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Sorriso de boto cor-de-rosa no Amazonas vence prêmio internacional de fotografia subaquática

Londres – O registro de um simpático boto cor-de-rosa destacando-se nas águas negras do rio Amazonas sob o céu alaranjado do entardecer valeu à fotógrafa Kat Zhou, que vive nos EUA, o primeiro lugar no concurso de fotografia subaquática Underwater Photographer of the Year em 2023. 

A  competição é dividida em 13 categorias e celebra a fotografia subaquática em oceanos, lagos, rios e até piscinas. 

Este ano o concurso bateu seu recorde, recebendo inscrições de mais de 500 fotógrafos subaquáticos de todo o mundo. A foto de Zhou concorreu com 6 mil imagens de profissionais e amadores de 72 países. 

Fotógrafa é apaixonada pelo mundo subaquático 

Kat Zhou, que mora em São Francisco (Califórnia), trabalha como engenheira de software e é consultora de viagens de aventura. Ela se diz apaixonada por fotografia subaquática por causa da diversidade da vida em mares e rios, como o Amazonas. 

No vídeo ela conta como capturou a foto ‘Boto encantado’, que venceu a competição de fotografia subaquática, e mostras imagens e vídeos do boto cor-de-rosa.

UPY2023 Up & Coming and Underwater Photographer of the Year 2023

“Há uma lenda entre os moradores da Amazônia que os botos podem se transformar em belos homens conhecidos como “botos encantados”, capazes de sesudir mulheres”, explica Zhou.

“Eu não presenciei a transformação do boto, mas ao entardecer me encantei por esses lindos mamíferos. Apesar da água escura, esse boto cor-de-rosa fez uma pose e me deu um sorriso perfeito”.

A lenda do boto encantado tem um lado sombrio. Era usada para justificar a gravidez das mulheres que eram agredidas ou forçadas à prostituição. Embora os botos sejam reverenciados como criaturas míticas, muitos maridos desprezados matavam os animais por causa dessas histórias.

A fotógrafa comenta que “à medida em que as comunidades indígenas se estabeleceram nos rios da Amazônia, os botos começaram a viver mais próximos dos humanos, aproveitando até mesmo restos de comida”.

Ameaçados de extinção, muitos botos foram mortos para uso como isca de peixe, envenenamento por mercúrio devido à indústria de mineração de ouro e projetos de desenvolvimento que afetaram os ecossistemas fluviais, uma preocupação para a fotógrafa:

“Temo que um dia os botos realmente se tornem nada mais do que criaturas míticas”.

O presidente do júri, Alex Mustard, disse: “Esta é de longe a melhor imagem que já vimos desta espécie, que está desaparecendo a um ritmo alarmante e cujos status na lista vermelha da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais) foi atualizado de forma preocupante para ‘Em Perigo’ em 2019”.

Kat Zhou ficou também com a terceira colocação na categoria Lente Macro do prêmio de fotografia subaquática com a imagem do close do olho de um tubarão-lixa, capturada durante um mergulho noturno na costa de Bimini, nas Bahamas.


Ela já  ganhou vários prêmios por seu trabalho, sendo o mais recente o ‘Best in Show’, do concurso Ocean Art 2022.  A foto vencedora mostra um mãe polvo guardando seus ovos, em Palm Beach, na Flórida, EUA. As fêmeas não comem enquanto cuidam dos ovos, e morrem depois que eles eclodem. 

Conheça os outros vencedores do prêmio de fotografia subaquática:

Fotógrafo subaquático britânico do ano  
O enxame, por Oliver (Ollie) Clarke, Austrália  

Os tubarões-baleia em Ningaloo Reef, na Austrália, são frequentemente acompanhados por ‘iscas-bolas’, formadas quando peixes pequenos usam o tubarão como abrigo flutuante.

A imagem mostra uma enorme isca-bola, muito mais densa e com muito mais peixes do que o habitual.

O fotógrafo comentou:

“O tubarão parecia farto dos peixinhos e estava tentando se livrar do cardume. Ele dava mergulhos abruptos e logo subia novamente sacudindo o rabo, mas os peixes continuavam girando em torno dele”. 


Fotógrafo subaquático Revelação do ano
Os mares selvagens de uma ilha, por Theo Vickers, Reino Unido

A imagem mostra a luz do sol passando através de uma selva marinha de algas Himanthalia nos recifes da Zona de Conservação Marinha de Needles, e os tentáculos de ponta roxa de anêmonas snakelocks (Anemonia viridis) no chão da floresta.

As impressionantes formações rochosas na Ilha de Wight atraem cerca de 500 mil visitantes anualmente. No entanto, como muitos dos habitats marinhos da Grã-Bretanha, a beleza e a biodiversidade dos recifes da ilha que ficam abaixo, de nudibrânquios e raias a peixes-bodião, são amplamente desconhecidos para a maioria.


Fotógrafo de Conservação Marinha do Ano
Sem esperança, por Álvaro Herrero, Espanha

Esta categoria da competição é patrocinada pela Save Our Seas Foundation, entidade dedicada a proteger a vida dos oceanos, principalmente tubarões e raias, financiando cerca de 425 projetos em mais de 85 países.

A imagem de uma baleia jubarte com uma armadilha presa na cauda, capturada no México, na região da Baja California. foi a foto vencedora da categoria Conservação Marinha do concurso de fotografia subaquática.

O fotógrafo contou que a baleia experimentou uma morte lenta, dolorosa e agonizante depois de ter a cauda presa em cordas e bóias.

E disse: “Isso é um reflexo do que sofrem  não só os animais, mais também os oceanos e o nosso planeta, produto do egoísmo e da falta de responsabilidade do homem”.

“Tirar essa fotografia foi o momento mais triste que já vivi no oceano. Espero realmente que esta imagem nos conscientize, abra os nossos olhos e nos impulsione a fazer mudanças reais”.


Fotografia com lente Grande Angular
Fusão, por J. Gregory Sherman, EUA

O imagem foi capturada em Stingray City, em Grand Cayman, no mar do Caribe.

A imagem bicolor mostra as arraias quase monocromáticas deslizando pela areia contrastando com o céu intensamente colorido ao amanhecer. 


Fotografia com lente Macro
Encantando, por Shane Gross, Canadá

O Plainfin midshipaman é uma espécie de peixe-sapo que vive em águas profundas e viaja para a zona entremarés (faixa do litoral que fica exposta durante a maré baixa) para desovar.

Os machos cantam para atrair as fêmeas, e elas colocam quantos ovos o canto merecer antes de passar para o próximo macho cantor.

Eles têm a chance de fertilizar os óvulos, mas só se não forem enganados por um Sneaker male, machos que são parasitas e se parecem com uma fêmea por seu tamanho, cor e padrões de movimento.


Categoria Naufrágios
Motor com selim, por Brett Eldridge, EUA

A imagem de um avião monomotor da Segunda Guerra Mundial quase intacto foi a ganhadora da categoria Naufrágios do concurso de fotografia subaquática, usando a técnica de fotogrametria, que cria um panorama tridimensional do objeto. 

O avião é um F8F-1 Bearcat, uma aeronave rara que Neil Armstrong disse uma vez ser sua favorita e foi descrita como “um motor com um selim”, contou o fotógrafo.

O presidente do júri, Alex Mustard, salientou que a fotogrametria tem se mostrado incrivelmente útil para estudar recife e naufrágios.

“A foto de Brett é um exemplo de como essas imagens podem ser atraentes, reescrevendo as regras da fotografia de naufrágios subaquáticos e fornecendo ao mundo sua primeira visão deste caça acidentado da Segunda Guerra Mundial”.


Comportamento
Faça amor não faça guerra, por Yuri Ivano, Indonésia

Um casal de polvos ‘fazendo amor’ em Bali, Indonésia, foi a foto vencedora da categoria Comportamento do concurso de fotografia subaquática.

O fotógrafo mergulhou à noite perto da vila de Tulamben, em Bali e esperou os polvos de coco (coconut octopuses) aparecerem para registrar o acasalamento dessa espécie. O registro foi possível devido à paciência e conhecimento do fotógrafo sobre os hábitos do animal. 


Retrato
A tromba do elefante, por Suliman Alatiqi, Kuwait

Uma das características anatômicas mais marcantes desse animal, a tromba, foi o foco da imagem capturada na Tailândia pelo fotógrafo Alatiqi. Ele reparou que o elefante estava curioso sobre a câmera e aproveitou para registrar o momento, vencendo a categoria Retrato do concurso. 

 


Fotografia em Preto & Branco
El branco, por Don Silcock, Austrália

A fotografia foi feita na última manhã de uma viagem à Península Valdés, na Argentina, em agosto de 2022.

Silcock conta que recebeu uma licença especial para entrar na água com as baleias francas austrais que se reúnem nesse local entre junho e dezembro. Na imagem do filhote em primeiro plano, a mãe pode ser vista ao fundo.

“O filhote era muito brincalhão, mas cuidadoso para não bater com o rabo em nós. Foi sem dúvida a minha melhor experiência subaquática”.

Os filhotes brancos são muito raros e são chamados localmente de ‘El blanco’. “A Península Valdés é um porto seguro muito importante e um terreno fértil para as baleias francas austrais do Atlântico Sul e a Argentina tem feito um excelente trabalho administrando o local”, disse o fotógrafo.

Fotografia com câmera compacta
Bodião de Klunzinger em movimento, por Enrico Somogyi, Alemanha

O fotógrafo conseguiu capturar um bodião de Klunzinger nadando. Essa é uma espécie de peixe com nadadeiras raiadas. A imagem foi feita em Marsa Alam, no Egito.

Somogyi recebeu também uma menção honrosa pela foto ‘Medusa de ovo frito’ feita em Mallorca, na Espanha.


Águas britânicas

As águas frias e muitas vezes escuras dos mares da Grã-Bretanha escondem belezas que poucos conhecem. O concurso tem categorias para premiar fotos da vida subaquática feitas no país, com temáticas e equipamentos diversos. Confira 

Fotografia com lente macro: Comedores de ovos, por Kirsty Andrews, Reino Unido

Em Shetland, na Escócia, Andrews encontrou três espécimes de nudibrânquios (Favorinus branchialis), um tipo de molusco, se alimentando de ovos de outros da mesma espécie.


Vivendo Juntos | Pipe  reef, por Dan Bolt, Reino Unido

Um recife artificial feito de concreto virou o lar de grandes lagostins (Nephorops norvegicus), que não se incomodaram com a presença do fotógrafo.

O fotógrafo recebeu também uma menção honrosa por sua imagem ‘Dueto de fogos de artifício’, feita com lente grande angular. 

A imagem foi capturada em Loch Fyne e mostra duas anêmonas de fogo de artifício, exibindo seu brilho. “As anêmonas são um dos animais invertebrados mais impressionantes do Reino Unido”, disse Bolt. 


Fotografia com câmera compacta | Blenny em Crack Rock, por Tony Reed, Reino Unido

Um peixe Blenny cuidando de seus ovos dentro de uma fenda em Crack Rock, Inglaterra, foi a imagem vencedora na categoria. 

O fotógrafo tentava capturar os ovos eclodindo. A curiosidade do Variable Blenny ao se aproximar da câmera permitiu o retrato perfeito.

 

 


As imagens foram divulgadas pela organização do Underwater Photographer of the Year e não podem ser reproduzidas sem autorização do concurso. 


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