Londres – Um video postado pelo jovem que invadiu os jardins do palácio de Windsor no dia de Natal com intenção de matar a rainha Elizabeth revelou a influência de Star Wars no ato que ele justificou como vingança pelo preconceito contra indianos.
Jaswant Chail, de 19 anos, foi capturado portando uma arma medieval “besta” quando já estava a 500 metros da residência onde vive a matriarca da família real britânica.
Na postagem no Snapchat, feita menos de meia hora antes do ato, ele aparece com máscara e capuz e diz: “Sou um sikh indiano, um Sith. Meu nome era Jaswant Singh Chail, meu nome é Darth Jones.”
Vários membros da família real estavam em Windsor
Chail, que usou uma corda para escalar a cerca e alcançar o jardim do palácio, foi indiciado nesta segunda-feira (27/12) sob a lei de saúde mental, depois de interrogado pela Scotland Yard e avaliado por médicos.
Além da rainha, de 95 anos, o príncipe Charles e sua esposa, Camilla, e o príncipe Edward e sua esposa, Sophie, também estavam no castelo, a cerca de uma hora de carro de Londres.
Embora sem consequências, o incidente assustou os britânicos no dia do Natal, o primeiro da família real depois da morte do príncipe Philip.
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E colocou em questão a segurança real e a facilidade de venda de armas para caça que podem ser usadas para atos violentos ou terrorismo.
A nota oficial da polícia do Vale do Tâmisa destacou a captura antes que ele pudesse chegar ao seu destino:
“O homem foi preso por suspeita de violação ou invasão de um local protegido e posse de uma arma ofensiva”, disse a superintendente, Rebecca Mears. “Ele permanece sob custódia neste momento. Podemos confirmar que os processos de segurança foram acionados e que e ele não entrou em nenhum prédio.”
Influência de Star Wars
O vídeo em que a influência de Star Wars é revelada foi obtido pelo jornal britânico The Sun e está sendo analisado pelas autoridades que investigam a tentativa de assassinato.
Os Sith são os vilões da franquia Star Wars, associados ao lado negro da força, e assumem “Darth” como nome.
Segundo o The Sun, ‘Darth Jones’ seria uma referência a James Earl Jones, a voz de Darth Vader na trilogia original de Star Wars, lançada em 1977.
Uma imagem emoldurada do personagem de Star Wars Darth Malgus estava visível no fundo do clipe.
Com o áudio distorcido, ele diz que sentir muito pelo que fez e pelo que faria a seguir: tentar assassinar “Elizabeth, rainha da família real”.
E atribui o crime a uma vingança por uma tragédia ocorrida há mais de cem anos:
“Esta é uma vingança para aqueles que morreram no massacre de Jallianwala Bagh, em 1919.
É também uma vingança para aqueles que foram mortos, humilhados e discriminados por causa de sua raça.”
Não há registros precisos de quantas pessoas morreram no massacre, variando entre 379 e mais de 1,5 mil.
Os manifestantes protestavam pacificamente contra do domínio colonial da Inglaterra sobre a Índia quando foram atacados pelas tropas inglesas.
Uma mensagem ao lado do vídeo acrescentava: ‘Sinto muito a todos aqueles a quem injustiças ou menti”.
Chail pode ter postado o vídeo que mostrou a influência de Star Wars e sua motivação para o crime quando já se encontrava próximo ao seu alvo e imaginava que seria morto se conseguisse atingir a rainha.
Ele diz: “se você recebeu isso, minha morte está próxima”. E pede que a mensagem seja compartilhada.
O jovem vivia com os pais e duas irmãs em North Baddesley, um vilarejo perto da cidade portuária de Southampton, sul da Inglaterra. Em entrevista a jornais britânicos, o pai se disse surpreso com o ocorrido.
Controle de armas
Uma arma do tipo besta semelhante à que Jaswant Chail portava foi usada em 2019 no massacre em uma escola de Suzano (SP), que deixou 10 mortos.
Bestas podem ser facilmente compradas em muitos lugares, inclusive na Amazon, onde um modelo com pontas de flecha afiadas “para caçar” custa pouco mais de 60 libras (R$ 453 reais).
É ilegal vender a arma para menores de 18 anos.
A polícia alemã frustrou este mês uma conspiração antivacina para matar Michael Kretschmer, o primeiro-ministro da Saxônia, usando “armas e bestas”.
Depois do caso, ativistas contrários à venda dessas armas pressionam o governo para rever a legislação.
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