Uma foto de abelhas acasalando, de autoria da fotógrafa americana Karine Aigner, foi a vencedora do grande prêmio do concurso de fotografia Big Picture Photography, uma das principais competições de imagens da natureza e conservação ambiental do mundo.
Os participantes foram convidados a enviar imagens mostrando a vida na Terra e as ameaças que o planeta enfrenta.
Os premiados e finalistas retrataram cenas que vão de coloridas e delicadas borboletas a uma cena triste de captura de rãs para consumo, além de registros de especialistas tratando e monitorando animais ameaçados – confira as imagens.
1º lugar no concurso de fotografia da natureza é registro raro
A vencedora do concurso, Karine Aigner, é uma premiada fotojornalista que já correu o mundo para registrar a natureza e atuou como editora sênior de fotografia da revista da National Geographic por nove anos.
Ela integra a Liga Internacional de Fotógrafos de Conservação e o grupo Girls Who Click.
A imagem feita por Aigner capturou um momento raro: as abelhas macho da espécie Diadasia rinconis (Cactus Bees) giram sobre a areia em um rancho do Texas, EUA, formando uma ‘bola de acasalamento’ em torno de uma disputada fêmea.
Veja também os demais premiados no concurso de fotografia da natureza
Categoria Vida Aquática | Morte do leão-marinho, por David Slater, EUA
A colorida fotografia vencedora do concurso na categoria Vida Aquática mostra um cena triste na natureza: um leão-marinho morto.
Os leões-marinhos da Califórnia fazem parte do ecossistema da Baía de Monterey. Durante um mergulho, o fotógrafo encontrou o animal coberto por estrelas-morcegos coloridas. Elas são onívoras e frequentemente se alimentam de carcaças que caem no fundo do oceano.
Categoria Vida Terrestre | Teia de aranha, por Bence Máté, Hungria
“A presença deste castor eurasiano não é o único momento que torna esta foto especial. Uma aranha em sua teia se agarra à árvore roída, criando esta cena espetacular”.
A imagem premiada no concurso de fotografia foi capturada no Parque Nacional Kiskusang, na Hungria.
Categoria Vida Alada | Quadro dentro de um quadro, por Sitaram Raul, Índia
Com as restrições da covid-19 o fotógrafo indiano passou a prestar atenção à natureza no quintal de casa, e assim fez um registro que valeu um prêmio no concurso de fotografia sem precisar viajar.
“Sentado na minha varanda, percebi morcegos vindo com frequência comer pinhas. Passei três semanas observando o comportamento dos morcegos frugívoros e consegui enquadrar um deles dentro de um anel de folhagem”.
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Categoria Paisagens terrestres, aquáticas e flora | A beleza oculta sob nossos pés, por Tom St. Jorge, México
Ao registrar a cena, o fotógrafo queria destacar a incrível beleza natural encontrada nos sistemas de cavernas subaquáticas da Riviera Maya, no México, mas também chamar a atenção para as ameaças ao seu frágil ecossistema.
“Embora essas cavernas sejam uma parte importante do aquífero, elas estão sob constante exploração turística, levando ao desenvolvimento excessivo da região.
Uma ligação ferroviária de grande escala em toda a Península de Yucatán está atualmente em construção, colocando tanto a selva quanto a caverna em perigo – além de oferecer o risco de desalojar as comunidades maias locais”.
Categoria Arte da Natureza | Diversidade de insetos, por Pål Hermansen, Noruega
Uma ‘tapeçaria’ de insetos mortos foi a imagem vencedora do prêmio de fotografia na categoria Arte da Natureza.
Enquanto limpava uma luminária em sua casa, o fotógrafo descobriu um verdadeiro tesouro de insetos mortos e decidiu criar esta colagem demonstrando a diversidade dos pequenos insetos alados.
Categoria Homem e Natureza | Delícia doentia, por Bence Máté, Hungria
O fotógrafo premiado na competição encontrou rãs sendo caçadas na época da desova na região dos montes Cárpatos, na Romênia e registrou o momento. Depois que suas pernas são removidas para consumo, os restos são jogados de volta na água.
“É uma cena trágica, de partir o coração”.
Série fotográfica | Convivência com predadores, por Nayan Kahanolkar, Índia
O conjunto de imagens que venceu a categoria Série no concurso de fotografia da natureza Big Picture mostra a convivência entre leopardos e humanos no Parque Nacional Sanjay Gandhi, em Mumbai, na Índia.
No local há uma relação única entre os animais e os humanos, desenvolvida graças aos esforços da comunidade indígena Warli, do Departamento Florestal de Maharashtra e de grupos de cidadãos.
O fotógrafo conta que por muitos anos, eles cultivaram a consciência em torno dessas criaturas para ajudar a criar uma convivência cuidadosa. Embora ocorram incidentes, o trabalho demonstra que pode existir uma harmonia entre eles.
Uma visão da ‘divisão’ entre a selva e Mumbai, mostrando claramente como os leopardos que vagam pela periferia da cidade podem facilmente acessá-la.
Este leopardo está se movimentando à meia-noite, com as luzes de Mumbai ao fundo.
Um leopardo de olhos arregalados está deitado, enquanto os funcionários colocam uma coleira no animal. A ação é um esforço conjunto realizado pela Wildlife Conservation Society, o Departamento Florestal de Maharashtra e o Instituto de Vida Selvagem da Índia.
Este projeto de rastreamento ajuda essas organizações a entenderem melhor o comportamento e os movimentos do grande felino, bem como suas adaptações à paisagem urbana.
Em 2004 foram registrados ataques a humanos por leopardos em Mumbai, forçando a necessidade de sua captura e realojamento no Parque Nacional. Dentre esses leopardos estava a Radhika, embora não se saiba se ela estava entre os leopardos que atacaram as pessoas.
Um pesquisador da vida selvagem da Wildlife Conservation Society e um membro da equipe do Departamento Florestal de Maharashtra com uma das ferramentas usadas para rastrear um leopardo.
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Veja também os finalistas que documentaram cenas de beleza e ameaças à natureza
Categoria Vida Aquática | Estrela cadente, por Tony Wu, Japão
Uma visão de como as estrelas do mar se reproduzem foi a imagem selecionada pelo júri do concurso de fotografia da natureza como uma das finalistas na categoria Vida Aquática.
Capturada pelo fotógrafo em Kagoshima, no Japão, a imagem mostra como as estrelas do mar desovam, liberando óvulos e espermatozóides simultaneamente pelos seus braços na água, onde ocorre a fertilização.
Perigo na lama, por Jens Cullman, Alemanha
O Parque Nacional de Mana Pools, no Zimbábue, foi assolado por uma seca contínua, e o fotógrafo conseguiu descobrir um crocodilo à espreita em uma piscina quase seca.
Essas piscinas de lama costumam ser o local de resgates de animais selvagens, como aconteceu em fevereiro de 2022 com dois bebês elefantes.
Gigante em Liliput, por Tom Shlesinger, Israel
A imagem finalista do concurso de fotografia foi capturada em Palm Beach, nos EUA, e lembra ‘As viagens de Gulliver’, quando o personagem chega à ilha de Liliput e caminha com cuidado para não machucar os habitantes que tem menos de 15 cm de altura.
A fotografia foi feita durante um mergulho em setembro de 2021 e mostra uma garoupa-golias do Atlântico nadando calmamente no meio de um enorme cardume. “Parecia que a garoupa estava nadando em um túnel de peixes”, disse o fotógrafo.
Categoria Vida Terrestre | Presa, por Takuya Ishiguro, Japão
Normalmente encontrado em pastagens úmidas, esse louva-a-deus chinês (Tenodera aridifolia) apareceu na estrada devorando seu companheiro, um ato às vezes não incomum, reservado para quando a presa é escassa e a fêmea está com muita fome.
A fotografia foi selecionada como uma das finalistas da competição.
Fantasma das montanhas, por Sandesh Kadur, Índia
Os leopardos da neve são mestres do disfarce, capazes de se camuflar rapidamente em seus habitats montanhosos.
Antes dos avanços tecnológicos na fotografia usando armadilhas, só de podia ter um vislumbre fugaz desses animais, que foram apelidados de ‘fantasmas das montanhas’.
O salto do arminho, por José Grandio, Espanha
Nos Alpes Franceses o fotógrafo capturou o momento em que o arminho (Mustela erminea) sai da sua toca e dá um salto inesperado. No inverno sua pelagem anteriormente marrom fica branca graças ao clima frio.
“Ele parecia brincar com a neve que acabara de cair, dando saltos e rastejando. Seria alegria?”
Categoria Vida Alada | Jovens caçadores, por Piotr Naskrecki, EUA
O fotógrafo registrou algumas cegonhas-de-bico-de-sela durante uma caçada matinal. Elas são tímidas e difícieis de fotografar. Ele percebeu quando uma jovem cegonha pegava um peixe e capturou a imagem no Parque Nacional de Gorongasa, em Moçambique.
O ‘elfo’ da floresta, por Mário Cea Sánchez, Espanha
Embora seja uma espécie comum na Espanha, o trepadeira-das-torres (Sitta europaea) é ágil e difícil de registrar, pois passa a maior parte de sua vida nas árvores, sendo chamado de ‘o elfo da floresta’.
Uma ‘casa’ emplumada, por Pallavi Laveti, Índia
O fotógrafo estava em um barco em movimento em Vijayawada, na Índia e conseguiu capturar essa imagem dos filhotes de pelicano de aparência pré-histórica com a mãe.
“Apesar da distância, consegui produzir essa foto que mostra carinho e segurança”.
Categoria Paisagens terrestres, aquáticas e flora | Bolo de sorvete, por Bart Heirweg, Bélgica
A bela imagem finalista do prêmio de fotografia mostra um iceberg contra um lindo céu roxo iluminado por uma lua em tons de vermelho.
O fotógrafo queria mostrar o lado ‘suave’ dos icebergs, que muitas vezes são apresentados como imponentes e até ameaçadores. “A natureza nunca pareceu mais deliciosa!”, brincou. A foto foi tirada na Groelândia.
Atrás do véu, por Nell Dickerson, EUA
No deserto de Sossusvlei, na Namíbia, a fotógrafa capturou uma cena área de pôr do sol. Chamado de “Pântano sem saída”, este deserto fica no extremo sul da Namíbia e é o mais antigo do mundo.
Devido aos bloqueios da Covid-19 na África, a fotógrafa ficou sozinha por quatro semanas e sentiu que tinha todo o deserto para si, criando uma imagem que reflete essa solidão.
A beleza é efêmera, por Ellen Woods, EUA
Escondida sob folhas semelhantes a guarda-chuvas, as flores de macieira geralmente permanecem longe dos olhares humanos e muitas vezes escapam também da atenção dos polinizadores.
Mas as macieiras contam com uma estratégia diferente: ter ‘amigos’ atraentes. As plantas de macieira vizinhas às espécies produtoras de néctar produzem mais frutos e sementes do que aquelas mais distantes, indicando que visitas acidentais de polinizadores que buscam néctar são essenciais para o sucesso reprodutivo.
Após a polinização, as macieiras passam a produzir seu homônimo: uma pequena fruta verde. A foto foi produzida em Delaware Water Gap, nos EUA.
Categoria Arte da Natureza | Pintura abstrata, por Sergio Tapia, Espanha
O que pode parecer uma pintura é na verdade uma coleção de algas cuidadosamente capturadas em um reservatório espanhol. Após uma espera de três dias para que os níveis de água baixassem e tornassem as algas verdes visíveis, o fotógrafo foi recompensado com esta imagem.
Ouro da Baía, por Steve Mandel, EUA
“Se você conseguir vê-las no microscópio, você descobriu algo tão valioso quanto o ouro”.
Essas diatomáceas (algas unicelulares que têm uma parece celular de sílica) absorvem CO2 e ajudam a produzir de 20 a 30% do oxigênio da Terra.
As cores dessas algas, recolhidas na Baía de São Francisco, são o resultado da luz sendo direcionada ao redor das laterais da lâmina no microscópio, depois refratada pela estrutura da parede da diatomácea.
Herói, por Juan Jesús González Ahumada, Espanha
As folhas de agave (tipo de planta suculenta) tendem a ficar extremamente pesadas, às vezes até dobrando e produzindo uma ‘ferida’ que cria texturas incomuns quando seca.
O fotógrafo notou que essa folha em particular parecia um ‘super-herói em formação’. Ele aproveitou a curvatura da folha e iluminou a cena com uma lanterna para produzir a imagem.
Categoria Homem e Natureza | Ursos dançarinos, por David Hup, Amsterdã, Países Baixos
Lar de 60% dos ursos pardos da Europa, a Romênia tem uma relação complicada com esses animais, devido à sua crescente presença em ambientes urbanos.
Entre o Natal e o Ano Novo, várias comunidades da Romênia vestem conjuntos feitos com a pele dos ursos para um ritual chamado de ‘Dança dos Ursos’. Uma dança realizada na esperança de afugentar os maus espíritos e dar as boas-vindas ao ano novo.
Cara a cara, por Fernando Constantino Martinez Belmar, México
A onça, uma das espécies mais emblemáticas do México está ameaçada de extinção. Na foto ela se depara com um porco doméstico.
Provavelmente ela está no local devido ao desmatamento e a destruição do seu habitat, fazendo a vida selvagem mexicana se aproximar dos assentamentos humanos, um fato que significa desastre para essas criaturas.
A foto foi tirada na Reserva Natural do Rio Secreto, México.
Aço azul, por Matt Teófilo, Austrália
Um pássaro-jardineiro macho faz uma pose para a fêmea ao fundo, cercado por tampas de garrafas azuis.
Tudo faz parte de um elaborado ritual de acasalamento em que esses pássaros constroem colunas de duas estruturas feitas de paus e objetos coloridos. Os machos então pegam um ou dois objetos em sua boca enquanto se exibem para a fêmea. A imagem foi capturada no Jardim Botânico Nacional Australiano.
As imagens do concurso de fotografia foram divulgadas pela organização do Big Picture Photography Competition e não podem ser reproduzidas.
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