Os dados mais recentes sobre a representação de gênero na América Latina são de 2020, levantados no estudo Quem Figura nas Notícias, parte do Projeto de Monitoramento Mundial de Meios (GMMP), que tem apoio da ONU e da Unesco e é feito a cada cinco anos.
Mas nos últimos três anos, a situação feminina se deteriorou ainda mais, pelos efeitos severos da crise da covid.
Não é provável que uma pesquisa feita hoje mostrasse evolução.
Representação de gênero na região marcada por desigualdades
O GMMP retrata as desigualdades na representação das mulheres na mídia em uma região caracterizada por problemas que afetam a igualdade de gênero, como educação deficiente e o machismo estrutural.
Foram rastreadas mais de 30 mil notícias em 2,2 mil veículos de 116 países.
Mulheres têm mais visibilidade em reportagens sobre gênero. No entanto, essas reportagens representam apenas 3% do total veiculado pela mídia.
Já em notícias sobre temas econômicos e políticos a invisibilidade impera, com mulheres representadas em 11% das matérias sobre desenvolvimento sustentável; 12% em defesa e segurança, 12% em relações internacionais e 15% na cobertura de economia e negócios.
De forma geral, elas figuram nas notícias na América Latina relatando experiências pessoais, opiniões ou como testemunhas de um fato.
Em apenas 11% do conteúdo analisado são retratadas como especialistas ou comentaristas. E em 18% das matérias em que isso acontece, a personagem é ocupante de cargo politico ou legislativo.
Em reportagens sobre violência elas também se destacam, mas de forma estereotipada e com ‘revitimização’.
“Não há crítica ou análise por parte dos especialistas, mas sim uma tendência de justificar atos violentos ou culpar a vítima”, diz o estudo.
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Este artigo faz parte da edição especial Representação de Gênero na mídia global