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Fotógrafos da National Geographic se unem para ajudar vítimas de guerras; veja as imagens

Uma premiada fotojornalista americana que já documentou conflitos em várias partes do mundo e hoje se dedica a fotos de natureza está liderando um esforço para ajudar vítimas de guerras como a da Ucrânia por meio da fotografia. 

Ami Vitale, integrante da equipe da National Geographic, sensibilizou colegas da revista e reuniu um acervo de 31 imagens para uma venda online, com 100% da renda em benefício da organização Direct Relief, que oferece ajuda humanitária a pessoas afetadas por conflitos. 

O projeto chama-se Impact Now for Humanitarian Relief, e vai até o dia 20 de abril. A expectativa é arrecadar US$ 1 milhão. 

Venda de fotos para qualquer parte do mundo 

A compra pode ser feita pelo site do projeto. As fotos assinadas por profissionais renomados, alguns com trabalhos exibidos em museus e galerias, em vários tamanhos, podem ser despachadas para qualquer parte do mundo e custam a partir de US$ 275.

O engajamento de fotógrafos cedendo fotos para ajuda humanitária a vítimas de guerra vem em um momento em que profissionais de imagem também entraram para a lista de vítimas na Ucrânia. 

Dos sete integrantes da mídia mortos até agora no conflito, dois eram documentaristas, um era cinegrafista e outro era fotógrafo. 

Ami Vitale já fotografou em mais de 100 países, testemunhando não apenas violência em conflitos como o da Ucrânia mas também o poder do espírito humano.

Ami Vitale / Divulgação

Atualmente ela vive em Montana, nos EUA, e dirige a Vital Impacts, organização sem fins lucrativos liderada por mulheres e dedicada a ajudar projetos ambientais, alguns financiados com a venda de fotos. 

Com essa experiência, a fotógrafa da National Geographic criou o projeto em benefício das vítimas da guerra, “uma oportunidade de adquirir algumas das mais memoráveis ​​fotografias de arte dos principais fotógrafos do mundo”, diz ela. 

A começar por uma de sua própria autoria. A imagem de autoria de Ami Vitale mostra duas mulheres, Manisha e Jasmin Singh, em um poço antigo em uma vila perto da cidade de Jaipur, nos arredores do deserto de Thar, na Índia.

Poço | Ami Vitale / National Geographic

“Depois de uma década cobrindo guerras, percebi uma verdade profunda: o que nos conecta é mais poderoso do que o que nos divide. Não podemos ver o mundo pela ótica do medo e do ódio.

Se apenas vemos o mundo pelo nosso próprio paradigma de valores, justificamos as divisões.”

Fotos de natureza são destaque na coleção 

Entre as fotografias de natureza selecionadas para a venda beneficente estão registros de animais feitos por talentosos fotógrafos para a National Geographic em várias partes do mundo. 

Golfinhos pintados | Brian Skerry / National Geographic

Golfinhos pintados do Atlântico nadando em Bimini, nas Bahamas. 


Reflexos do imperador | (Paul Nicklen / National Geographic) 

Os pinguins imperadores liberam milhões de micro-bolhas de suas penas, que lubrificam seus corpos e reduzem o atrito enquanto nadam pelas águas geladas da Antártida. Essa habilidade única permite que eles viajem até três vezes suas velocidades normais de natação e os ajuda a escapar de qualquer foca-leopardo faminta à espreita.


Campeonato | Paolo Verzone / National Geographic

Campeonato da raça de cavalo de Camargue, em Les Saintes Mairies de la Mer, França.

Os cinco magníficos | Ken Geiger / National Geographic

Um bando de cinco guepardos machos é uma das principais atrações da reserva de Mais Mara, no Quênia. tem sido uma das principais atrações de Mara. Na foto, os cinco descansam na sombra de uma árvore depois de tentarem em vão derrubar uma girafa recém-nascida. 

Encontro casual | David Doubilet/ National Geographic

Um peixe-papagaio encontra um cardume de Grey grunts nas Ilhas Galápagos.


Urso polar e filhotes | Norbert Rosing (National Geographic)

Reunidos | Stefan Christmann./National Geographic

A imagem mostra uma cena de amor, proteção e serenidade dos pinguins-imperadores, que criam um vínculo familiar único e forte entre seus membros. Especialmente durante o mau tempo, os pais ficam na frente dos filhotes protegendo-os do vento e da neve.


Cachorros e a sombra do Taj Mahal | Joshua Cogan / National Geographic

A renda obtida com a venda das fotos será doada para a ONG Direct Relief, que ajuda populações afetadas pela pobreza ou catástrofes.

Com a guerra na Ucrânia, a organização concentra esforços para auxiliar as vítimas afetadas pelo conflito no Leste Europeu, mas também atua no Iêmen, Síria, Etiópia e outros lugares.

Ami Vitali salienta que graças a um doador que cobriu as despesas administrativas e de impressão, 100% do total arrecadado irá para as vítimas de guerras. 

Natureza retratada em fotos de paisagens

A fotojornalista do National Geographic destaca que há uma gama diversificada de imagens disponíveis à venda, muitas delas inéditas.

“Temos imagens subaquáticas de tirar o fôlego dos artistas renomados da fotografia como Paul Nicklin, Brian Skerry e David Doubilet, e paisagens épicas de Jimmy Chin e James Balog.”

Após a tempestade, Vale de Yosemite | Jimmy Chin/ National Geographic

Matterhorn ao Amanhecer em Zermatt, Suíça | James Balog/ National Geographic
Chapéu de cowboy voando na Rota 66, Arizona | Vincent J. Musi /Natonal Geographic

Central Park coberto por nuvens | Jim Richardson / National Geographic

Silêncio na neve em Rock Mountain, Colorado | Pete McBride / National Geographic

El Calafate, Argentina | Peter Ginter / National Geographic

Fazendo a primeira descida | Mark Fischer / National Geographic

Sage Cattabriga Alosa esquiando em uma primeira descida perto de Petesburg, Alasca, enquanto filmava para seu próximo filme, “Light the Wick”.Esta imagem faz parte da retrospectiva de Gail Buckland, autora e colaboradora de livros de fotografia, “Uma história fotográfica, 1845 até o presente”, sobre fotógrafos esportivos.


Homem andando ao longo do Rio Arno, Florença, Itália | Sisse Brimberg / National Geographic

De fotos de guerra a fotos de natureza, conexão com o planeta 

Hoje especializada em fotos de natureza, Ami Vitale é apaixonada pela profissão e diz que, ao arriscarem suas vidas, fotógrafos relatam fatos cruciais para a sociedade. 

“Eles trabalham em condições extremamente perigosas para ajudar. Se não fosse pelos fotógrafos que ficaram para cobrir o ataque brutal a uma maternidade em Mariupol, na Ucrânia, não saberíamos que ainda havia pacientes lá como a Rússia alegou”.

“A fotografia tem a capacidade única de transcender todas as linguagens e nos ajudar a entender nossas conexões profundas uns com os outros e com toda a vida neste planeta. É a melhor ferramenta para criar empatia, consciência e compreensão entre culturas; comunidades e países.”

Entre as fotos selecionadas para o projeto de ajuda pessoas afetadas por conflitos está uma cena capturada na Eslováquia mostrando grupos infantis de dança de Sloviansk e Kramatorsk.

Um ano antes, Sloviansk se tornou o primeiro reduto de rebeldes pró-Rússia, mas foi retomada pelo exército ucraniano em julho de 2014 e os rebeldes se mudaram para Donetsk.

Ucrânia passa por isso | Justina Mielnikiewicz / National Geographic

Há também imagens retratando comunidades impactadas por questões sociais e políticas. 

Vestidos | Amu Toesing / National Geographic

Vestidos de meninas pendurados em um varal em uma varanda em Utuado, Porto Rio, em 1º. de agosto de 2002. Porto Rico foi um posto avançado do colonialismo espanhol por 400 anos, até que os Estados Unidos tomaram posse em 1898. Hoje, a cultura de língua espanhola reflete sua história, uma mistura de escravos africanos, colonos espanhóis e índios tainos.

Os porto-riquenhos lutam nas forças armadas dos EUA, mas não têm direito a voto nas eleições presidenciais. Eles debatem seu relacionamento com o país, com cerca de metade da ilha querendo se tornar o 51º. estado americano e a outra metade querendo permanecer uma comunidade dos EUA. Uma pequena porcentagem acha que a ilha deveria ser um país independente.


Ahed Tamimi | Tanya Habjouqa / National Geographic

Ahed Tamimi, renomada ativista palestina, nas ruínas de um sítio arqueológico, a poucos passos da sua casa. Ela foi presa pelos militares de Israel por oito meses aos dezesseis anos, por esbofetear dois soldados fortemente armados usando equipamentos de proteção, que atiraram na cabeça de seu primo à queima-roupa.

Libertada aos dezessete anos, a apenas 21 dias de cumprir uma pena de oito meses de prisão, ela agora estuda direito e sonha em fazer mestrado em Direito Internacional dos Direitos Humanos na Espanha. 

Fotos dela confrontando soldados israelenses quando criança foram recentemente atribuídas erroneamente, nas mídias sociais, como sendo de uma criança ucraniana enfrentando soldados russos.

Balão de ar quente | Nadia Shira Cohen / National Geographic

Um balão de ar quente sobrevoa um lago artificial em Downtown Disney, na Disney World. Os motéis americanos, criados para estimular as viagens de negócios e o turismo em todo o país, ao longo dos anos tornaram-se o lar de muitos que não conseguem pagar altos alugueis, ou nos anos mais recentes foram despejados em função da recessão econômica. 

A Flórida é o lar de 1/3 das famílias sem-teto do país, que muitas vezes encontram refúgio temporário nos muitos motéis que cercam a Disney World. Essas famílias estão a um passo de viver nas ruas, juntando o que podem para conseguir um quarto ou contando com a caridade de organizações e indivíduos, enquanto fazem o que podem para se reerguer.


Dançarina em Havana | Joe McNally / National Geographic

Bailarina do Ballet Nacional de Cuba, Yanlis Abreu Gonzalez, salta na cozinha de Jossie, em Havana. Parece que alguém fez uma xícara de café em 1955 mais ou menos, e ninguém voltou por todos esses anos.


Vitale disse que os atuais eventos ao redor do mundo a motivaram a organizar a venda beneficente. 

“Estamos todos intrinsecamente ligados uns aos outros, quer entendamos ou não.

Esaa guerra é sobre todos nós, nossas vidas, lares e nosso futuro.”

Entre as fotos da coleção está uma inspiradora imagem de tempos felizes em Kiev, a capital da Ucrânia, feita em 2018. Mostra crianças brincando em uma fonte após as aulas. 

Último sinal | Dina Litovsky / National Geographic

Para a fotógrafa, um dos objetivos do projeto “Impact Now for Humanitarian Relief” é mostrar a necessidade de  encontrar a coragem para fazer a diferença.

“Todos podemos ser catalisadores para iniciar uma reação em cadeia que deterá esses horrores e mudará a trajetória atual. Todo mundo tem a capacidade de causar impacto fazendo suas vozes serem ouvidas.”

“A verdade é que muito poucas pessoas estão realmente engajadas no destino dos outros e do nosso planeta. É importante que cada um de nós seja um mensageiro. Devemos pensar sobre esses desafios aparentemente intransponíveis e reimaginar nosso futuro juntos.”

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