Na semana em que o tenista não-vacinado Novak Djokovic duelava com o governo australiano pelo direito de competir no aberto da Austrália, o vídeo de um apresentador de TV mexicano explodindo durante um telejornal contra os antivacina viralizou nas redes sociais. 

Leonardo Schwebel, jornalista que apresenta o noticiário Telediario Guadalajara, despejou sua ira contra os que não querem se vacinar, pedindo que pelo menos “coloquem a maldita máscara”.

Aos gritos e gesticulando muito, ele disse: “a liberdade não dá o direito de ferrar com os outros”. 

Vídeo criticando os antivacina viralizou 

O vídeo foi rapidamente compartilhado nas redes sociais, onde como sempre houve duas posições: os que aplaudiram o que foi dito e os que o criticaram.

Schweben é uma figura conhecida por sua atuação em TV e rádio, tendo passado 23 anos na Televisa, principal emissora mexicana.

Já ganhou prêmios de jornalismo, escreveu livros e dirigiu a área de comunicação da Universidade de Guadalajara. 

Ele costuma expressar suas opiniões de forma exagerada em seu programa no telejornal do canal que pertence ao grupo Canal 6 Multimedios.

Dessa vez, no entanto, foi além de seu próprio padrão, especialmente no trecho final do comentário, em que a temperatura ferve. 

Na reportagem completa, Shweben fala sobre a decisão do governo do estado de Jalisco de exigir certificado de vacinação em locais como cassinos, clubes, estádios e eventos recreativos a partir de 14 de janeiro. 

O âncora começa demonstrando como é fácil usar a máscara, declara-se a favor da vacina e comenta sobre a importância da nova lei.

Schweben critica no vídeo os antivacina que colocam a vida dos demais em risco, a quem chama de ‘moscas’, que não se convencem. 

Mas segue dizendo que isso não importa, pois o que importa mesmo é que “a liberdade de serem imbecis em não se vacinar não lhes dá o direito de contagiá-lo” .

Ele admite que pode até haver pessoas que contraem o coronavírus mesmo vacinados, e por isso reforça a necessidade do uso da máscara facial, condenando os que não as usam em locais como o transporte público. 

E defende uma “mensagem contundente” destinada a convencer a todos a usarem a máscara facial.

Elevando a voz, diz: 

“A liberdade não te dá o direito de ferrar com o outro”. 

E finaliza o vídeo com uma mensagem aos antivacina: 

“Vocês, malditos antivacina, um bando de imbecis, parem de enrolação e pelo menos coloquem a maldita máscara facial. 

Parem de estragar o mundo. Sim, seu antivacina, você é um imbecil. Coloque a máscara!”

Campanha contra os antivacina 

Depois da exibição, Schwebel tuitou dizendo que o vírus “não tem nada de ‘covidzinha’,  já que 44.187 novas infecções por Covid foram registradas na quarta-feira (12/1), o “equivalente a 30 por minuto ou 1 a cada 2 segundos”. 

Um informe oficial relatou no dia seguinte que das 130 pessoas hospitalizadas por Covid-19 na Cidade do México, 76% não haviam sido vacinadas. e 5% haviam tomado apenas a primeira dose. 

Apresentadores australianos criticam o antivacina Djokovic

No outro hemisfério, jornalistas também perderam a calma.

Dois apresentadores do programa ‘7 News Melbourne’ teceram duras críticas a Novak Djokovic, o tenista envolvido numa polêmica relacionada com a sua entrada na Austrália sem estar vacinado contra a Covid-19.

Nesse caso o vídeo contra o antivacina vazou sem ter sido veiculado pela emissora, mas o adjetivo escolhido foi o mesmo: “imbecil”. 

No trecho que vazou nas redes sociais, eles demonstraram sua irritação com o sérvio que neste domingo teve mais uma vez revogada a sua permanência no país, a um dia do Aberto da Austrália.

“Não importa a maneira como se vê isso, Novak Djokovic é um imbecil mentiroso e manhoso”, disse a  jornalista Rebecca Maddern.

Seu colega de bancada,  Mike Amor, concorda e acrescenta: “Ele tinha uma desculpa esfarrapada e caiu nas suas próprias mentiras. Foi o que aconteceu”.

Naquele momento Maddern achava que o tenista ia conseguir escapar, o que não se confirmou. E afirma que a maioria dos australianos concordam que o tenista “foi um idiota”.

Vídeos antivacina proliferam nas redes sociais 

O vídeo contra os antivacina do jornalista mexicano viralizou nas redes sociais e já tinha mais de 65 mil visualizações no YouTube, mas sozinho não vai conseguir neutralizar o efeito da imensa quantidade de vídeos que tentam minar a confiança do público na imunização. 

No mesmo dia em que Leonardo Schwebel fez seu desabafo, mais de 80 entidades verificadores de fatos de 40 países, incluindo o Brasil, enviaram uma carta aberta à CEO do YouTube, Susan Wojcicki, cobrando ação para controlar a disseminação desenfreada de fake news naplataforma.

O documento é assinado por mais de 80 organizações de 40 países, incluindo duas do Brasil. 

Entre os pedidos está a extensão de mecanismos de proteção para outros idiomas que não o inglês. 

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O YouTube se defende destacando a quantidade de vídeos removidos recentemente, mas muitos continuam lá, como os do que virou inimigo público número um do controle da Covid-19 no país, o ativista Piers Corbyn.

Piers Corbyn, em festa na passagem do ano novo em Londres (divulgação Twitter)

Candidato a prefeito de Londres, ele tem comandado manifestações, desafiado regras de prevenção da Covid e até promovido violência contra parlamentares, chegando a ser detido pela polícia devido às ameaças.

Outro é David Icke, um ex-comentarista de futebol que virou um dos maiores propagadores de teorias conspiratórias sobre a Covid e outros temas, sendo regularmente apontado em levantamentos feitos por ONGs como perigo para a sociedade. 

O canal no YouTube do Projeto Veritas, uma organização de extrema direita nos EUA que em novembro conseguiu impedir que o New York Times publicasse matérias com evidências sobre seus métodos de ataque à imprensa e pessoas que identificam como esquerdistas, exibe vários vídeos com desinformação sobre vacinas e sobre o controle da Covid pelo governo.

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