Uma extensa colaboração de quase duas décadas feita por centenas de cientistas criou o maior banco de fotos de animais da Amazônia. Mais de 120 instituições de pesquisa se uniram para documentar a vida selvagem da região, com o resultado publicado neste mês no periódico Ecology.
O “dia a dia” da diversidade biológica da floresta foi registrado em 150 mil imagens capturadas por armadilhas fotográficas acionadas por sensores.
São registros únicos de aves, tamanduás, onças, antas, ursos andinos e muitos outros animais, feitos de forma automática e sem a presença humana. Os disparos das câmeras são feitos quando o animal passa pelo local.
O maior banco de fotos de animais da Amazônia
O estudo foi liderado pelo Centro Alemão de Pesquisa da Biodiversidade Integrativa e pela Universidade Friedrich Schiller de Jena, e envolveu instituições de diversos países, incluindo do Brasil.
Os pesquisadores afirmam que a floresta amazônica, com a maior diversidade do planeta, carece de dados sobre a fauna de vertebrados.
E até então não existia uma compilação de imagens registradas por cientistas na região que ajudasse a monitorar e até descobrir novas espécies.
No total, 317 espécies da fauna amazônica foram fotografadas em 143 locais diferentes. Os cientistas se organizaram para cobrir a vida na floresta nos oito países onde ela se estende: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela.
O novo estudo publicado na Ecology se destaca por ser a primeira vez que imagens de armadilhas fotográficas de diferentes regiões do bioma foram reunidas e padronizadas em grande escala, criando o maior banco de fotos dos animais da Amazônia.
Os cientistas explicam que o uso de armadilhas fotográficas é um método não invasivo para a catalogação e monitoramento de espécies, já que permite que cenas raras como acasalamento, alimentação e cuidados com filhotes sejam registradas sem interferência humana.
Foram feitas cerca de 155 mil fotos dos habitantes da floresta entre 2001 e 2020 — mais de um terço delas realizadas pela ONG americana Wildlife Conservation Society (WCS), que compilou no vídeo abaixo algumas dessas cenas.
A organização captou imagens na Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador e Peru que mostram filhotes de onças brincando com a mãe, um tamanduá-bandeira rolando em um lamaçal e cachorros-do-mato desconfiados da câmera.
Antas, queixadas, gaviões-reais, tucanos, jaguar, urso andino, pumas e muitas outras espécies também foram registradas no extenso trabalho colaborativo.
A onça-pintada e o urso andino são espécies prioritárias para o trabalho de preservação desenvolvido pela WCS, sediado no Zoológico do Bronx, em Nova York.
Além da criação do banco de imagens da fauna amazônica, o projeto também tem como objetivo documentar a perda e fragmentação de habitats e as mudanças climáticas.
A Bacia Amazônica abrange aproximadamente 8,5 milhões de quilômetros quadrados em oito países. O intenso desmatamento na região tem impactado diretamente a vida da fauna na floresta.
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Os dados compilados para o estudo que saiu na revista Ecology estão abertos para que outros cientistas o consultem de forma gratuita e o usem em novas publicações científicas.
Segundo os pesquisadores, essa colaboração internacional é importante para monitorar os efeitos da perda de habitat, fragmentação, mudança climática e outros processos que afetam a fauna provocados pelo homem em um dos mais importantes e ameaçados ambientes tropicais do mundo.
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