Os EUA comemoram neste quatro de julho seu segundo Dia da Independência depois de um evento que marcou para sempre a história do país: em 6 de janeiro de 2021, a sede do Congresso foi invadida em Washington por manifestantes decididos a impedir a qualquer custo a posse do presidente Joe Biden no lugar de Donald Trump, abalando o prestígio do país. 

Os EUA não foram os mesmos desde então. As investigações sobre o ato que deixou cinco mortos continuam. Donald Trump se prepara para uma nova candidatura à presidência. E a polarização política, na sociedade e na mídia, que já era grande, só fez aumentar. 

O Instituto Pew Research Center aproveitou a data nacional para consolidar diversos estudos recentes e construir um quadro da percepção dos americanos em relação ao seu país e à sua democracia. 

Prestígio dos EUA na visão dos americanos 

Os americanos se acham superiores? A maioria acha que sim – e  os mais velhos são os mais convencidos dessa superioridade, segundo a pesquisa.

O estudo do Pew, assinado pela analista Katherine Schaeffer, destaca uma pesquisa feita em julho de 2021, em que 52% dos americanos disseram que os EUA são “um dos maiores países do mundo, em igualdade de condições com alguns outros”.

Outros 23% disseram que os EUA “estão acima de todos os outros países do mundo”. Menos de um quarto dos entrevistados (23%) disseram que “há outros países que são melhores do que os EUA”.

Pessoas com mais de 65 anos foram mais propensas a dizer que os EUA estão acima de todos os outros países (38%), enquanto os adultos na faixa entre os 18 e 29 anos foram os menos propensos a dizer isso (10%).

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Entre os republicanos ou independentes que se inclinam para o Partido Republicano, 38% disseram que os EUA estão acima de todas as outras nações, em comparação com apenas 12% dos democratas que acham o mesmo. 

Democratas de 18 a 29 anos se mostraram especialmente propensos a dizer que outros países são melhores do que os EUA, com 55% expressando essa opinião.

No plano internacional, prestígio dos EUA continua igual?  

A invasão do Capitólio foi transmitida ao vivo para o mundo inteiro, com cenas de selvageria assustando quem sempre viu os EUA como uma nação organizada e politicamente estável.

O último ano de Donald Trump no cargo coincidiu com o auge da pandemia. O ex-presidente consagrou-se como propagador de fake news sobre a doença e por opiniões controvertidas sobre o uso de máscaras e a prática do isolamento. 

Tudo isso foi extensivamente coberto pela mídia internacional. E os americanos entenderam o prejuízo causado ao prestígio dos EUA.  

Segundo Schaeffer, houve mudanças consideráveis na forma como republicanos e democratas passaram a ver o respeito global ao país. 

Em uma pesquisa realizada em maio deste ano, 81% dos republicanos disseram achar que os EUA são menos respeitados por outros países em comparação com o passado.

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A analista observa que no campo republicano houve um aumento de quase 50 pontos percentuais dessa visão negativa em relação à era Trump, quando os republicanos eram mais propensos a dizer que os EUA eram mais respeitados internacionalmente do que a dizer que eram menos respeitados.

Já no campo democrata, seis em cada dez disseram em maio que os EUA são menos respeitados do que no passado, taxa inferior ao recorde de 87% em 2017, durante o governo Trump.

“No geral, 68%  dos americanos dizem que os EUA são menos respeitados no cenário global do que no passado.”

Imigração, nervo exposto nos EUA 

O estudo do Pew examinou também a opinião dos americanos sobre um tema que divide a sociedade: a imigração. Dois terços da população (66%) dizem que a abertura do país a pessoas de todo o mundo é “essencial para os EUA como nação”.

Segundo Katherine Schaeffer, os adultos mais jovens se demonstraram mais propensos do que pessoas mais velhas a receber bem os imigrantes: 78% dos adultos com menos de 30 anos e 69% daqueles com idades entre 30 e 49 anos disseram isso em uma pesquisa em 2021, em comparação com 60% dos adultos com idades entre 50 e 64 anos e 59% daqueles com mais de 65 anos.

“Os democratas eram mais propensos do que os republicanos a dizer que a abertura dos Estados Unidos é essencial para a identidade do país (85% vs. 46%)”, observou a analista do Pew. 

Democracia dos EUA preocupa 

O impacto da polarização e dos acontecimentos no Capitólio deixaram marcas. A maioria dos americanos está insatisfeita com a maneira como a democracia está funcionando no país, revelou a análise.

Cerca de seis em cada dez adultos dos EUA (58%) dizem que não estão satisfeitos com a maneira como sua democracia está funcionando.

Foi um dos cinco maiores índices de insatisfação verificados numa pesquisa feita pelo Pew no segundo trimestre de 2021 com pessoas de 17 economias desenvolvidas em todo o mundo.

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O índice de insatisfação dos norte-americanos ficou quase 50% acima da média (41%) dos dezessete países em conjunto.  

Na mesma pesquisa, a grande maioria (85%) dos norte-americanos disse que o sistema político dos EUA precisa de grandes mudanças (43%) ou de uma completa reforma (42%), enfatizou Schaeffer. 

Entre os adultos dos EUA que dizem querer uma reforma política significativa, 58% disseram que não estão confiantes de que ela venha a ocorrer. 

Em todos os 17 países pesquisados, em média 38% disseram que seu próprio sistema precisa de mudanças, enquanto 23% disseram que precisa ser completamente reformado.

Consciência de queda do prestígio x confiança no futuro 

Ainda assim, os americanos seguem otimistas sobre o futuro do país, segundo o estudo do Pew Research Center.

Mais de dois terços dos entrevistados (68%), incluindo as maiorias de ambos os partidos políticos, disseram em uma pesquisa no segundo trimestre deste ano que tinham alguma ou muita confiança no futuro dos Estados Unidos.

Cerca de três quartos dos democratas (74%) e 62% dos republicanos compartilham essa opinião.

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“Os americanos permanecem esperançosos, ainda que insatisfeitos com o estado atual da nação”, apontou a analista do Pew. 

Como tem sido o caso desde que Joe Biden venceu a eleição presidencial de 2020, os democratas (63%) são consideravelmente mais propensos do que os republicanos (37%) a dizer que se sentem confiantes no futuro do país. 

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Redação MediaTalks
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