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‘Glasgow Minus’: os avanços e retrocessos da COP27

Londres –  No encerramento da COP27, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, reconheceu que a cúpula, focada na justiça e na ambição climáticas, teve poucos avanços nos dois temas. As esperanças ficaram para a próxima, nos Emirados Árabes Unidos.

Confira, na visão da WWF e da organização Observatório do Clima, o que se destacou e o que ficou faltando no documento firmado pelos representantes de 198 países ao fim de uma das mais longas conferências climáticas – e que acabou apelidado de “Glasgow Minus”, na comparação com o texto final da COP26.

COP ONU crise climática meio-ambiente Fundo de Perdas e Danos

O principal avanço da COP27

Depois de muita pressão, aprovou-se no apagar das luzes um fundo para assistência “aos países mais vulneráveis”. Foi o maior avanço da COP27.

Mas a discussão sobre sua operacionalização durará até a COP28, a cargo de um comitê formado por 24 integrantes, sendo 10 de países desenvolvidos e 14 de países emergentes.

A decisão fala em “uma variedade de fontes”, o que não exclui dividir a conta com alguns dos países em desenvolvimento.

Inclusão de Florestas e de Sistemas Alimentares, outro dos avanços da COP27

Foi a primeira vez que as soluções baseadas na natureza apareceram num documento final de COP, assim como a citação aos sistemas alimentares e à interconexão entre a produção de alimentos, biodiversidade, água e clima.

Foi outro avanço importante, numa COP27 que não foi recheada de progressos.

A WWF avalia que essas inclusões ajudarão na ponte entre as COPs climáticas e as de biodiversidade, no momento em que a próxima cúpula de biodiversidade deve firmar seu primeiro acordo global em dezembro, no Canadá.

Não avançou na COP27: meta de 1,5 ºC do Acordo de Paris

Não houve avanço no principal tópico, e metade do tempo já se passou entre a COP15 de Paris e o prazo de 2030 para inverter a curva das emissões dos gases de efeito estufa, condição necessária para garantir a meta, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima.

Para isso, o pico das emissões globais precisa acontecer até 2025, para que a partir daí caiam
 pelo menos 43% até 2030.

Mas o mundo segue na contramão: as emissões de CO2 vão bater recorde em 2022, e os oito anos de 2015 a 2022 provavelmente serão os mais quentes já registrados, conforme relatórios divulgados na COP27 pelo Global Carbon Project e pela Organização Meteorológica Mundial.

Retrocedeu na COP27: redução dos combustíveis fósseis

No discurso de encerramento, Guterres disse que a COP27 falhou na questão prioritária da redução de emissões.

Apesar de o texto final fazer referência, pela primeira vez, a energias renováveis de “baixa emissão”, pressões de potências petroleiras como Arábia Saudita e Rússia fizeram com que a menção de Glasgow a uma redução gradativa dos combustíveis fósseis fosse eliminada do texto do Egito.

Também não avançou na COP27: Programa de Trabalho em Mitigação

Alguns países esperavam avanços do programa, criado para acelerar o corte de emissões. Queriam o estabelecimento de revisões anuais ou bianuais nas metas de cada país.

Só que o G77, bloco que inclui o Brasil, argumentou que o Acordo de Paris estabelece revisões quinquenais. Sem avanços, o texto final diz que o Programa será “não-prescritivo e não-punitivo”,
 além de não impor novas metas.

Continua na promessa: Financiamento Climático de US$ 100 bilhões por ano

Os US$ 100 bilhões anuais prometidos pelos países ricos a partir de 2020 para apoiar ações de mitigação e adaptação climática continuam só na promessa, e os valores até agora liberados estão aquém do prometido.

O texto final faz apenas um convite aos bancos multilaterais de desenvolvimento e às instituições financeiras internacionais a reverem suas práticas e instrumentos de financiamento climático aos países emergentes.

 

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