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Polarização leva 2 em cada 3 brasileiros a evitar discussões políticas online e offline, diz pesquisa

Mulher em protesto Polarização política Brasil

Foto: Mateus Velho Paka/Pixabay

Londres – A polarização política, que nos dias que antecedem eleições presidenciais alcança seu ápice, está mudando o comportamento do público que usa as mídias sociais e até o relacionamento interpessoal, segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Reuters para Estudos de Jornalismo em quatro países, um deles o Brasil.

Cerca de dois terços dos brasileiros dizem precisar tomar cuidado ao discutir política no WhatsApp (64%), Facebook (68%) e também fora das plataformas (64%).

A pesquisa foi feita nos Estados Unidos, Reino Unido, Índia e Brasil. Os índices dos brasileiros são os mais altos verificados nos quatro países tanto no cuidado tomado fora das plataformas como ao postarem nas duas redes pesquisadas.

Polarização política no WhatsApp

Considerando o grupo dos mais interessados em política, um terço dos brasileiros revelou ter parado de falar com alguém nos últimos 12 meses por causa de discussões sobre o tema em conversas no Facebook (32%) e no WhatsApp (31%). Esses também são os índices mais altos dos quatro países pesquisados.

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Os brasileiros foram os que mais revelaram tomar cuidado na hora de falar sobre política no WhatsApp, seguidos pelos indianos. Seis em cada dez brasileiros tomam cuidado com discussões políticas no serviço de mensagens.

Em contraste, menos de um terço dos britânicos e dos norte-americanos afirma precisar desse cuidado ao falar sobre política na plataforma.

O percentual dos brasileiros é maior do que o dobro dos percentuais dos britânicos ou dos norte-americanos.

No Facebook, cuidado com polarização política é ainda maior

Os brasileiros são os que tomam mais cuidado com discussões políticas também no Facebook. Mas a parcela que diz tomar esse cuidado na plataforma é ainda maior, alcançando 68% dos entrevistados.

Os percentuais de brasileiros e indianos, que aparecem como os que precisam tomar mais cuidado na hora de se expressar politicamente nas duas plataformas por causa da polarização política, são semelhantes tanto no Facebook como no WhatsApp, em torno de dois terços do total de entrevistados.

No caso dos norte-americanos, há um aumento expressivo dos que precisam tomar cuidado com assuntos políticos no Facebook, que representam o dobro dos que seguem essa prática no WhatsApp.

Em todos os países pesquisados, os percentuais de entrevistados que tomam cuidado com assuntos políticos no Facebook é maior do que os que adotam essa prática no WhatsApp.

Percentual de brasileiros que tomam cuidado com discussões políticas dentro e fora das plataformas é semelhante

Para comparar o ambiente político dentro e fora das plataformas em cada país, os pesquisadores perguntaram aos entrevistados se sentiam a necessidade de evitar discussões políticas no seu dia-a-dia offline.

As respostas dos brasileiros revelaram que sentem a necessidade de tomar o mesmo cuidado de evitar discussões políticas tanto no ambiente off-line como no online.

Os percentuais são semelhantes, beirando sempre os dois terços do total: 64% no dia-a-dia, 64% no WhatsApp e 68% no Facebook.

Os indianos sentem menos essa necessidade de cuidado com as discussões políticas no dia-a-dia offline.

O fato pode refletir, segundo os pesquisadores, a crescente aplicação de leis de censura que o governo do país tem implementado, mais fáceis de serem comprovados no ambiente online.

Já o cuidado que britânicos e norte-americanos têm com discussões políticas fora das plataformas digitais é maior do que o que apresentam no WhatsApp.

Porém, a situação se inverte no Facebook, onde eles sentem mais necessidade de tomar cuidado ao falar de política do que no seu dia a dia offline.

Polarização política cobra a conta nos relacionamentos pessoais

A fim de avaliar os efeitos das discussões políticas nos relacionamentos, os pesquisadores separaram o grupo dos mais interessados em política – e portanto mais participativos nesse tipo de conversa – e perguntaram a eles se tinham parado de falar com alguém por causa do tema nos últimos doze meses.

Dos grupos dos mais interessados em política dos quatro países pesquisados, os brasileiros foram os que mais deixaram de falar com alguém por causa de discussões sobre o tema ao longo do último ano, tanto no Facebook como no WhatsApp.

Cerca de um terço dos usuários brasileiros nas duas plataformas revelaram ter interrompido algum relacionamento por causa da política nos últimos 12 meses.

Depois dos brasileiros, os norte-americanos foram os que mais perderam relacionamentos nas duas plataformas por causa desse motivo.

O cuidado dos indianos ao falar sobre política nas duas plataformas, que só se mostrou menor do que os brasileiros, parece ter surtido efeito no último ano.

Eles foram os que apresentaram os menores índices de perda de relacionamentos por causa da política nas duas plataformas.

Em todos os países, o nível de perda de relacionamentos por causa da política foi maior no Facebook do que no WhatsApp. O Brasil foi o único a apresentar níveis de perda de relacionamentos semelhantes nas duas plataformas.

Brasileiros são os que mais veem parcialidade política nas plataformas

Cerca de seis em cada dez brasileiros avaliaram as três plataformas analisadas – Facebook, Google e YouTube – como tendenciosas politicamente, não fazendo muita distinção entre elas na hora de apontar a mais tendenciosa.

Os índices dos brasileiros que acham cada uma delas tendenciosa politicamente foram os maiores entre os quatro países analisados.

Dentre as três plataformas analisadas, o Facebook foi visto como a mais tendenciosa politicamente pelo conjunto dos quatro países, deixando de ser apontada em primeiro lugar apenas na Índia. Mesmo nesse caso, perdeu a liderança para o YouTube por apenas um ponto.

O Google foi visto como a plataforma menos tendenciosa politicamente em todos os quatro países analisados – empatado com o YouTube no Reino Unido.

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