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Em Londres, uma coletânea dos melhores momentos de Pelé em Copas do Mundo

Londres – Na terra que inventou o futebol, os melhores lances do Rei Pelé foram reunidos em uma exposição de fotos na Embaixada do Brasil em Londres, aberta quando ele já lutava contra o câncer no hospital. 

A curadoria da mostra, composta por 42 imagens históricas, foi feita pelo fotógrafo e antropólogo Alcyr Cavalcanti, presidente da Arfoc (Associação Brasileira de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos).

Como não poderia deixar de acontecer numa exposição que celebra a beleza do futebol e as conquistas do Brasil em Copas do Mundo, o destaque são as fotos de Pelé. Afinal, até hoje é foi único jogador a ter conseguido a façanha de ganhar três Copas.

Pelé e a foto perfeita 

Uma foto gigante do Rei Pelé, congelado no espaço, flutuando enquanto executa uma perfeita bicicleta num Maracanã lotado com mais de 150 mil torcedores, em uma partida contra a Bélgica em 1965, é uma das principais da coletânea. O Brasil venceu por 5 a 0. 

Foto Pelé Copa do Mundo exposição futebol
Foto: Alberto Ferreira

Para o curador da exposição, Alcyr Cavalcanti, a imagem eternizada por Alberto Ferreira é insuperável:

“É o instante decisivo, o clique exato, feito pelo maior editor de fotografia que o Brasil já teve. 

A fotografia da bicicleta do Pelé foi feita em condições extremamente desfavoráveis, em uma época da luz mortiça no Maraca, com câmeras de controle manual e limitação de cliques.

Ainda não havia sido inventado o autofoco, nem o fotômetro através da objetiva nem o motor drive que têm sido a salvação de muitos “gênios” com nariz empinado.”

Cavalcanti lembra seus encontros com Pelé: 

“Tive a sorte de assistir da arquibancada do Maracanã o milésimo gol, se não me falha a memória em 1969.

Em 1970, um principiante, fotografei o Rei em um amistoso com Paraguai no Maracanã. Anos depois o conheci pessoalmente e tive várias conversas com ela nas noitadas cariocas. Sempre bem acompanhado.

Que fique na Paz. O nosso Rei ficará para sempre em nossa memória e imortalizado principalmente na Foto Perfeita do mestre Alberto Ferreira.

Foto mostra Pelé em sua primeira Copa 

Nesta imagem, um quase menino Pelé aparece admirando aquela que seria apenas a sua primeira conquista, na Copa da Suécia, em 1958.

Foto: Agência Globo

Pelé quase ficou de fora daquela Copa, depois de sofrer uma lesão grave no tornozelo direito no último amistoso da Seleção, contra o Corinthians. Entrou só no terceiro jogo, contra a União Soviética.

Nas quartas-de-final contra País de Gales, o Rei foi a sensação, marcando o gol da vitória.

A semifinal era contra a França, do temível artilheiro Fontaine. Mas quem desequilibrou a partida no segundo tempo foi… ele mesmo: Pelé, com três gols. Na final, Pelé marcaria mais dois, um deles com outro lençol dentro da área, num dos gols mais bonitos de todas as Copas.

Pelé, Garrincha, Zito, Didi e Vavá na Copa de 1958

O menino Pelé estava acompanhado de craques na Suécia, entre eles Garrincha, Zito, Didi e Vavá. Também tinha Nilton Santos, que sabia tanto do jogo que era chamado de “Enciclopedia do Futebol”.

Foto: Acervo Arfoc

O ataque tinha ainda Zagallo, que se tornaria campeão do mundo não só como jogador (em 58 e 62), mas também como técnico (em 70) e coordenador-técnico (em 94). Foi essa seleção que chutou para escanteio o trauma da derrota para o Uruguai na final da Copa de 1950 e abriu caminho para as conquistas que viriam a seguir.

Na Copa de 62, sai Pelé, entra Amarildo

A c0mpetição de 62 seria a primeira disputada pelo Brasil defendendo o título de campeão.

E logo na segunda partida, contra a Tchecoslováquia, ocorreu outra lesão de Pelé, que o tiraria da Copa. Ele foi substituído por Amarildo, que deu conta do recado e terminou como vice-artilheiro. A foto da Agência Estado registra os dois craques em 1962.

Foto: Agência Estado

Deus escreve certo pelas pernas tortas de Garrincha

Muito se discute sobre qual o melhor jogador brasileiro depois de Pelé. Mas há um fato incontestável: a seleção brasileira nunca perdeu quando pôde contar com Pelé e Garrincha em campo.

Nesta foto, Garrincha, entortava mais uma defesa, desta vez a da então Tchecoslováquia, no primeiro jogo entre as duas seleções na Copa de 62, no Chile. O segundo encontro ocorreria na final, com vitória do Brasil por 3 x 1, de virada.

Foto: Agência Estado

Garrincha acabou eleito o melhor jogador da competição. E terminou a Copa como artilheiro, ao lado de Vavá, com quatro gols cada.

A Taça Jules Rimet é nossa

O soco no ar de Pelé, uma das comemorações de gol mais icônicas de todos os tempos, foi eternizado nesta foto de Orlando Abrunhosa, que capta ao fundo Tostão e Jairzinho, que naquela competição foi apelidado de “Furacão da Copa”.

Foto: Orlando Abrunhosa

O apelido de Jairzinho foi merecido: ele marcou pelo menos um gol em cada um dos seis jogos disputados pelo Brasil na Copa de 70, no México. Até hoje, nenhum outro jogador conseguiu marcar em todos os jogos de uma Copa.

Essa foto foi tão marcante que serviu de base para o selo lançado pelos Correios em comemoração à conquista definitiva da taça Jules Rimet, com a bandeira do México ao fundo.

 

 

O Brasil conquistou o direito de ficar para sempre com a Jules Rimet por ter sido o primeiro país a conquistar três Copas. Mas esse privilégio durou apenas 13 anos. A taça acabaria desaparecendo depois de roubada durante uma exposição no Rio de Janeiro em 1983.

Na Copa de 70 o Brasil tornou-se a primeira equipe a ter 100% de aproveitamento não só nas Eliminatórias mas em todos os jogos da Copa. A competição foi a primeira fora da América do Sul e Europa e ficou marcada por lances geniais de Pelé que não terminaram em gol.

Um deles ocorreu contra a Inglaterra, a então detentora do título. Uma cabeçada de Pelé só não entrou por conta de uma impressionante defesa de Gordon Banks, que conseguiu colocar sua mão por baixo da bola e mandá-la por cima do travessão, no que ficou conhecida como a “Defesa do Século”. 

Foto Erno Schneider/ O Globo/ Acervo ARFOC. 1970

A imagem foi registrada por Erno Schneider, um dos mais importantes fotojornalistas do Brasil, que morreu em março passado aos 87 anos de idade. 

A final colocou frente à frente dois bicampeões mundiais e quem ganhasse conquistaria a hegemonia. Deu Brasil, 4 a 1.

Essa Copa foi a última disputada por Pelé. Retirou-se marcando gols em todas as quatro que disputou, um feito só superado por Cristiano Ronaldo e Messi. Com a diferença que eles não ganharam Copas.

A exposição completa, que mostra também as Copas após a era Pelé, pode ser vista neste vídeo: 

Pelé e a rainha Elizabeth no Maracanã 

Em sua única visita ao Brasil, na década de 60, a rainha Elizabeth I fez um programa bem carioca: domingo no Maracanã, para ver o  Rei do futebol jogar. 

No final, de minissaia, ela entregou o troféu a Pelé, como registrado na foto que entrou para a história da rainha e do rei. 

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