Londres – A fotografia digital e os recursos de tratamento de imagens cada vez mais sofisticados permitem transformar cenas do cotidiano em verdadeiras obras de arte coloridas, premiadas anualmente pelo concurso internacional Chromatic Awards.
Na última edição do concurso, o primeiro lugar coube a uma fotógrafa romena com um retrato de mulheres com lenços tradicionais na liturgia do Dia da Epifania Ortodoxa (6 de janeiro), feito em um vilarejo do país. O efeito dos tecidos coloridos esvoaçantes lembra uma pintura abstrata.
Cores do Brasil no prêmio de fotografia colorida
As cores podem também transmitir força, como a cena capturada pelo fotógrafo André Porto, vencedor da categoria Cultura do Chromatic Awards.
A fotografia retrata Sabrina Hunikuin, da etnia Hunikuin, e é parte de uma série documentando mulheres indígenas durante uma marcha em Brasília, feita para o UOL.
Outra brasileira também teve destaque no prêmio de fotografia colorida.
Mayssa Cavalcanti Carneiro Leão é fotógrafa amadora e fez um registro multicolorido do Maracatu, com o céu que vai de laranja a azul e o reflexo da vegetação na água. Ela levou o segundo lugar na categoria Cultura do concurso.
Seu interesse pela fotografia começou quando fazia mountain bike, fotografando os locais que visitava sob a luz da manhã.
Ele passou a fotografar amigos que praticavam skate e outras modalidades esportivas, mas nem todos gostavam de acordar cedo para aproveitar a luz dourada, levando-o a se especializar em capturar cenas radiciais com luzes artificiais normalmente usadas em estúdio.
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Abstrato – Maja Strgar Kurecic, Croácia, “Peônia de Elvira”
“Esta é uma foto da peônia que recebi de uma amiga chamada Elvira. Adoro fotografar as flores que recebo de meus amigos.
Ao fazê-lo, procuro preservar a memória daquele momento feliz de acolhimento que traz um sentimento de amor, respeito e intimidade com a pessoa que me deu a flor.
Para enfatizar a delicada estrutura das pétalas, fotografei-as sob a água”.
Meio ambiente – Martin Krystynek, Eslováquia, “Richnava”
Richnava é uma vila localizada no distrito de Gelnica, na região de Kosice, no leste da Eslováquia. A foto mostra o lixo espalhado em torno das residências.
Arquitetura –Adam Fisz, Polônia, “Linhas laranjas”
A imagem premiada no concurso fotografia colorida registra parte do edifício do Centro de Pesquisa e Conservação do Patrimônio Cultural da Faculdade de Belas Artes da Universidade Nicolau Copérnico.
Conceitual –Hardijanto Budiman, Indonésia, “Over dunk” (Enterrada)
“Eu realmente amo o mundo surreal! Eu uso a fotografia colorida como para expressar minha imaginação.
Esta imagem é uma metáfora surreal e conta como as pessoas reagem de muitas maneiras diferentes quando expressam suas emoções”.
Esportes – Jesper Grønnemark, Dinamarca, “Paraquedismo”
A imagem mostra o paraquedista Emil Landevaern Kristensen do Team Flux Free Fly enquanto saltava a 13.200 pés.
Fotojornalismo – Javier Vergara, Chile, “Chile resiste”
Manifestantes se protegem com escudo de um canhão de água usado pelas Forças Especiais de Polícia durante protestos em Santiago, no Chile, em 11 de novembro de 2019. A foto colorida permite destacar a bandeira do país em um fundo sombrio.
Fotomanipulação – Zoltan Toth, Hungria, “Brigando”
A fotografia vencedora da categoria do concurso que reconhece efeitos especiais retrata duas garças em uma banheira como se estivessem brigando.
Fotógrafo de rua- Orna Naor, Israel, “Índia”
A fotografia mostra jovens brincando e nadando perto do templo, com as roupas coloridas das mulheres em primeiro plano.
Moda e Beleza – Rebeka Legovic, Croácia, “Postais do deserto”
“O editorial de moda com os modelos Klara Boško e Anna Poropat representa um sonho estranho, ou melhor, pode-se perguntar se é realidade ou ficção.
Essas fotos foram feitas em um dos lugares mais estranhos da Croácia. É um deserto muito pequeno, talvez o menor do planeta e quase parecer estar em outra dimensão.
Eu gosto de brincar com a delicadeza da permanência e da impermanência, e a magia na habilidade de trocar uma pela outra, meio que a sensação de existência. O deserto representa melhor essa metáfora. O contraste com essas cores pasteis e essa tranquilidade, com as cores fortes das roupas usadas pelas modelos.”
Natureza- Martin Sanchez, Islândia, “Extragalático”
“Os momentos intensos e gloriosos durante um vulcão em erupção na Islândia, com uma vista exclusiva de seu interior”.
Natureza morta –Masumi Shiohara, Japão, “Shiho – Como agricultor e criador de frutas”
“Ao depositar um pedido de patente de planta, mantemos vários registros para identificar variedades e comparar com variedades semelhantes. Uma coleção desses registros é chamada de tabela de características.
Como fruticultor, continuo usando técnicas fotográficas para combinar os itens importantes da tabela em uma única obra, como arte botânica.
A arte botânica evoluiu a partir do estudo das ervas medicinais. Depois de um grande número de plantas registradas em terras estrangeiras como na Era dos Descobrimentos, sua representação detalhada tornou-se uma obra de arte”.
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Paisagens –Virgil Reglioni, França, “Plano de Deus”
“A imagem mostra a estrada sinuosa da área de sombra através das incríveis colinas baixas que levam ao litoral. A luz de fundo oferece contraste e relevo ao quadro. Quando mais olhamos para o lado direito, mais profundidade vem aos nossos olhos.
Comecei minha caminhada na beira da estrada, coloquei minha prancha de snowboard nas costas e subi as colinas cobertas de neve até estar alto o suficiente para olhar para trás e ter uma visão mais profunda.
Eu pensei: “Por que estou fazendo isso?” E um minuto depois, o céu se abriu, uma luz dramática entrou e eu pensei: “Ah, por isso…”
Paisagens Urbanas – Marcin Giba, Polônia, “Zona vermelha”
“A foto mostra uma piscina municipal na minha cidade natal de Rybnik. A foto foi tirada alguns dias antes da introdução da zona vermelha por causa da epidemia de coronavírus”.
Retrato –Iris Valentina, Holanda, “Jaylee”
Viagem –Wei Fu, Tailândia, “Pessoas no trem”
“Na foto as pessoas estão esperando no trem para voltarem para casa depois de um festival muçulmano”.
Vida selvagem e animais – Fenqiang (Frank) Liu, Estados Unidos, “Asas da confiança”
“Após vários meses fotografando grandes garças, percebi que elas sempre decolam com confiança e determinação e já sabem onde vão pousar.
Esta fotografia tentou capturar essa qualidade decisiva no momento preciso da decolagem. O pássaro estava de pé em um galho com musgo pendurado, proporcionando a composição ideal. Eu só tinha que esperar o momento perfeito em que ele começaria a voar”.
Os amadores destacados no prêmio de fotografia colorida nada ficam a dever aos profissionais
A fotografia que valeu o prêmio de revelação do ano a um amador foi um registro subaquático de autoria de Petr Polách. “Sob o gelo do Mar Branco” foi feita durante um mergulho no gelo no Círculo Polar Ártico. Ele também venceu na categoria Natureza.
“A foto é uma visão do gelo do Mar Branco debaixo d’água. O gelo geralmente tem cerca de um metro de espessura. Na costa ele se quebra em pedaços por causa das marés e assume várias formas.
A luz dos raios do sol se decompõe em componentes coloridos nas bordas do gelo. “
Abstrato – Azim Khan Ronnie, Bangladesh – “Maior congregação do Eid”
“A imagem foi feita na maior congregação Eid-ul-Fitr do Sul da Ásia, um festival muçulmano de felicidade celebrado em todo o mundo. O evento aconteceu em Gor-e-Shahid Boro Math, em Dinajpur, Bangladesh.
De acordo com os organizadores, mais de 600 mil devotos participaram do evento”.
Meio ambiente- Melanie Schowniger, Alemanha, “Jardim de polvos”
“Comecei esta série de fotografias coloridas com base na minha tristeza pela quase inevitável perda dos recifes de coral. A noção de não ser capaz de proteger esta selva submarina incrivelmente rica com sua abundante variedade de espécies diferentes nem de compartilhar essa maravilha da vida com as futuras gerações parte meu coração.
Brincando com algumas flores em um cenário subaquático, percebi como elas se transformam em seres impressionantes, semelhantes a criaturas. Foi assim que transformei minha dor nesse projeto.”
“O título “Octopuses’s garden” (Jardim de polvos) refere-se aos Beatles. As memórias de infância dessa música surgiram olhando para o meu perene gerânio subaquático que me lembrava tentáculos (…)”.
Arquitetura – Christian Basetti, Itália, “Anel em torno da Rosie”
“As casas em forma de cubo em Roterdã se destacam acima das cabeças dos transeuntes como se representassem o famoso jogo infantil ‘Ring around the Rosie’ “.
Belas Artes – Mariëtte Arernoudts, Holanda, “Amarelo e Azul”
A imagem mostra uma flor azul em um fundo amarelo.
“Além de retratos, crio imagens narrativas do meu próprio mundo poético dos contos de fadas. Minhas fotos são enriquecidas com uma pitada de imaginação, para dar um toque sonhador a uma imagem crua da realidade”.
Conceitual – Tiziana Nanni, Itália, “Manter as coisas inteiras”
“No campo/Eu sou a ausência de campo/Este é sempre o caso/Onde quer que eu esteja/Eu sou o que está faltando/Quando eu ando/eu separo o ar/e sempre/o ar entra/para preencher os espaços/onde meu corpo esteve/Todos nós temos razões/para mover/eu me movo/para manter as coisas inteiras/” – Poema ‘Mantendo as coisas inteiras’, de Mark Strand.
Cultura – Joe Buergi, Suiça, “Pastor de gado Mundari
“Os Mundari, também conhecidos como Mandari, são um pequeno grupo étnico e um dos povos nilóticos (povos as margens do rio Nilo), que vivem ao norte da capital Juba, no Sudão do Sul.
Como outras tribos nilóticas, eles são voltados para o gado e valorizam seus rebanhos mais do que qualquer outra coisa. Dizem que dormem perto de sua vaca mais valiosa.
Seu gado serve como alimento, uma forma de moeda e uma marca de status”.
Esportes – Danilo Rößger, Alemanha, “Alcançando a superfície”
A fotografia feita em Moalboal, Filipinas, mostra o contraste entre o verde do mar e os reflexos do sol.
Fotojornalismo – Cuneyt Gumushaneli, Turquia, “Solidariedade”
O registro foi feito durante um protesto local, em que técnica da fotografia colorida permitiu criar silhuetas iluminadas pelo fogo avermelhado.
Fotomanipulação – Bernd Schirmer, Alemanha, “Lago dos cisnes”
“O mistério da música feita por Tchaikovsky para o balé ‘O lago dos cisnes’ foi minha inspiração para criar essa imagem. Eu amo e adoro sua música, cheia de emoção, drama e sentimentos”.
Fotografia de rua – Steven Avalos, Estados Unidos, “O rugido da rua”
“Foi durante uma passagem pelo NY Daily News que aprendi a importância de forjar conexões entre pessoas e ideias”.
Moda e Beleza – Filip Butkin, Lituânia, “Porto”
“Como um diretor de um filme, vejo uma atriz russa com sua filosofia de vida que se assemelha em muitos aspectos a um porto calmo e tranqüilo, como o porto nesta imagem. Para muitas pessoas, ela é como um farol na vida”.
Natureza morta – Marzia Vignola, Itália, “Carnaval”
“A imagem é uma criação que fiz durante a terceira onda da Covid-19. Representa nossa necessidade de felicidade, sociabilidade e cores da primavera, entendida como ‘Renascimento’”.
Paisagens – Christian Basetti, Itália, “O tubarão rochoso dourado”
Nascer do sol no Vale da Morte, EUA. “Como a barbatana dorsal de um tubarão emergindo da água, este pico rochoso emerge da escuridão, prometendo um dia mortalmente quente, tão ameaçador quanto as mandíbulas do animal”.
Paisagens urbanas – Frank Loddenkemper, Alemanha, “Espelho de Cingapura”
Marina Um, 26º. andar. “As torres circundantes são refletidas na fachada. O porto pode ser visto à distância. Em pouco tempo, mais torres crescerão no céu a partir dos canteiros de obras ao redor e mudarão o horizonte da cidade“.
Pessoas – Ewa Laskowska, Polônia, “Natação tóxica no inverno”
“Natação no inverno é o esporte mais popular durante a pandemia. Os poloneses acreditavam que nadar na água fria os protegeria da Covid-19”. Foto feita em Varsóvia, 17 de janeiro de 2021.
Retrato – Vladimir Karamazov, Bulgária, “Um olhar sobre a liberdade”
“A liberdade é o maior tesouro humano. Liberdade em todas as suas dimensões”.
Viagem- Azim Khan Ronnie, Bangladesh, “Trabalhadores de incenso”
“Trabalhadores vietnamitas estão cercados por milhares de bastões de incenso em Quang Phu Cau, uma vila em Hanói, onde os bastões são tradicionalmente feitos há centenas de anos.
O incenso desempenha um papel importante na vida espiritual do povo vietnamita. As pessoas usam incenso em todas as atividades de adoração.
Os feixes de bambu são dispostos no chão em dias ensolarados para secarem. Para fazer os bastões de incenso, o bambu é primeiro dividido em dois, limpo e polvilhado e, em seguida, um terço do bastão é colorido de vermelho, roxo ou amarelo”.
Vida selvagem e animais – Karin Van Couwenberg, Bélgica, “Zebras na poeira”
“Estávamos em um safári em Makgadikgadi Pans, Botswana, África, apreciando o pôr-do-sol e de repente uma manada de zebras começou a correr em direção à água, levantando poeira. Isso deu uma atmosfera especial a essa paisagem incrível.
Três subespécies de zebras (Burchell, Grevy e Mountain) ainda habitam o continente africano, onde vivem em uma ampla variedade de habitats, como florestas, colinas, pastagens, montanhas e savanas.”
“As zebras andam, trotam, galopam e embora sejam geralmente mais lentas que os cavalos, podem correr a velocidades de até 40 milhas por hora.
Vimos zebras descendo a colina ansiosas para tomar água e outras zebras subindo novamente depois de um merecido refresco. À medida que o sol de punha, o céu coloria todos os tons de vermelho e laranja. A poeira adicionou uma atmosfera mágica, surpreendente”.
As imagens foram utilizadas com autorização da organização do prêmio de fotografia colorida Chromatic Awards e não podem ser reproduzidas.
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