Londres – A COP26 colocou as mudanças climáticas nas manchetes da imprensa global, nos trending topics das redes sociais e na pauta política. Mas o povo está interessado e acha que algo pode mudar a partir da cúpula promovida pela ONU (Organização das Nações Unidas) em Glasgow?
Uma nova pesquisa do instituto britânico YouGov feita em sete países europeus revelou que o número de pessoas informadas sobre a realização do encontro cresceu em todos os países. Este é o lado bom, mostrando que a divulgação foi eficiente.
O lado ruim é que a confiança em transformações a partir da COP26 é baixa, impondo um desafio ainda maior para engajar os cidadãos nas mudanças necessárias, um dos temas analisados por especialistas entrevistados para o relatório que avaliou o impacto da conferência em vários países.
Conhecimento sobre cúpula do clima aumentou
O estudo faz parte da série EuroTrack do YouGov, instituto especializado em monitorar a opinião pública. Ele foi feito no período compreendido entre a volta da maioria dos líderes para casa e a semana seguinte ao fim da conferência.
As entrevistas foram realizadas com quase 9 mil pessoas entre 10 e 20 de novembro. O trabalho comparou as opiniões captadas em pesquisa semelhante em setembro.
O YouGov constatou que apesar da COP26 ser o maior evento internacional de mudanças climáticas, o conhecimento sobre ela difere muito entre os países. Em comparação com setembro, ele cresceu em todos as nações pesquisadas, com maior aumento na França.
Curiosamente, apesar de a COP26 ter acontecido em Glasgow, com o Reino Unido presidindo o encontro e ampla cobertura da imprensa local, os britânicos não ultrapassaram os franceses em conhecimento depois do evento, embora antes estivessem mais informados do que as pessoas de todos os demais países pesquisados.
Os habitantes do outro lado do Canal da Mancha sabiam quase tanto quanto os britânicos sobre o encontro antes de seu início, com 26% dizendo que ouviram falar muito ou em quantidade razoável sobre ela quando perguntados em meados de setembro.
A taxa cresceu para 70% assim que a COP26 foi encerrada, enquanto no Reino Unido ficou em 59%.
Especial COP26 – veja o relatório completo
Houve também um salto significativo no conhecimento entre espanhóis e italianos: 18% e 19% respectivamente tinham ouvido falar muito ou em quantidade razoável sobre a cúpula em setembro. Na rodada de entrevistas em novembro, o número subiu para cerca de metade (54% e 49%, respectivamente).
O país onde menos gente soube a respeito da COO26 foi a Dinamarca, com apenas 28% dizendo que ouviram falar muito sobre a conferência em novembro, e 65% dizendo que ouviram pouco ou nada.
Pouca confiança em mudanças após a COP26
A COP26 terminou em clima de decepção, com a cena do presidente da conferência, Alok Sharma, quase chorando ao ler o acordo final que Índia e China só concordaram em assinar se a redação em relação ao uso de carvão passasse de “eliminar” para “reduzir”.
Durante a conferência, a ativista Greta Thunberg classificou o encontro de “evento de relações públicas” e voltou a criticar o “blá blá blá” dos líderes mundiais, que em sua opinião falam muito mas pouco fazem.
Esse “climão” foi capturado na pesquisa do YouGov, que segundo o instituto, acabou gerando um impacto negativo no que diz respeito às expectativas.
Comparando os resultados do pré e pós-COP26, a constatação é de que a conferência parece ter tido apenas um impacto limitado sobre se a esperança do público europeu em medidas significativas para combater as mudanças climáticas.
Os mais informados sobre a COP26 são os menos esperançosos. Sete em cada 10 franceses (69%) acham improvável que ela resulte em ação significativa, um aumento de 13 pontos em relação a setembro. Britânicos e alemães aparecem em seguida.
A Espanha viu uma tendência semelhante, com 66% dizendo que era improvável, em comparação com 55% pré-COP26.
Nos outros cinco países, houve muito pouco movimento nas taxas de confiança. Os alemães continuam pessimistas, com 67% dizendo que mudanças são improváveis.
Há um pouco mais de esperança entre os nórdicos e na Itália. No entanto, mesmo nesses locais a maioria diz achar que a ações efetivas são improváveis(52% na Dinamarca, 54% na Suécia e 55% na Itália).
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