Em tempos de ataques à democracia, polarização e desinformação em todo o mundo, a cobertura da imprensa sobre eleições não deve se limitar ao registro da disputa como se fosse uma “corrida de cavalos”. 

O alerta é feito pela Rede Global de Jornalismo Investigativo (GIJN, na sigla em inglês), que promove nesta terça-feira (3/5), Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, um webinar internacional gratuito sobre o tema, aberto a profissionais de mídia e a qualquer interessado em política. 

Entre os participantes está a jornalista brasileira Juliana Dal Piva, do UOL, ao lado de profissionais de imprensa de outros países.

Cobertura de eleições precisa se proteger de autocratas

O encontro acontece às 11h (horário de Brasília). As inscrições podem ser feitas no site da GIJN.

As ameaças às eleições democráticas são diversas: campanhas de desinformação, interferência estrangeira, supressão de eleitores, corrupção, violência e intimidação são alguns exemplos que colocam em risco o momento da escolha de representantes políticos.

No webinar “Investigando as eleições”, que será ministrado em inglês, cinco jornalistas com experiência na investigação de processos eleitorais vão debater as melhores e mais atualizadas práticas da cobertura da disputa de votos.

Eles falarão sobre ferramentas inovadoras, como fazem para investigar fatos relativos aos candidatos, construção de fontes de informação e mecanismo para rastrear a desinformação.

A GIJN salienta que cobrir as eleições como uma “corrida de cavalos” nunca foi suficiente, mas atualmente essa abordagem é ainda mais inadequada. 

“Em momentos delicados com o atual, a mídia independente e os jornalistas investigativos têm um papel vital a desempenhar: cavar além da superfície das eleições, ao mesmo tempo em que protegem a si mesmos, suas fontes e a própria liberdade de expressão do ataque de forças antidemocráticas”, afirma a organização.

O debate será moderado por Sheila Coronel, professora de jornalismo e diretora do Stabile Center for Investigative Journalism da Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia, em Nova York.

Ela começou sua carreira de repórter nas Filipinas durante a ditadura de Ferdinand Marcos.

Foi cofundadora do Philippine Center for Investigative Journalism e atuou como a primeira diretora executiva do Centro.

Conheça os jornalistas que participam do webinar:

  • Juliana Dal Piva é uma jornalista brasileira, colunista do UOL e autora do podcast “A Vida Secreta de Jair”, que revelou o envolvimento do presidente Jair Bolsonaro em um esquema ilegal de pagamento de salários de assessores quando era deputado federal.
  • Rowan Philp é repórter da equipe da GIJN e autor do Guia de Eleições para Repórteres Investigativos. Ele foi anteriormente o repórter-chefe do Sunday Times da África do Sul. Como correspondente estrangeiro, fez reportagens sobre política, corrupção e conflitos em diversos países.
  • Craig Silverman é um premiado jornalista, escritor e um dos maiores especialistas do mundo em desinformação online, notícias falsas e investigações digitais. Ele é repórter da ProPublica e cobre eleições, plataformas, desinformação e manipulação online.
  • Denis Teyssou é o chefe do AFP Medialab, onde lidera uma equipe de jornalistas e engenheiros desenvolvendo novas ferramentas para a redação da Agence France Press. Ele ajudou a desenvolver a ferramenta InVid Twitter SNA para ajudar nas eleições.

Como parte dos esforços para a cobertura política em tempos de ataques à democracia, a GIJN acaba de publicar o Guia de Eleições para Repórteres Investigativos, que oferece uma ampla gama de ferramentas e técnicas para ajudar os repórteres a se aprofundarem em quase todo tipo de eleição.

O material está em inglês e deve ser traduzido para o português em breve.

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