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Mulheres na mídia: pesquisa retrata baixa representação, invisibilidade e viés distorcido

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Foto: Julia Sabiniarz

Além da baixa representação, com as mulheres aparecendo na mídia bem menos do que os homens como protagonistas ou fontes das notícias, os nomes femininos são mais omitidos do que os dos homens.

Para piorar a situação, as mulheres assinam menos a autoria de suas matérias do que os colegas. O resultado é que os leitores têm consumido cada vez mais notícias de mulheres sem nome.

Essas são algumas das nove conclusões do estudo “Mulheres sem Nome”, feito pela consultoria de comunicação internacional LYYC. 

Baixa representação das mulheres na mídia e viés distorcido

Divulgada em março, a pesquisa analisou 14 milhões de notícias publicadas no ano passado em 12 países, entre eles o Brasil.

Mais de 70% da imensa cobertura analisada era de matérias sobre homens – cerca de 2,5 vezes mais notícias sobre eles do que sobre elas.

O estudo descobriu que o nome delas é citado 21% menos nas manchetes, além de os homens assinarem a autoria de 50% mais notícias.

As mulheres têm sido não apenas sub-representadas, mas também são mais anônimas.

Além de a quantidade de notícias sobre mulheres ser relativamente pouca, a pesquisa ressalta que as referências femininas têm um viés distorcido.

A forma de se vestir, por exemplo, é mencionada 20% mais do que nas notícias sobre homens. Nas notícias esportivas, as mulheres são quase invisíveis: são citadas em só 5% delas.

Há uma tendência de mencionar mais a família em matérias sobre mulheres. Acontece 36% mais nas matérias sobre elas, chegando ao dobro quando o tema é ciência e ao quádruplo quando o assunto é negócios.

O estudo mostrou ser 2,3 vezes mais frequente fazer menção ao gênero nas notícias sobre mulheres. E quando há menção ao gênero, verificou-se uma tendência menor de citar o nome das protagonistas se o gênero for feminino.

Acontece o inverso nas matérias sobre violência sexista, onde a tendência é a de as vítimas serem expostas pelo nome, enquanto o agressor é muitas vezes escondido por pseudônimo.

Ocorre uma “revitimização”, com o foco deslocado do agressor para a vítima.

Nesse triste tema, as matérias sobre mulheres predominam: o dobro de notícias sobre assédio e o tripo de notícias sobre violência.


Este artigo faz parte da edição especial sobre representação de gênero na mídia 

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