Londres – Quem precisa convencer amigos ou pacientes a usarem máscara de proteção contra a Covid ganhou um ótimo argumento: um estudo feito na escola de psicologia da Universidade de Cardiff revelou que as pessoas ficam mais atraentes com elas. 

Mas nem sempre foi assim. Outro estudo, realizado pelos mesmos pesquisadores antes da pandemia, havia constatado que a máscara remetia a doenças, transmitindo a impressão de que a pessoa que a usava deveria ser evitada.  

A nova pesquisa mostra que padrões de beleza e atratividade também foram transformados pelo coronavírus, e pode ajudar os que se recusam a utilizá-las a mudarem de ideia, nem que seja por motivos estéticos. 

Máscara da Covid, novo padrão de beleza

Só não serve qualquer máscara. O efeito mágico é alcançado com máscaras cirúrgicas descartáveis, e não com aquelas coloridas ou com desenhos. 

Segundo o pesquisador Michael Lewis, um dos autores do trabalho, um dos motivos desse comportamento é a associação de quem usa máscaras com pessoas que trabalham em profissões assistenciais ou médicas. 

“Nosso estudo sugere que os rostos são considerados mais atraentes quando cobertos por máscaras faciais médicas. Isso pode se dever ao fato de que, por estarmos acostumados a profissionais usando máscaras, associamos quem as usa a pessoas que trabalham em atividades médicas ou de cuidados. 

Em um momento em que nos sentimos vulneráveis, somos levados a achar o uso de máscaras médicas reconfortante e, assim, nos sentirmos mais positivos em relação ao usuário”.

Lewis explica que isso está relacionado à psicologia evolutiva, que determina a forma pela qual os parceiros são selecionados.

“Doenças e evidências de doenças podem desempenhar um grande papel na seleção de parceiros. No passado, qualquer associação com doença seria um motivo de afastamento. 

Agora observamos uma mudança psicológica, com as máscaras faciais não sendo mais percebidas como um sinal saúde frágil.”

Lewis levantou também a possibilidade de que o efeito aconteça porque as máscaras direcionam a atenção do interlocutor para os olhos.

O trabalho cita outros estudos que revelaram que cobrir a metade esquerda ou direita de um rosto também fez com que as pessoas parecessem mais atraentes, em parte porque o cérebro preenche as lacunas ausentes e ‘exagera’ o impacto geral.

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Estudo testou efeito de máscaras diferentes

O experimento foi feito no Reino Unido e publicado na revista científica Cognitive Research: Principles and Implications.

Na primeira etapa, envolveu apenas homens observados por mulheres. Mas uma segunda investigação foi feita pelos mesmos pesquisadores, com um grupo de homens compartilhando suas impressões sobre mulheres de máscaras.

Embora ainda não publicado num periódico científico, apresentou resultados semelhantes.

Na primeira fase, quarenta e três mulheres foram convidadas a avaliar em uma escala de um a 10 a atratividade das imagens de rostos masculinos sem máscara, usando uma máscara de pano simples, uma máscara facial médica  e segurando um livro preto liso cobrindo a área que uma máscara facial esconderia.

Máscaras, desafio para a Covid

Depois de dois anos de pandemia, convencer as pessoas a usarem máscara vem se tornando mais difícil, mas as autoridades de saúde continuam recomendando seu uso, sobretudo em locais fechados ou para pessoas vulneráveis. 

Profissionais de saúde e de comunicação que orientam pacientes diretamente ou criam campanhas de conscientização do público para usar as máscaras contra a Covid são cada vez mais desafiados a encontrar formas de demonstrar que elas são necessárias.

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O estudo traz mais um argumento para convencer e neutralizar o efeitos dos que pregam contra elas. 

Ativistas antivacina também elegeram o uso de máscara com alvo de seus atos públicos. Em Londres, um deles, Piers Corbyn, chegou a fazer uma manifestação dentro do metrô arrancando placas que indicam a obrigatoriedade de usá-las.

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