Londres – A busca por fotos perfeitas da Via Láctea desafia amadores e profissionais de todo o mundo, exigindo equipamentos sofisticados, técnica e muita disposição para chegar a locais remotos e passar horas aguardando o momento adequado. 

O site de viagens e fotografia Capture The Atlas seleciona anualmente os melhores trabalhos da chamada astrofotografia dedicada à Via Láctea. São tantos registros impressionantes que o site não escolhe uma, mas várias fotografias do ano.

A lista deste ano inclui registros feitos por 25 fotógrafos de 14 nacionalidades em 12 países: Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Chile, Argentina, Egito, França, Espanha, Eslovênia, Eslováquia, Japão e China.

Maio, estação perfeita para fotos da Via Láctea

Blog de viagens dedicado a promover a astrofotografia, o Capture the Atlas  é dirigido pelo fotógrafo Dan Zafra, responsável pela curadoria das imagens selecionadas. 

Zafra procura não apenas imagens feitas por  fotógrafos renomados, mas também por novos talentos e locais onde a Via Láctea não foi fotografada antes, como as imagens do Tibete e Xinjiang na edição deste ano.

A estação perfeita para apreciar a Via Láctea vai de fevereiro a outubro no Hemisfério Norte e de janeiro a novembro no Hemisfério Sul. A melhor época para ver e fotografar a Via Láctea é geralmente entre maio e junho, com o máximo de horas de visibilidade da Via Láctea em ambos os hemisférios.

Deserto, ambiente perfeito para fotos da Via Láctea 

Além do tempo, outro requisito para ver a Via Láctea é um céu escuro e longe da poluição luminosa. “É sempre recomendável afastar-se de áreas poluídas pela luz, como cidades, e visitar áreas em altitudes mais elevadas”, recomenda Zafra.

Sem luzes artificiais e com clima seco, os desertos estão entre os pontos favoritos de quem se dedica a registrar a Via Láctea.

Sentinela– por Andy Jones – Utah, EUA

Fotógrafo da Via Láctea do ano Utah EUA
Foto: Andy Jones,  Fotógrafo do ano da Via Láctea 

“Utah é um local conhecido por suas paisagens desérticas únicas, e a natureza tem sua própria maneira de chamar sua atenção. Este pilar de arenito atraiu a minha. É uma grande estrutura vermelha que se projeta do chão e vigia o vale, como uma sentinela. Ele resistiu à Mãe Natureza e lutou contra o Pai Tempo. E ainda está de pé.

A área é visitada por uma variedade de razões. Eu fui  para ver o céu noturnos e as rochas vermelhas. As estrelas estavam brilhantes e imóveis. As vozes e o crepitar de uma pequena fogueira do acampamento próximo eram audíveis, mas não altos. Todos os componentes para um momento inesquecível.

Ao fotografar este panorama, não pude deixar de pensar: quantas noites iguais essa sentinela de arenito testemunhou?”


Relâmpago da Via Láctea – por Jinyi He,  Xinjiang, China

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Foto: Jinyi He, Fotógrafo do ano da Via Láctea 

“Esta foto foi feita no deserto de Dahaidao, a “terra de ninguém” em Xinjiang. Por causa do vento muitas vezes violento, a área gradualmente se corroeu em colinas separadas, que assumem formas únicas.”


Noites Egípcias – por Burak Esenbey, Deserto Branco, Egito

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Fotografia: Burak Esenbey/Fotógrafo do ano da Via Láctea

“Do Cairo, dirigimos cerca de cinco horas para o oeste até o nosso acampamento base. O deserto no Egito é dividido em Deserto Branco e Negro. Como o próprio nome sugere, o Deserto Negro tem solo escuro e grandes colinas, enquanto o Deserto Branco é menos acidentado,  formado principalmente em areia fina e clara do Saara.

Devido às tempestades de areia, muitas dessas formações rochosas têm uma forma única, oferecendo uma grande variedade de composições.”


A estrada do sal –Alexis Trigo, San Pedro de Atacama, Chile

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Fotografia: Alexis Trigo/Fotógrafo do ano da Via Láctea

“Quando se visita o deserto do Atacama, com sua aridez e céu estrelado, você se sente como se estivesse em outro planeta. O lugar fotografado é a milenária cordilheira de sal, onde reina um silêncio inquebrável, ideal para introspecção e contemplação do céu.

Uma das minhas características favoritas deste lugar é a extensa camada de sal do solo que reflete e aumenta a luz escassa, que vem principalmente da luz zodiacal e se traduz em menos impacto na fotografia.”


Pico Starlit – por Spencer Welling, Utah, EUA

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Fotografia: Spencer Welling/Fotógrafo do ano da Via Láctea

“As terras de Utah estão repletas de relevos deslumbrantes, escondidos nos cantos raramente vistos do deserto. Esta formação semelhante a uma agulha é um desses locais ,situado abaixo de um conjunto de penhascos de xisto azul nas Hanksville Badlands. 

O céu noturno sobre esta região oferece algumas das vistas mais escuras e brilhantes de estrelas de todo o sudoeste. Em noites claras e sem lua, as estrelas brilham o suficiente para lançar sombras perceptíveis no chão, como fizeram nesta noite, quando eu estava abaixo do pico.”


A Via Láctea em arco sobre o Deserto dos Pináculos – por Trevor Dobson, Parque Nacional de Nambung, Austrália

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Fotografia: Daniel Zafra Portill/Fotógrafo do ano da Via Láctea

“Este é um panorama de 180 graus da Via Láctea, no Deserto dos Pinnacles, duas horas ao norte de Perth. Os Pinnacles são um local incrível para a astrofotografia.

A região está repleta de milhares desses monólitos de calcário, proporcionando possibilidades de composição quase infinita. É uma das razões pelas quais continuo voltando aqui ano após ano.”


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A  Via Láctea  em fotos sobre o mar, montanhas e campos floridos 

Casa de Lavanda – por Benjamin Barakat, Valensole, França

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Fotografia: Benjamin Barakat/Fotógrafo do ano da Via Láctea

“Capturei esta imagem da Via Láctea no verão em Valensole, França. O cheiro e a atmosfera desses campos de lavanda parecem rreais. Ficar lá no meio da noite é  um momento de felicidade, especialmente porque as abelhas foram dormir e você não corre o risco de ser picado! 

Nada é melhor do que uma noite quente de verão com uma bela vista do céu noturno a partir dessa casa solitária e icônica que fica no meio de um planalto de lavanda.”


Segredo – por Marcin Zajac, Califórnia, EUA

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Fotografia: Marcin Zajac/Fotógrafo do ano da Via Láctea.

“Esses desenhos foram esculpidos em uma grande pedra vulcânica por nativos americanos que habitavam esta parte do leste da Califórnia há milhares de anos. Ao lascar a superfície escura da rocha, eles expuseram a camada mais clara por baixo.

O que é incomum na cena é que ela está voltada para cima em direção ao céu, permitindo algumas composições interessantes que incluem as montanhas California Sierra Nevada e o céu noturno na mesma imagem.”


Arco da Via Láctea nas primeiras horas da primavera – por Egor Goryachev, La Palma, Ilhas Canárias – Espanha

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Fotografia: Fotógrafo do ano Egor Goryachev/ Fotógrafo do ano da Via Láctea

Durante os meses de primavera, o núcleo da Via Láctea começa a aparecer na parte sudeste do céu matinal, permitindo  fotografar todo o arco em um ângulo de quase 180 graus de norte a sul. 

Escolhi o Pico de la Cruz, um dos cumes da Ilha de La Palma, para passar a noite fotografando nossa galáxia. Por volta das 4 da manhã, a Via Láctea estava alta o suficiente no céu para que eu pudesse capturar uma forma de arco sem qualquer distorção das estrelas ao redor.”


Kiwi Galáctico – por Evan McKay, Monte Taranaki, Nova Zelândia

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Fotografia: Evan McKayGalactic Kiwi – Monte Taranaki, Nova Zelândia/Fotógrafo do ano da Via Láctea

“Eu tinha capturado imagens nesse local antes, mas senti que poderia fazer melhor. Então voltei para tentar novamente. Fiquei agradavelmente surpreso ao descobrir que o céu havia clareado pela manhã e comecei a fotografar desse ponto. Havia até alguns meteoros voando e consegui registrar alguns deles.”


Monte Fuji e a Via Láctea sobre o Lago Kawaguchi – por Takemochi Yuki,  Yamanashi, Japão

Fotografia: Takemochi Yuki/ Fotógrafo do ano da Via Láctea

“O local onde a foto foi feita chama-se Fujiyama Twin Terrace. Chega-se lá subindo por cerca de uma hora. Capturei esta imagem em 9 de abril de 2022, por volta das 3 da manhã.

É o único momento na primavera que se pode tirar uma foto dessa visão noturna, com o Monte. Fuji e a Via Láctea ao mesmo tempo. No inverno, torna-se difícil chegar lá porque a estrada fica coberta de neve. Quando fica mais quente no verão, a Via Láctea sobe para o oeste e  se afeta do monte.


Chuva de meteoros Perseida em Mangart Saddle– por Uros Fink, Julian Alps, Eslovênia

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Fotografia: Uroš Fink/Fotógrafo do ano da Via Láctea

“Eu amo a natureza e estar sob um céu estrelado, em silêncio. É aí que me sinto livre, mas, ao mesmo tempo, tão pequeno. O interessante ao fotografar o céu noturno é que nunca se sabe o que esperar. Surpresas estão acontecendo por todo o céu.

O tempo estava ótimo no começo, mas à medida que a noite progredia, nuvens altas apareceram, o que, infelizmente, obscureceu o que estava acontecendo no céu. O que me encantou enquanto fotografava  é que, nesta noite, a Mangart Saddle (cadeia de montanhas) estava cheia de luz de todos os lados.”


Céu de inverno sobre as montanhas – por Tomás Slovinsly, Low Tatras, Eslováquia

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Fotografia:Tomás Slovinsly /Fotógrafo do ano da Via Láctea

“Embora a visão da Via Láctea seja mais tênue no inverno do que no verão, ela ainda está cheia de belas características que também merecem atenção.

Esta parte da galáxia contém muitas estrelas brilhantes. Os braços galácticos estão cheios de nebulosas hidrogênio-alfa: objetos quase sempre invisíveis a olho nu, mas totalmente visíveis com uma câmera astromodificada. O arco visto na imagem estende-se acima das montanhas Low Tatras, na Eslováquia, onde as temperaturas caíram abaixo de -14C naquela noite.”


Caminho para o passado – por Jose Manuel Galvan Rangel, Estremadura, Espanha

Fotografia: Jose Manuel Galvan Rangel/Fotógrafo do ano da Via Láctea

“Um paraíso natural – essa é a melhor maneira de descrever a região espanhola onde foi feita a imagem. Não só a flora e a fauna desta região menos conhecida são espetaculares, mas também os céus noturnos, com milhões de estrelas que parecem se iluminar quando a noite cai, livres da poluição e luzes das grandes cidades.

Tirei esta foto da Via Láctea em uma cidade remota na parte sudoeste desta comunidade chamada Salvatierra de los Barros”.


Idade do Gelo – por Alvin Wu, Tibete, China

Fotografia: Alvin Wu/Fotógrafo do ano da Via Láctea

“Esta é a versão chinesa do lago de gelo azul, Pumoungcuo, a uma altitude de 5.070 metros. Este lago no Tibete congela todo inverno. À noite, sob as baixas temperaturas de -20C, você pode ouvir o som do gelo rachando enquanto captura o mais belo céu da estação.

A superfície de gelo azul e a deslumbrante constelação de Orion criam uma paisagem de fantasia.”

Para quem estiver interessado em fotografar a Via Láctea, o planejamento é fundamental. O Capture the Atlas oferece Calendários gratuitos , que ajudam a descobrir os melhores dias e horários para registrar a galáxia de acordo com sua localização.

Fotos publicadas sob autorização do Capture The Atlas / não podem ser reproduzidas
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