Londres – Inteligência artificial, analytics (análise de dados) e aplicativos são as três tecnologias de jornalismo digital com mais potencial de impacto nos  próximos cinco anos. 

Esse é o resultado da última pesquisa da série Reinventing Digital Editions (Reinventando Edições Digitais), realizada pela consultoria Twipe junto a editores de alguns dos mais importantes veículos de imprensa do mundo.

À medida que as redações se tornam mais digitais, o papel da tecnologia vem se tornando cada vez mais importante, com sete em cada dez dos editores apontando a análise de dados e a inteligência artificial como os dois recursos tecnológicos que farão a maior diferença nos próximos cinco anos em suas estratégias digitais.

Tecnologias tradicionais no jornalismo perdem terreno 

A Twipe é uma empresa de consultoria tecnológica com sede na Bélgica, que tem entre seus clientes grandes veículos globais. Ela vem testemunhando as transformações no mercado. 

O estudo apontou que as tecnologias mais tradicionais, como o vídeo e o áudio, utilizadas atualmente por 87,5% e 68,8% dos entrevistados respectivamente, devem continuar a desempenhar um papel importante, mas com uma queda de sua importância relativa.

Somente 57,5% dos entrevistados apontaram o vídeo entre as tecnologias de maior impacto para o jornalismo dos próximos cinco anos, enquanto o áudio foi indicado por 53,8% dos editores pesquisados.

Os aplicativos móveis, em virtude do consumo cada vez maior de notícias pelo smartphone, completam o pódio das três tecnologias que causarão maior impacto no futuro próximo.

Pesquisa da Twipe sobre as tecnologias diferenciar para o jornalismo nos próximos cinco anos.

Analytics é e continuará sendo a tecnologia de maior impacto no curto prazo

O estudo demonstrou que 87,5% dos editores  já usam a análise de dados em suas redações, para ajudá-los a decidir quais matérias atraem maior audiência e engajamento e como melhor segmentar e envolver os leitores. 

Segundo a pesquisa, essa será a tecnologia que continuará a causar maior impacto nos próximos cinco anos, e a única capaz de superar o poder da inteligência artificial no curto prazo.

Além da conquista de audiência e de novos assinantes, a análise de dados permite entender melhor a base atual, e ajuda a identificar precocemente os usuários em risco e a reativar os assinantes inativos.

Leia também

Pesquisa aponta como mídia pode aproveitar melhor o WhatsApp para atrair e engajar leitores

Inteligência Artificial tem o maior crescimento em importância percebida

O resultado mais impressionante da pesquisa, entretanto, foi o crescimento do percentual dos editores que passam a apontar a inteligência artificial como uma das tecnologias que mais impactarão o jornalismo nos próximos cinco anos.

Embora apenas 31,2% dos editores entrevistados estejam fazendo atualmente uso de qualquer recurso de inteligência artificial, mais do que o dobro dessa parcela (68,8%) destaca o futuro do papel dessa tecnologia no trabalho jornalístico.

Leia também 

O futuro das redações pós-pandemia é híbrido, mostra pesquisa global do Instituto Reuters de Jornalismo

Organização pan-americana lança guia para empreendedores em mídia digital da América Latina

O estudo destaca que com o uso de listas de leitura personalizada elaboradas por inteligência artificial, alguns editores impulsionaram até 26% mais leituras habituais entre seus assinantes. 

Por outro lado, a pesquisa ressalta que o potencial de uso da tecnologia por parte dos editores é incalculável, e mal começou a ser explorado.

Mais da metade das publicações já oferecem apps

Com o crescente uso de smartphones como o principal meio de acesso das notícias, especialmente entre os leitores mais jovens, os aplicativos móveis vão assumindo uma importância crescente.

Tornou-se essencial para os editores oferecer aplicativos aos seus leitores e principalmente aos assinantes. 

Quase seis em cada dez das publicações entrevistadas (57,5%) oferecem atualmente um aplicativo com feed de notícias ao vivo. Um percentual semelhante (55%) oferece um aplicativo para a leitura da edição do dia.

Apps unificados são a tendência

O mais interessante é que, ao olhar para o futuro, 37,5% dos editores responderam que planejam oferecer um aplicativo unificado que oferece feed de notícias ao vivo e a leitura de edições em uma única experiência.

Algumas publicações em todo o mundo já fizeram essa mudança, e o Daily Telegraph, do Reino Unido, é apontado como um exemplo bem sucedido, que recentemente ultrapassou a marca de 500 mil assinantes digitais.

Além de apps unificados, outros tipos de aplicativos também estão estão entre as mudanças planejadas pelos editores pesquisados. Alguns exemplos são os de quebra-cabeças e jogos, como o do britânico The Guardian, ou de culinária, como o do The New York Times, que vem experimentando um incrível crescimento.

“Entre os editores entrevistados, 10% responderam que já oferecem algum tipo de aplicativo de jogos e 8,8% possuem aplicativos de áudio”, afirma o estudo.

No sentido oposto, somente cerca de 15% das publicações disseram não planejar mudanças em seus apps num futuro próximo.

Aumento das edições digitais elevará importância da tecnologia no jornalismo 

Num cenário em que sete em cada dez (69,7%) dos editores consideram que as edições digitais terão um papel importante ou muito importante no futuro de suas organizações, o uso das  tecnologias mais avançadas se tornará cada vez mais fundamental para o sucesso dos veículos na batalha por assinantes e anunciantes.

Leia também

IBM usa inteligência artificial para aumentar diversidade na propaganda

(Clay Banks/Unsplash)
Edições digitais nativas para atrair os jovens

A pesquisa demonstrou que entre aqueles que atualmente não têm um produto digital, uma parcela esmagadora de 71,4% dos entrevistados preferem uma edição construída digitalmente do zero e apenas 7,1% preferem uma réplica da versão impressa.

O motivo principal disso é o apelo para uma nova experiência de leitura para leitores mais novos.

“A habilidade de estilizar esses jornais de maneira mais moderna é vital para que as publicações possam soar mais atraentes aos novos leitores e menos como algo do passado”, comenta o estudo.

Leia mais

Sophi, a inteligência artificial que mudou a maneira do The Globe and Mail editar suas páginas