Londres – Sob alegação de “combater notícias falsas”, o governo do estado do Punjab determinou ao Twitter nas últimas semanas que bloqueasse contas de mais de 122 jornalistas, políticos, ativistas e organizações não-governamentais, além de restringir o acesso à internet para a população.
O mais recente bloqueio foi o do perfil da BBC NewsPunjabi no Twitter, em 28 de março, por ordem das autoridades indianas. O acesso foi reativado depois dos protestos.
Há uma semana, o jornalista Ifran Mehraj foi preso na vizinha Caxemira, e enfrenta o risco de prisão perpétua por associação com terrorismo.
Bloqueios à internet na Índia
Em uma coletiva de imprensa em 20 de março, as autoridades do estado de Punjab alegaram que as restrições eram para combater a disseminação de ‘notícias falsas’ durante a caçada ao líder separatista sikh Amritpal Singh, que dois dias antes havia escapado da prisão.
Em 1980, milhares de pessoas morreram no estado do Punjab devido a uma insurgência separatista, o que estaria levando as autoridades a medidas drásticas para controlar o movimento atual. Em fevereiro deste ano, seguidores do líder, que defende uma pátria sikh independente, invadiram uma delegacia de polícia.
Mas s bloqueios à internet e a contas de mídia social de jornalistas na Índia foram alvo de protestos. A suspensão da conta da BBC foi compartilhada por jornalistas e ativistas nas redes sociais, como o jornalista Gagandeep Singh, ele próprio também suspenso temporariamente.
Now its BBC Punjabi !! BBC Punjabi Twitter account withheld in India. pic.twitter.com/S1uCSNG04J
— Gagandeep Singh (@Gagan4344) March 28, 2023
Como parte da operação policial em todo o estado, foram impostas restrições ao serviço de internet em Punjab afetando mais de 27 milhões de pessoas. Pelo menos 353 pessoas foram detidas até o momento pela polícia estadual durante a repressão, de acordo com a mídia local.
Em 2023, a Índia foi o país campeão em bloqueios de internet, segundo a organização de direitos humanos digitais Access Now, com 84 episódios. O país governado por Narendra Modi ocupa a liderança na lista pelo quinto ano consecutivo.
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Internet é mais uma violação na Índia
O bloqueio de acesso à internet e contas de jornalistas no Twitter vem na sequência de outras recentes violações da liberdade de imprensa na Índia.
Em fevereiro, a exibição de um documentário sobre o primeiro-ministro Narendra Modi valeu à BBC uma operação fiscal, resultando em ocupação de seus escritórios por três dias.
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Os jornalistas Sanjay Rana e Jaspal Singh foram detidos por seus comentários contra os políticos do Partido Bhartiya Jana, de Modi.
Irfan Mehraj, acusado de financiamento do terrorismo, é um dos vários profissionais da mídia da Caxemira presos. Ele foi chamado a uma delegacia “por cinco minutos”, mas acabou detido e levado para Nova Délhi, capital da Índia.
O jornalista dirige um site de análises e reportagens longas, e colabora para veículos locais e internacionais.
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