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Rede russa simulando sites de jornais europeus para espalhar narrativas sobre guerra é derrubada pela Meta

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Foto: Dima Solomin/Unsplash

Londres – A Meta, holding do Facebook, Instagram e WhatsApp, anunciou esta semana a derrubada da maior rede de influência da Rússia já detectada desde o início da guerra com a Ucrânia, por violação da “política de comportamento inautêntico coordenado” destinada a disseminar narrativas e fake news sobre o conflito.

Segundo o comunicado da empresa, a rede russa era formada por mais de 60 sites de notícias que se passavam por organizações jornalísticas legítimas europeias, tendo como alvos principalmente a Alemanha, a França, a Itália, a Ucrânia e o Reino Unido.

A Meta derrubou também uma rede de origem chinesa em várias plataformas de mídia social, considerada a primeira a visar a política interna dos EUA antes das eleições de meio de mandato de 2022 e a política externa da República Tcheca em relação à China e à Ucrânia.

Narrativas sobre a guerra da Rússia em falsos jornais e revistas

A investigação da Meta foi iniciada depois de uma reportagem investigativa publicada pela emissora de TV alemã ZDF na última semana de agosto, que apresentava exemplos de mais de 20 veículos falsos.

A matéria criticava o Facebook por “ganhar dinheiro com a desinformação”, com o conteúdo aparecendo em páginas reais ou sendo promovido por meio de anúncios pagos.

E informava que a rede social tinha sido notificada, removeu alguns perfis e disse estar investigando o assunto.

Segundo a Meta, a partir do alerta da ZDF o assunto foi investigado, levando à descoberta de uma rede ainda maior.

Ben Nimmo, líder global de inteligência de ameaças e David Agranovich, diretor de interrupção de ameaças da Meta, informaram em em um blogpost que a operação russa começou em maio deste ano e contava com sites simulando os sites reais de veículos como Der Spiegel, The Guardian e Bild.

“Lá, eles postavam artigos que criticavam a Ucrânia e os refugiados ucranianos, apoiavam a Rússia e argumentavam que as sanções ocidentais ao país fracassaram.

Eles então promoviam esses artigos e também memes originais e vídeos do YouTube em muitos serviços de internet, incluindo Facebook, Instagram, Telegram, Twitter, sites de petições Change.org e Avaaz, e até mesmo o LiveJournal.”

Nimmo e Agranovich explicaram que quando os domínios foram bloqueados, os operadores da rede tentaram configurar novos sites, “sugerindo persistência e investimento contínuo nesta atividade na internet”.

“Eles operavam principalmente em inglês, francês, alemão, italiano, espanhol, russo e ucraniano.

Em algumas ocasiões, o conteúdo da operação foi ampliado pelas páginas do Facebook das embaixadas russas na Europa e na Ásia.”

Segundo Nimmo e Agranovich, a rede apresentava uma combinação incomum de sofisticação e falsificações grosseiras.

“Os sites falsificados e o uso de muitos idiomas exigiram investimento técnico e linguístico, enquanto a amplificação nas mídias sociais foi feita principalmente com anúncios grosseiros e contas falsas.”

O relatório cita vários exemplos, como um do The Guardian. Em uma cópia perfeita de seu site, contendo até mesmo os links de matérias mais vistas, havia texto supostamente escrito pelo colunista Jonathan Freedland, intitulado “Falsa Encenação em Bucha Revelada”.

A matéria falsa substitui o texto original escrito pelo colunista.

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O artigo com falsa narrativa sobre a guerra afirmava que “uma provocação sangrenta com dezenas de corpos civis foi preparada pelos militares ucranianos para acusar a Rússia de assassinato em massa” em Bucha.

Rede chinesa tinha como alvo EUA

A outra rede eliminada pela Meta era pequena e tinha como alvo os Estados Unidos, a República Tcheca e, em menor grau, o público de língua chinesa e francesa em todo o mundo.

Foram quatro ações independentes e de curta duração, cada uma focada em um público específico em momentos diferentes entre o segundo semestre de 2021 e setembro de 2022, segundo o relatório.

Nos Estados Unidos, teve como alvo pessoas de ambos os lados do espectro político, mas na República Tcheca a atividade foi principalmente antigovernamental, criticando o apoio do país à Ucrânia na guerra com a Rússia e seu impacto na economia tcheca.

“Cada grupo de contas – cerca de meia dúzia cada – postou conteúdo em volumes baixos durante o horário de trabalho na China, e não quando seu público-alvo normalmente estaria acordado.”

A operação foi realizada em várias redes sociais, incluindo Facebook, Instagram, Twitter e duas plataformas de petições online tchecas.

Segundo a Meta, foi a primeira vez que uma rede dessa natureza foi derrubada.

“As operações de influência chinesa que interrompemos antes normalmente se concentravam em criticar os Estados Unidos para o público internacional, em vez de visar principalmente o público interno nos EUA.

O relatório completo pode ser visto aqui

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