Londres – Mais de 7 mil imagens disputaram a segunda edição do prêmio de fotografia ambiental da Fundação Príncipe Albert de Mônaco, com trabalhos retratando belezas, soluções para reverter os efeitos da ação o homem sobre a natureza e também cenas desoladoras.
A foto vencedora da edição 2022 foi feita no Sri Lanka, mostrando um elefante que não resistiu ao plástico engolido em um depósito de lixo.
Dividido em cinco categorias, o concurso reuniu imagens de paisagens e criaturas da natureza, muitas ameaçadas de extinção. Confira os vencedores.
“Lágrimas”, 1º lugar no prêmio
O júri do prêmio descreveu a imagem feita por Easa Lebbe Muhammed Jamsith como “de partir o coração”. Ele venceu a categoria Ser Humano x Natureza e também foi eleito o melhor do ano no concurso.
A foto retrata os momentos finais de um elefante em um depósito de lixo em Oluvil, Sri Lanka. O esôfago do elefante, uma fêmea, estava bloqueado devido à ingestão diária de resíduos de polietileno de embalagens misturados aos restos de comida deixados no local.
Ela não resistiu mesmo depois de três dias de tratamento por veterinários no próprio local, já que a remoção não era possível.
Jasmith relatou que o animal mantinha o corpo curvado pela dor “como uma criança em agonia” e olhou para ele com lágrimas nos olhos quando ele se aproximou para fotografar, daí o nome da imagem.
Foi a sétima morte de elefantes da mesma forma no depósito de lixo, segundo os veterinários. Os elefantes, e também outros animais como cães, gatos e pássaros, morrem com o estômago quase vazio, sem comida, porque os plásticos e outros materiais não digeríveis se acumulam e impedem a digestão de alimentos.
Para quem gostou do trabalho, vale acompanhar os próximos passos de Jamsith. Além de um prêmio de 5 mil euros (R$ 27 mil), ele ganhou uma viagem para a Estação de Pesquisa Amazônica da Universidade do Equador, para fazer um documentário no coração da floresta.
Escolha do Público
Mathieu Courdesses, com ‘Black and Wild’
A fotografia preferida do público em votação online do concurso de fotografia ambiental de Mônaco foi o retrato em preto e branco de um gorila feito por Mathieu Courdesses, da França. A imagem foi capturada no Parque Nacional dos Vulcões, em Ruanda.
Prêmio destacou fotografias do ar, do céu e do mar
Além das fotos escolhidas pelo júri do prêmio e pelo público via internet, os jurados elegeram as melhores em cinco categorias.
Maravilhas Polares
Fotografias retratando paisagens, vida selvagem e comunidades locais nas regiões polares (Ártico e Antártico).
1 º lugar – Kirstin Jones com ‘A Grande Jornada’
Três pinguins-gentoo, apontados por cientistas como as aves que nadam mais rápido no mundo, atravessam uma colina de neve até sua colônia.
Eles são listados como “quase ameaçados”, pois a população está diminuindo devido a fatores como perda do habitat, perturbação humana e o impacto da pesca sobre espécies das quais se alimentam.
2 º lugar – Yuri Pritisk com ‘Rio Vivo’
No antigo leito do rio Mari Taiga, na Rússia a água nunca congela. A cor azul que se destaca na neve é dada por uma camada de lama salgada que se deposita no fundo do lago que alimenta o curso d’água.
3º lugar – Vasily Iakovlev com ‘Em busca de Gerda’
Uma caverna no lago Baikal, na Rússia.
Sob o dossel
A beleza da flora e fauna que compõem o ecossistema florestal e a vida das comunidades nativas nas florestas boreais, temperadas e tropicais.
1 º lugar – Haikun Liang, com ‘Glowworm’
A imagem foi feita em Guangdon, na China, mostrando a luz emitida por insetos bioluminescentes.
2 º lugar – Panos Laskarakis, com ‘Mundo Macro!’
Na Grécia, o fotógrafo capturou uma floresta de cogumelos, “onde a vida prospera e um mundo frágil espetacular está esperando por nós para ser explorado”.
3º lugar – Jari Heikkinen com ‘A Grande Coruja na Lua Cheia’
Emoldurada pela lua cheia, uma grande coruja cinzenta aprecia a floresta de bétulas na Finlândia.
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Sob a superfície da água
A riqueza das paisagens aquáticas e das espécies que habitam os oceanos
1 º lugar – Yung-Sen Wu, com ‘Pacific Red Sockeye’
A cena multicolorida, com a imagem do movimento da água separando a terra do rio, tem como destaque uma dupla de peixes sockeye, um tipo de salmão.
2 º lugar – Gabriel Barathieu com ‘Fluxo de Peixe-gato’
O grafismo mostra um cardume de bagres em Mayotte, uma ilha na costa de Moçambique que pertence à França. O efeito foi obtido utilizando um flash estroboscópio, que dispara durante a captura da imagem e forma as linhas que acentuam o movimento.
3º lugar – Alex Mostarda, com ‘Padrões do Casco”
A imagem foi feita no Parque Marinho de Bunaken, Indonésia. Embora a espécie seja uma tartaruga verde, o fotógrafo optou por retrato-la em preto e branco para destacar os desenhos no cargo de uma tartaruga.
Ser humano x Natureza
Imagens que retratam a relação conflitante entre os seres humanos e a natureza e o impacto negativo das atividades humanas sobre meio ambiente.
O primeiro lugar na categoria foi a imagem do elefante no lixão, que também venceu o prêmio principal.
As outras duas premiadas mostram cenas igualmente tristes e preocupantes.
2 º lugar – Tran Van Hong, com ‘Desastre’
A imagem capturada pelo fotógrafo vietnamita lembra a imagem icônica que mudou os rumos da guerra do Vietnã, mostrando o terror de uma menina fugindo de um ataque de gás napalm.
Cinquenta anos depois, os incêndios florestais em um depósito de lixo são a ameaça.
3º lugar – Majid Hojati, com ‘Seca’
A imagem foi capturada na província de Chahar Mahal e Bakhtiari, no Irã, em outubro de 2021.
A natureza exuberante do passado deu lugar a um terreno seco. A placa diz:
“Devo me lembrar de não fazer nada que seja contra a lei da ‘Terra'”
Rumo a um futuro sustentável
Imagens que destacam os esforços, ações e soluções implementadas globalmente para construir um mundo mais sustentável e relações mais harmoniosas entre o homem e a natureza.
1 º lugar – Simone Tramonte, com ‘Transição Net-Zero (II)’
Com uma área de 31 hectares, a estufa hidropônica em Ostellato, na Itália, é a maior do sul da Europa. Nela, 220 km de luzes LED de baixa potência permitem a produção de alimentos no inverno, garantindo a colheita durante todo o ano.
As operações de estufa são baseadas nos princípios da economia circular. No final do ciclo de vida, as plantas se tornam o combustível para a usina de biogás que alimenta a estufa. O tomateiro é cultivado em ambiente controlado, resguardado de poluentes externos, portanto não há necessidade de herbicidas. Graças ao cultivo hidropônico, o uso da terra é reduzido a apenas um décimo da agricultura tradicional e o uso da água é reduzido em 70%.
2 º lugar – Giacomo d’Orlando, com ‘Jardim de Nemo’
O Jardim do Nemo, localizado em Sant’Olcese, área metropolitana de Gênova, é o primeiro sistema de estufas subaquáticas do mundo. Seu objetivo é encontrar um método alternativo de agricultura para o futuro, a fim de neutralizar a pressão das mudanças climáticas no planeta. Em suas bioesferas são cultivadas diferentes espécies como manjericão, tomate, morango e feijão.
A foto mostra Luca Gamberini, filho do idealizador do projeto, colhendo manjericão em uma das esferas de vidro. O manjericão foi escolhido como planta modelo para estudo de propriedades fitoquímicas, fisiológicas e de características micromorfológicas em comparação com plantas da mesma variedade cultivadas em ambiente terrestre.
3º lugar – Stoicescu Ioana com ‘O Mar não é uma lixeira!’
Uma equipe de ex-pescadores com lança decidiu começar a caçar lixo marinho em vez de peixes e realizar campanhas de conscientização.
A foto foi feita durante uma grande limpeza subaquática realizada na Costa Azul da França em março.
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https://mediatalks.uol.com.br/2022/07/13/estudo-associa-polarizacao-a-interesse-em-informacoes-sobre-mudanca-climatica/