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Além do cometa verde: veja as melhores fotos do céu escolhidas pelo Observatório de Greenwich

Londres – Neste fim de semana muitos brasileiros olharão para o céu e tentarão registrar em fotos a passagem do cometa verde, que esteve pela última vez perto da Terra há 50 mil anos e desde 1º de fevereiro ficou mais visível nos céus do Hemisfério Sul. 

Mas nem todos conseguirão capturar imagens do C/2022 E3 com precisão, como fazem os astrofotógrafos. 

A astrofotografia é uma arte que exige equipamentos especiais, técnica para operá-los, pesquisa sobre os melhores locais e datas para registrar o céu e sobretudo paciência para aguardar horas até o momento exato do clique.

Todos os anos o Observatório Real de Greenwich, em Londres, escolhe as melhores fotos do céu, enviadas por profissionais e amadores do mundo inteiro. No concurso de 2022, foram mais de 3 mil trabalhos inscritos.

O brasileiro Flávio Fortunato foi um dos finalistas com uma imagem do planeta Saturno com os anéis e as luas, destacadas no céu escuro de João Pessoa. 

Saturno fotografia astronômica prêmio finalista brasileiro
Foto: Flávio Fortunato

Mas foi difícil bater a foto de um cometa que virou celebridade dos céus em 2021, antes de seu colega verde reaparecer por aqui. 

A foto campeã do prêmio em 2022 foi a imagem rara de um pedaço da cauda de gás do cometa Leonard sendo desconectada e levada pelo vento solar, capturada pelo austríaco Gerald Rhemann na Namíbia em uma noite de Natal. 

Disconnection Event © Gerald Rhemann

Leonard foi descoberto por G.J. Leonard em 3 de janeiro de 2021, e fez sua passagem mais próxima da Terra em 12 de dezembro do mesmo ano, mas não será visto na Terra novamente.

Outro destaque foi a impressionante imagem da  nebulosa Hélice, ou NGC 7293, capturada pelo chinês Weitang Liang, que ganhou o título de “Olho de Deus”. 

Foto: divulgação
Conheça todas as fotos premiadas e destacadas pelo júri do concurso de fotografia astronômica do Observatório de Greenwich em 2022
Planetas, Cometas e Asteróides
A Família Jupiteriana, por Damian Peach

Em Rio Hurtado, no Chile, Júpiter teve sua imagem capturada junto com três de suas maiores luas. A famosa Grande Mancha Vermelha é visível no próprio Júpiter, junto com muitas outras manchas e tempestades.

Detalhes semelhantes também são visíveis em todas as três luas jupiterianas. A cratera de raios brilhantes Osíris pode ser vista claramente na lua Ganimedes no canto superior esquerdo.

The Jovian Family © Damian Peach

Rosa Cósmica, por Lionel Majzik 

A imagem foi feita no Novo México, EUA. Parecia que o Cometa 4P/Faye havia dividido a nebulosa de emissão Sh2-261 na constelação de Órion. 

O objeto, também conhecido como Nebulosa do Baixo, lembra uma rosa vermelha, mas a aparência do cometa na foto completou a ‘rosa’ com um ‘caule’ e foi selecionada como uma das imagens recomendadas pelo júri da competição de fotografia astronômica.

Cosmic Rose © Lionel Majzik

Galáxias
Majestosa galáxia Sombrero, por Utkarsh Mishra, Michael Petrasko e Muir Evenden

Além dos cometas, as galáxias salpicadas de corpos celestes fazem a alegria dos astrofotógrafos, que produzem fotos mostrando o brilho intenso das estrelas e ajudam os cientistas a entender os mistérios do universo. 

 Esta imagem registra mostra os fracos fluxos de estrelas que foram criados quando uma galáxia menor colidiu e seus remanescentes começaram a orbitar a Via Láctea.

Majestic Sombrero Galaxy © Utkarsh Mishra, Michael Petrasko, Muir Evenden

Arp 271 – Colisão cósmica, por Mark Hanson e Mike Selby

NGC 5426 e NGC 5427 são duas galáxias espirais de tamanho semelhante, envolvidas em uma grande interação. Elas são conhecidas como Arp 27.

Acredita-se que a interação continue por dezenas de milhões de anos. A foto foi feita com telescópio no Observatório El Sauce, em Río Hurtado, no Chile.

Arp 271 “Cosmic Collision” © Mark Hanson, Mike Selby

SMC e a ponte de Magalhães, por Mathew Ludgate

A pequena nuvem de Magalhães (SMC) é uma galáxia anã irregular que foi rompida e moldada por interações com seus vizinhos, a grande nuvem de Magalhães (LMC) e a Via Láctea.

Essas interações resultaram em intensos choques gravitacionais de maré, que removeram e redistribuíram o material do SMC, formando um halo e numerosas estruturas estendidas de gás ionizado. A imagem foi capturada em Dunedin, Nova Zelândia.

SMC and the Magellanic Bridge © Mathew Ludgate

Nossa Lua e Nosso Sol

Não é todos os dias que profissionais e amadores podem fazer fotos de um cometa como Leonard ou o verde que agora passa perto da Terra, mas o sol e a lua  são mais fáceis de registrar. 

Perfil de sombra da orla leste de Platão, por Martin Lewis

Lewis aproveitou uma noite de boa visibilidade em abril de 2021 para capturar o sol nascendo sobre a gigante cratera lunar Platão, lançando sombras  sombras de sua borda no chão cheio de lava.

Shadow Profile of Plato’s East Rim © Martin Lewis

 Lua: grande mosaico, por Andrea Vanoni

A foto mostra um mosaico de 32 capturas da lua crescente. As crateras, bordas, montanhas, cúpulas e mares mais famosos desta fase lunar são visíveis na fotografia, produzida na Lombardia, Itália.

Moon: Big Mosaic © Andrea Vanoni

Um eclipse de mil pores do sol, por Noah Kujawski

A imagem do eclipse lunar em novembro de 2021 mostra a fantástica cor vermelha criada pela luz que passa por todos os nasceres e pores do sol da Terra, lançando uma luz vermelho-sangue na lua.

An Eclipse From a Thousand Sunsets © Noah Kujawski

Um ano ao sol, por Soumyadeep Mukherjee

Mukherjee fotografou o sol por 365 dias entre dezembro de 2020 e dezembro de 2021. Depois de um ano, ele fundiu as capturas para criar uma única imagem.

As manchas solares criam duas bandas no disco solar, em torno de 15 a 35 graus ao norte a ao sul do Equador e gradualmente começam a se mover em direção a ele, um fenômeno conhecido como lei de Spörer.

A Year in the Sun © Soumyadeep Mukherjee

Inferno solar, por Stuart Green

O sol parece diferente toda vez que os astrofotógrafos capturam uma imagem, pois durante todo o tempo novas manchas solares se formam, crescem e desaparecem.

Em Preston, no Reino Unido, Stuart Green filtrou seletivamente todos os comprimentos de onda da luz, exceto uma estreita faixa vermelha (conhecida como H-alfalina) para revelar uma região ativa de mudança do sol.

Solar Inferno © Stuart Green

Um ‘gigante’ na borda do sol, por Miguel Claro

Uma proeminência solar gigantesca aparece sobre a cromosfera (a atmosfera inferior do sol) da borda aparente do astro.

Este ‘gigante’ ficou visível por dois dias em fevereiro de 2022 em Évora, Portugal e depois entrou em erupção, lançando um jato de massa coronal (CME) no espaço.

A Giant in the Sun’s Limb © Miguel Claro

Estrelas e nebulosas

As imagens que disputaram com “Olho de Deus” na mesma categoria não têm conotações místicas, mas são igualmente impressionantes.

Que estrela flamejante!, por Martin Cohen

A nebulosa da Estrela Flamejante (IC 405, SH 2-229 ou Caldwell 31) é uma nebulosa de emissão e reflexão na constelação de Auriga. Encontra-se a cerca de 1.500 anos-luz da Terra e tem cerca de cinco anos-luz de diâmetro.

What a Flaming Star! © Martin Cohen

O centro do coração da nebulosa, por Péter Feltóti

IC 1805 é uma área de grandes quantidades de gás ionizado e poeira interestelar. O forte vento estelar das estrelas quentes nascidas no local sopra o material circundante para fora, criando uma forma oca semelhante a uma caverna na nuvem de gás original.

The Centre of the Heart Nebula © Péter Feltóti

Paisagens do céu
Perfurando as estrelas, por Zihui Hu 

“Namcha Barwa é a montanha nevada mais bonita da China. O nome em tibetano significa “lança empurrando para o céu”. 

Nesta terra intocada fica um limpo céu estrelado, com trilhas tecendo uma ampla rede em dias de lua cheia. O fotógrafo comentou que “Namcha Barwa, como uma lança, perfura essa rede”. 

Stabbing Into the Stars © Zihui Hu

Via Láctea Badwater, por Abhijit Patil 

As salinas de Badwater Basin, no Parque Nacional do Vale da Morte, na Califórnia, EUA, ficam a 86 metros abaixo do nível do mar, sendo o ponto mais baixo da América do Norte. 

O inverno traz água nova da chuva para as bacias e o processo contínuo de congelamento- descongelamento-evaporação cria os padrões hexagonais na lama que aparecem na foto. 

Badwater Milky Way © Abhijit Patil

A estrada noturna, por Filip Hrebenda 

Essa fotografia rara da Via Láctea e da aurora boreal em uma única imagem foi feita na Península de Stokksnes, sobre as montanhas Vestrahorn, na Islândia. 

The Night Highway © Filip Hrebenda

Aurora boreal
No abraço de uma dama verde, por Filip Hrebenda

A aurora boreal é um dos fenômenos naturais mais interessantes e geralmente é fotografada nos meses de inverno.

Essa fotografia, no entanto, foi produzida no final da primavera e mostra a ‘dança’ da aurora boreal refletida em um pequeno lago congelado na montanha Eystrahorn, na Islândia.

In the Embrace of a Green Lady © Filip Hrebenda

Misty Green River, por Fred Bailey

A foto foi feita no rio Cameron, nos territórios do noroeste do Canadá, perto de Yellowknife e mostra a diferença entre a aurora e o céu noturno.

Misty Green River © Fred Bailey

Aurora alada, por Alexander Stepanenko

Uma ‘aurora alada’ coroando a montanha em Murmansk, Rússia, que até parece um anjo no céu.

Winged Aurora © Alexander Stepanenko

Jovem Fotógrafo de Astronomia

Dois meninos chineses de 14 anos ganharam o prêmio de Jovem Fotógrafo do concurso de fotografia do Observatório de Greenwich.

Galáxia de Andrômeda: A vizinha, por Yang Hanwen e Zhou Zezhen

A fotografia mostra um dos vizinhos mais próximos e maiores da Via Láctea, a galáxia de Andrômedra ou Messier 31 (M31).

Ela também é o objeto mais distante que o olho humano pode ver.

Quando você olha o céu a olho nu é como uma neblina, mas através do telescópio mostra sua magnitude. Yang Hanwen forneceu a imagem original do M31 e disse que “a foto mostra como o nosso vizinho mais próximo é lindo”.

Já Zhou Zezhen comentou: “Uma das principais funções da astrofotografia é atrair mais pessoas para que se apaixonem por astronomia, mostrando a beleza do Universo”.

Andromeda Galaxy, The Neighbour © Yang Hanwen, Zhou Zezhen

Prêmio Inovação Digital 
Árvore solar, por Pauline Woolley 

O concurso de fotografia astronômica oferece o prêmio Annie Mauder em homenagem à astrônoma irlandesa-britânica (1868-1947), que registrou a primeira evidência do movimento do surgimento de manchas solares dos pólos em direção ao Equador ao longo do ciclo de 11 anos do sol. 

A fotógrafa usou dados de código aberto do Solar Dynamic Observatory para executar o trabalho. 

Ela explica que o projeto derivou da sua pesquisa sobre traços de carbono-14 encontrados em alguns estudos de datação de dendrocronologia, o método científico de calcular datas com base em anéis de árvores que é usado por historiadores de arte para datar pinturas em painéis de madeira. 

Solar Tree © Pauline Woolley, using open source data from Solar Dynamic Observatory

Woolley usou a tecnologia para criar uma composição incomum e bonita, na qual vinte e seis imagens do Sol da primeira parte do Ciclo Solar 25 foram colocadas em camadas para criar anéis concêntricos.  

O ‘anel’ mais antigo fica no centro, enquanto o mais recente fica mais distante. Mês a mês, os anéis se expandem ou “crescem” para formar os anéis de uma árvore solar imaginária.  

A imagem geral é uma marcação da passagem do tempo, que incorpora evidências visuais de níveis crescentes de atividade solar aparente nas marcas escuras das erupções solares.


Prêmio Melhor fotógrafo iniciante 
Ponte da Via Láctea sobre grandes montanhas nevadas, por Lun Deng

O prêmio foi criado em homenagem ao astrônomo amador, escritor e pesquisador inglês Patrick Moore (1923-2012), especialista em observação lunar e criador do catálogo Caldwell, que reúne uma lista de 109 aglomerados de estrelas,  nebulosas e galáxias para observação por astrônomos amadores.

 A fotografia foi feita na montanha Minya Konka, o pico mais alto de Sichuan, China, e mostra a Via Láctea em tons de rosa e azul nas primeiras horas da manhã de fevereiro de 2021. 

The Milky Way bridge across big snowy mountains © Lun Deng

Se em 2022 as fotos do cometa Leonard foram destaque no prêmio de fotos do Observatório de Greenwich, não é difícil adivinhar quem vai brilhar no concurso este ano.

O cometa verde virou assunto principal para amadores, fotógrafos profissionais e cientistas, cada um tentando a foto mais precisa de um momento que talvez nunca mais se repita. 


As fotos do céu selecionadas pelo Observatório de Greenwich foram publicadas com autorização da organização do concurso e não podem ser reproduzidas

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