A falta de diversidade no jornalismo pode impactar diretamente na transmissão de notícias ao deixar de refletir populações ou grupos específicos historicamente marginalizados na sociedade.
Para ajudar na mudança desse cenário, o Centro Knight para o Jornalismo nas Américas promove uma série de iniciativas que discutem diversidade, equidade e inclusão (DEI) nas redações e no conteúdo produzido.
São cursos, webinars, conferência e um e-book oferecidos online e de forma gratuita que podem ser acessados por jornalistas, profissionais da mídia, professores, estudantes ou por pessoas que se interessam em acompanhar tendências sobre a diversidade.
Diversidade no jornalismo é tema de curso online
Em janeiro de 2021, o Centro Knight realizou o primeiro curso focado nas questões DEI para o jornalismo. O curso em espanhol “Diversidade nas notícias e nas redações”, ministrado pelo jornalista peruano Marco Avilés, atraiu quase 2 mil pessoas de todos os países da América Latina.
Neste vídeo, ele apresenta a programação.
O conteúdo agora está disponível como um curso autodirigido que pode ser acessado gratuitamente na plataforma online JournalismCourses.org.
“’Diversidade nas notícias e nas redações’ é um curso que oferece ideias, conselhos, leituras, debates e experiências”, disse Avilés. “Mas acima de tudo, tente se motivar a agir. Ou seja, criar espaços de trabalho equitativos e um jornalismo mais receptivo.”
A versão autodirigida do curso está disponível tanto para alunos que o assistiram em tempo real e desejam consultar novamente o conteúdo ministrado quanto para novos interessados que podem acessar as aulas no seu próprio ritmo.
“Desde que lançamos nosso primeiro curso online sobre diversidade no jornalismo no ano passado, ficamos impressionados com o grande interesse demonstrado pelos jornalistas latino-americanos em aprender mais sobre o tema e como eles podem incorporá-lo em suas organizações e na cobertura de notícias”, disse o professor Rosental Alves, fundador e diretor do Centro Knight.
Conferência debateu diversidade no no jornalismo das Américas
Após a conclusão desse primeiro curso, o Centro Knight realizou a primeira Conferência Latino-Americana sobre Diversidade no Jornalismo.
O encontro debateu temas como gênero, orientação sexual, questões raciais e étnicas e deficiência, reunindo 19 palestrantes da América Latina e dos Estados Unidos em quatro sessões temáticas e duas mesas especiais.
Alguns dos participantes foram os brasileiros Jamile Santana, gerente de jornalismo da Énois Conteúdo; Caê Vasconcelos, repórter da Ponte e Paula Cesarino, ex-editora de diversidade da Folha de S. Paulo.
Também compartilharam experiências Ruthy Muñoz, jornalista colaboradora da Skift e da palabraNAHJ (EUA), a jornalista argentina Liza Gross, vice-presidente de mudanças de práticas da Solution Journalism Network; Belén Arce, diretora editorial de Chicas Poderosas; Ale Higareda, diretor do Malvestida.com; Lucía Solis, editora de gênero do Grupo La República; Luz Mely Reyes, cofundadora do Efecto Cocuyo; Cristian Alarcón, fundador da revista Anfibia e do site Cosecha Roja; Eladio González, editor geral da Expansión no México; Lina Cuellar, diretora e cofundadora da Sentiido, da Colômbia; Marco Avilés, colaborador do Washington Post e do Ojo-Público; María Teresa Juárez, chefe da área de formação e inovação de Periodistas de a Pie no México e Pedro Cayuqueo, escritor e jornalista mapuche do Chile.
Todos os vídeos da conferência, realizada em espanhol, podem ser encontrados no canal da organização no YouTube.
Curso sobre práticas DEI reuniu especialistas do Brasil e das Américas
Na sequência das atividades oferecidas pelo Centro Knight para ampliar o debate, o curso em espanhol “Como promover diversidade, equidade e inclusão (DEI) no jornalismo latino-americano”, realizado em fevereiro e março, reuniu quase 500 alunos de todos os países da América Latina.
A exemplo dos demais programas, esse treinamento também está disponível no formato autodirigido e gratuito, podendo ser feito a qualquer momento pela plataforma do Knight Center.
A apresentação do programa pode ser vista aqui.
Para a realização do curso, a organização entrevistou mais de 400 jornalistas, editores, executivos de mídia, estudantes e professores de jornalismo de 15 países da região sobre questões de diversidade para redações.
A jornalista mexicana e coordenadora do programa, Mariana Alvarado, também realizou entrevistas individuais com diretores de meios de comunicação na América Latina.
“Entendemos que precisamos educar todos na indústria, não apenas jornalistas, mas também gerentes e pessoas de recursos humanos”, disse ela.
A jornalista destaca que mais de 34% das inscrições para o curso eram de homens, o que é notável, pois, segundo ela, o trabalho do DEI geralmente recai sobre as mulheres.
O curso foi ministrado por quatro instrutores da América Latina especializados em temas relacionados à diversidade: a jornalista e editora de gênero peruana Lucía Solís; a roteirista mexicana e especialista em formação de jornalistas María Teresa Juárez; a jornalista colombiana especializada em investigações e gênero Pilar Cuartas; e a comunicadora argentina Belén Arce Terceros.
Após as aulas para o Centro Knight, Mariana Alvarado e os instrutores realizaram sessões de treinamento com redações individuais no Peru, Colômbia e México para compartilhar o conteúdo do curso, mas de forma personalizada: concentrando-se em gênero ou cobertura antirracista, por exemplo.
Livro reúne experiências de diversidade no jornalismo de sete países
Em outra iniciativa para promover práticas DEI na mídia, o Centro Knight publicou em 2021 o e-book “Diversidade no jornalismo latino-americano”.
O livro apresenta artigos de 16 jornalistas de sete países oferecendo visões sobre como tornar as redações e a cobertura jornalística mais inclusivas para grupos diversos como LGBQT+, minorias e pessoas com deficiência.
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Livro do Knight Center apresenta ideias para aumentar a diversidade no jornalismo latino-americano