Londres – A Unesco entrou na briga pela identificação e punição dos responsáveis pelo assassinato do jornalista Givanildo Oliveira, morto em 7 de fevereiro a tiros em Fortaleza
A diretora-geral da organização, Audrey Azoulay, emitiu uma nota oficial cobrando das autoridades a investigação sobre o crime, classificado por ela como um ataque à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa.
Oliveira é um dos 10 jornalistas assassinados no mundo somente este ano. Outros cinco crimes aconteceram no México, dois no Haiti, um no Paquistão e um em Mianmar.
Jornalista assassinado tinha recebido ameaças
Conhecido como Gigi, ele trabalhava no site Pirambu News, do qual foi um dos fundadores.
O site publica regularmente informações sobre atividades criminosas na região.
O profissional já havia recebido ameaças de morte de criminosos em Fortaleza, e foi alvejado a tiros perto da casa onde vivia. Uma câmera de segurança mostrou o momento do assassinato.
Oliveira é visto caminhando pela rua e é atacado por um homem, que atira pelo menos três vezes contra a cabeça e o peito da vítima, fugindo em seguida.
Em nota, a diretora-geral da Unesco condenou o atentado. E disse que as autoridades brasileiras devem se empenhar para elucidar o crime e levar os responsáveis à justiça.
Leia mais
Dia pelo Fim da Impunidade por Crimes Contra Jornalistas: 81% dos assassinatos em dez anos seguem sem condenações
CPJ e Artigo 19 também pedem apuração do assassinato do jornalista
O Comitê de Proteção dos Jornalistas (CPJ), afirmou que um jornalista em serviço não pode estar sob tamanho risco apenas por informar e publicar notícias de suas comunidades.
O CPJ diz que é preciso saber se o crime está relacionado ao trabalho do jornalista e se o assassinato foi uma forma de retaliação, que deve ser punida pela justiça.
Segundo a organização de defesa da liberdade de imprensa Artigo 19, os indícios apontam para a relação entre a matéria publicada sobre um homem acusado de homicídios e o assassinato do comunicador, que já ele havia sido ameaçado para que não publicasse conteúdos sobre o caso.
A Artigo 19 destacou a atuação do Pirambu News, direcionada para conteúdos de interesse da zona oeste de Fortaleza, com uma política de dar espaço a conteúdos produzidos por jovens comunicadores e estudantes de jornalismo da periferia da cidade.
A investigação do assassinato de Givanildo corre na 8º Delegacia da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa do Ceará.
Assassinato de jornalista, crime cada vez mais comum
Segundo dados da Unesco, a América Latina é uma das regiões mais perigosas para o exercício do jornalismo.
Dos nove jornalistas assassinados no mundo em janeiro, sete perderam a vida na região, dos quais quatro no México. Nos primeiros dias de fevereiro, mais um profissional de imprensa foi vítima de crime no país.
Leia mais
Janeiro termina com mais de dois jornalistas assassinados por semana no mundo – e sete na América Latina
A forma como profissionais de imprensa têm perdido a vida por causa de seu trabalho mudou no mundo, e também na região.
No passado, eram mais comuns fatalidades de repórteres de guerra, atingidos em bombardeios ou vítimas de fogo-cruzado durante cobertura de conflitos.
Recentemente a situação mudou. Mais jornalistas passaram a ser assassinados, por terem se tornado incômodos para o crime organizado ou para pessoas denunciadas por atos de corrupção.
Leia mais
2021 muda padrão de mortes de jornalistas no mundo: 3 a cada 4 foram vítimas de ataques diretos