Em mais uma consolidação no mundo da mídia digital, o site de notícias de economia e negócios Quartz foi vendido para a empresa G/O Media, proprietária de diversos veículos digitais conhecidos, incluindo Gizmodo, Deadspin e Jezebel. Os termos do acordo não foram divulgados.

A transação foi anunciada pelo CEO do Quartz, Zach Seward, em comunicado aos funcionários na quinta-feira (28).

No texto, ele afirma que concordou em vender o site para “ajudar a impulsionar” a “próxima fase de crescimento” da G/O.

Quartz é vendido com promessa de não ter demissões

A G/O Media, de propriedade da Great Hill Partners, será a terceira dona do Quartz, fundado em 2012.

Página inicial Quartz em 29 de abril (Foto: Reprodução)

O acordo ocorre em um momento em que as publicações lutam para aumentar a receita em publicidade contra os maiores rivais da atualidade: as big techs de mídia sociais.

No comunicado interno, o CEO do Quartz, Zach Seward, sinalizou que a venda para o conglomerado de mídia ajudará a “desbloquear novos fluxos de receita sem redução de empregos” para o site de negócios.

“Essa é a lógica do negócio, mas tenho certeza de que essa notícia será uma surpresa. Depois de tornar o Quartz privado em 2020, procuramos arrecadar dinheiro e permanecer por conta própria.”

“Vender não era o plano, mas se tornou o melhor caminho para o Quartz e para todos vocês, quando começamos a conversar com a G/O no início deste ano.”

O Quartz gerou US$ 11,1 milhões em receita em 2021, abaixo dos US$ 12,3 milhões do ano anterior, segundo o New York Times (NYT), primeiro a divulgar o acordo na quinta-feira (28).

Jim Spanfeller, executivo-chefe da G/O Media, garantiu que a nova aquisição manterá seu CEO no cargo.

Ao NYT, ele disse que o interesse no Quartz foi por causa de seu jornalismo de negócios global de alta qualidade, que tem o potencial de atrair assinantes.

A empresa está focada na compra de sites que ampliem o foco editorial da G/O e se expandam para novas categorias, disse Spanfeller, “e no topo dessa lista está o jornalismo de negócios”.

Seward disse no memorando para a equipe do Quartz que os funcionários seriam elegíveis para bônus retirados dos lucros da venda, que totalizam mais de US$ 1 milhão.

Atualmente, o site tem 50 jornalistas em sua redação, e o CEO da G/O Media disse que nenhuma demissão resultaria do acordo.

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O Quartz foi cofundado por Zach Seward em 2012 como um site de notícias de negócios com cerca de 20 jornalistas, com apoio financeiro da Atlantic Media, editora da revista The Atlantic.

O site foi vendido em 2018 para a Uzabase , uma empresa japonesa, em um negócio que totalizou cerca de US$ 86 milhões.

Mas a pandemia encolheu a receita de publicidade e a Uzabase cortou quase metade da equipe do Quartz . Dois anos depois, colocou a publicação à venda .

O próprio Seward comprou o Quartz em novembro de 2020 e tornou a empresa privada. O site expandiu sua base de assinantes pagantes para cerca de 25 mil, mas, em abril de 2020, encolheu para menos de 18 mil. 

Futuro do Quartz com nova dona é incerto

Insiders revelaram preocupação com o futuro do Quartz como parte do conglomerado de mídia, já que a G/O é uma empresa com um histórico notoriamente ruim em suas transições pós-fusão, segundo o New York Post.

A G/O Media foi formada em 2019 depois que a empresa Great Hill Partners comprou diversos sites que faziam parte da Gawker Media.

Em mais de uma ocasião, os funcionários se rebelaram contra a administração. Em 2019, por exemplo, toda a equipe editorial do site esportivo Deadspin renunciou em meio a um conflito interno.

Já neste ano, os funcionários da G/O Media entraram em greve por vários dias, exigindo salários mínimos mais altos, reportou o NYT.

O Quartz anunciou este mês que removeria seu paywall e o site permanecerá gratuito sob a G/O Media.

Spanfeller disse que o veículo também continuará a oferecer produtos pagos, incluindo acesso a conteúdo da Quartz Japan e da Quartz Africa. Ainda assim, pairam dúvidas sobre sua rentabilidade com a nova gestão.

A queda na receita pressionou as empresas de mídia a mudarem suas estratégias de negócios, e muitas delas optaram por encontrar novos proprietários com mais dinheiro para se manterem abertas.

No ano passado, a Verizon vendeu suas propriedades de mídia, incluindo os sites TechCrunch, Yahoo Finance e Engadget, para a empresa Apollo Global Management, e a Vox Media se fundiu com o Group Nine Media.

Essa última fusão, inclusive, resultou em uma empresa poderosa. Fundado em 2016, o Nine é dono de marcas populares no mercado americano, incluindo The Dodo, PopSugar e Thrillist, como foco em audiência jovem. Contabiliza 250 milhões de seguidores em mídias sociais e mais de 6 bilhões de visualizações de vídeo por mês.

A Vox já era dona de marcas como New York Magazine, Vulture, The Verge e Polygon. A aquisição é a maior das cinco anunciadas em 2021. As quatro anteriores foram podcasts: Cafe Studios, Punch, Hot Pod e Criminal Productions.

A união dos dois portfólios tornou a Vox uma das 10 maiores empresas de mídia dos Estados Unidos por alcance de público, atingindo 350 milhões de seguidores de mídia social e 6 bilhões de visualizações mensais de vídeo, destaca o comunicado.

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