre saúde mental. 

A edição de 2021 recebeu 60 inscrições. O administrador da bolsa e professor da Universidade de La Sabana, Victor Garcia falou:

“Foi particularmente difícil escolher os vencedores deste ano pela qualidade das propostas que recebemos e porque a saúde mental como um problema médico e social se expandiu a limites insuspeitados durante a extensa pandemia que a região e o mundo enfrentam.

Vemos uma preocupação crescente dos jornalistas em investigar questões relacionadas ao hiato de desigualdade que afeta mais duramente as populações vulneráveis.”

Bolsa para jornalistas é trabalho conjunto entre instituições dos EUA e Colômbia

O conteúdo da bolsa será administrado por uma equipe interdisciplinar formada pelas Faculdades de Comunicação e de Medicina da Universidade de La Sabana, na Colômbia.

As duas jornalistas selecionadas terão um ano para realizar o trabalho.  

Treinamentos e recursos online serão oferecidos pelo Carter Center, e as bolsistas serão acompanhadas por especialistas em assuntos relacionados a jornalismo e saúde mental da Universidade de La Sabana, além de assessoria de especialistas em saúde.

Deste a criação da Bolsa Rosalynn Carter, em 1996, jornalistas dos Estados Unidos, Romênia, África do Sul, Nova Zelândia e Colômbia  já produziram mais de 1.5 mil matérias, documentários, livros e outros trabalhos jornalísticos.

Seus projetos já ganharam vários prêmios Emmy, tiveram indicações ao Pulitzer e receberam o reconhecimento de instituições como Mental Health America, American Psychoanalystic Association e Anistia Internacional. 

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Jornalista da Costa Rica vai abordar o estigma da saúde mental na população rural

Katherine Stanley Obando, a outra selecionada para a bolsa deste ano, trabalha no El 506 Colective, da Costa Rica. Seu tema será sobre soluções de jornalismo e redes comunitárias em ação para melhorar a saúde mental e reduzir o trauma e o estigma na população rural da Costa Rica.

Cofundadora e editora-chefe do Colectivo 506, Obando já foi editora do The Tico Times (2016-2019) e trabalhou também no blog da Costa Rica Daily Boost, foi Assessora  de Comunicação do Nobel Oscar Arias (2007-2019) e atuou como freelancer do El Faro, da Yes Magazine e do Huffington Post. 

A jornalista é mestre em Educação pela University of Arizona e graduada em História e Literatura Americanas pela Harvard University.

*Texto atualizado em 21/9.

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