Londres – Relatos e imagens retratando o drama humano e os impactos sociais, econĆ“micos e polĆ­ticos da guerra entre a RĆŗssia e a UcrĆ¢nia dominaram as principais categorias do prĆŖmio Pulitzer de jornalismo, que anunciou nesta segunda-feira os vencedores de sua ediĆ§Ć£o 2023. 

A agĆŖncia Associated Press ganhou dois prĆŖmios, nas categorias jornalismo de serviƧo pĆŗblico e fotojornalismo, em reconhecimento por sua cobertura dos ataques Ć  cidade de Mariupol, um dos capĆ­tulos mais chocantes da guerra, e das consequĆŖncias ao longo dos meses seguintes. 

E o New York Times levou o prĆŖmio internacional de reportagem pelo registro do massacre na cidade ucraniana de Bucha. 

Os vencedores do Pulitzer de jornalismo 2023

O Pulitzer foi criado em 1917 pela Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, com uma dotaĆ§Ć£o feita em testamento pelo editor de jornais Joseph Pulitzer.

O concurso premia trabalhos de jornalistas ou organizaƧƵes radicadas nos Estados Unidos em 15 categorias, e distribui ainda oito prĆŖmios de artes com foco em livros, mĆŗsica e teatro.

AlĆ©m da guerra entre a RĆŗssia e a UcrĆ¢nia, reportagens sobre temas de grande repercussĆ£o na sociedade americana como racismo, lei antiaborto e imigraĆ§Ć£o  estĆ£o entre as vencedoras do Pulitzer de jornalismo 2023. 

ConheƧa os vencedores.

Jornalismo de ServiƧo PĆŗblico – Associated Press

Os jurados do prĆŖmio Pulitzer reconheceram o trabalho conjunto de Mstyslav Chernov (correspondente de guerra, fotĆ³grafo, cineasta e romancista ucraniano), Evgeniy Maloletka (fotĆ³grafo, jornalista e cineasta ucraniano), Vasilisa Stepanenko (jornalista freelancer e produtora ucraniana que comeƧou a trabalhar para a AP um mĆŖs antes da guerra) e Lori Hinnant (jornalista da AP especializada em coberturas de guerra baseada em Paris). 

Eles documentaram entre marƧo e dezembro de 2022 o drama de Mariupol, do desespero inicial apĆ³s os violentos ataques ao que sobrou da vida na cidade cuja identidade foi “apagada pela RĆŗssia”, como mostra este vĆ­deo, parte do conjunto de trabalhos premiados.

Reportagem internacional – New York Times 

O prĆŖmio de reportagem nĆ£o foi para jornalistas individuais, e sim para a equipe do jornal, pelo que o jĆŗri considerou “uma cobertura inabalĆ”vel da invasĆ£o da UcrĆ¢nia pela RĆŗssia”, incluindo uma investigaĆ§Ć£o de oito meses sobre as mortes de ucranianos na cidade de Bucha e a unidade russa responsĆ”vel pelos assassinatos. 

Uma das reportagens, publicada nos primeiros dias da guerra,  faz um perfil de Vladimir Putin. 

Fotografia ‘Breaking News’ – Associated Press 

O Pulitzer 2023 em fotografia de eventos foi para a equipe de fotografia da agĆŖncia de notĆ­cias AP pelas imagens das primeiras semanas da invasĆ£o da UcrĆ¢nia, incluindo a devastaĆ§Ć£o de Mariupol, feitas depois que outras organizaƧƵes de notĆ­cias partiram do local.

As imagens mostram vĆ­timas do ataque Ć  infraestrutura civil e a resiliĆŖncia de ucranianos. Uma dessas imagens foi tambĆ©m escolhida como Foto do Ano em outro importante prĆŖmio, o World Press Photo 2023.

Ensaio fotogrĆ”fico – Los Angeles Times 

Christina House, do Los Angeles Times, foi premiada por um olhar ƭntimo sobre a vida de uma mulher grƔvida de 22 anos que vive na rua em uma tenda.

“SĆ£o imagens que mostram sua vulnerabilidade emocional enquanto ela tenta e acaba perdendo a luta para criar seu filho”, destacou o jĆŗri. 

Reportagem Breaking News – Los Angeles Times 

Este Pulitzer foi concedido Ć  equipe do Los Angeles Times por revelar uma conversa gravada secretamente entre autoridades da cidade em que foram feitos comentĆ”rios racistas, e pela cobertura das repercussƵes que acabaram expondo as questƵes raciais que afetam a polĆ­tica local.

Reportagem investigativa – The Wall Street Journal

O prĆŖmio reconheceu um conjunto de reportagens sobre conflitos de interesses financeiros entre funcionĆ”rios de 50 agĆŖncias federais, revelando compra e vendas de aƧƵes que tinham sido alvo de regulamentaƧƵes feitas por eles e outras violaƧƵes Ć©ticas por indivĆ­duos encarregados de proteger o interesse do pĆŗblico. 

Reportagem explicativa – The Atlantic

Caitlin Dickerson, do The Atlantic, conquistou o Pulitzer de jornalismo nesta categoria por um relato considerado pelo jĆŗri “profundo e convincente” sobre a polĆ­tica do governo Trump que separou Ć  forƧa crianƧas migrantes de seus pais, resultando em abusos que persistiram sob o atual governo.

Reportagem Nacional – The Washington Post

Este Pulitzer foi para Caroline Kitchener do The Washington Post, por reportagens que capturaram as complexas consequĆŖncias da vida apĆ³s a anulaĆ§Ć£o da decisĆ£o do julgamento histĆ³rico Roe v. Wade. Ela acompanhou histĆ³ria como a de uma adolescente do Texas que deu Ć  luz gĆŖmeos depois que novas restriƧƵes a impediram de fazer um aborto.

Feature writing – The Washington Post 

O jornal ganhou tambĆ©m o Pulitzer na categoria Feature Writing, que reconhece textos longos e analĆ­ticos sobre temas contemporĆ¢neos.  O vencedor foli Saslow , por narrativas sobre pessoas que lutam contra a pandemia, falta de moradia, vĆ­cio e desigualdade, “formado coletivamente um retrato da AmĆ©rica contemporĆ¢nea”, disseram os jurados. 

Reportagem local – Mississipi Today e Al.com 

Este prĆŖmio foi dividido.  Anna Wolfe do Mississippi Today, revelou como um ex-governador usou seu cargo para direcionar milhƵes de dĆ³lares reservadas a programas de bem-estar social para beneficiar sua famĆ­lia e amigos, incluindo o quarterback da NFL Brett Favre.

John Archibald, Ashley Remkus, Ramsey Archibald e Challen Stephens, do AL.com, levaram o Pulitzer por uma sĆ©rie que expƵe como a forƧa policial da cidade de Brookside atacava os residentes para aumentar a receita, cobertura que levou Ć  renĆŗncia do chefe de polĆ­cia, quatro novas leis e uma auditoria estadual.

Editorial – Miami Herald 

Nancy Ancrum, Amy Driscoll, Luisa Yanez, Isadora Rangel e Lauren Costantino foram premiados por uma sĆ©rie de editoriais de opiniĆ£o sobre falhas dos funcionĆ”rios pĆŗblicos da FlĆ³rida em fornecer muitas comodidades e serviƧos financiados pelos contribuintes prometidos aos residentes ao longo de dĆ©cadas .

Reportagens e comentĆ”rios ilustrados – New York Times

A vencedora foi Mona Chalabi, colaboradora do The New York Times, por ilustraƧƵes que combinam dados estatĆ­sticos com anĆ”lises precisas para ajudar os leitores a entender a riqueza e o poder econĆ“mico do fundador da Amazon, Jeff Bezos.

OpiniĆ£o – AL.com (Birminghmam) 

Este Pulitzer foi concedido a Kyle Whitmire, por colunas que documentaram como a heranƧa confederada do Alabama ainda colore o presente com racismo e exclusĆ£o, contada por meio de passeios por sua primeira capital, suas mansƵes e monumentos. 

CrĆ­tica – revista New York 

Andrea Long Chu, da revista New York , venceu o Pulitzer por suas resenhas de livros que examinam os autores, bem como suas obras, usando mĆŗltiplas lentes culturais para explorar alguns dos tĆ³picos mais difĆ­ceis da sociedade, na avaliaĆ§Ć£o dos jurados. 

Reportagem de Ć”udio – Gimlet Media

O prĆŖmio foi concedido  Ć  equipe da Gimlet Media e em particular Ć  jornalista Connie Walker, cuja investigaĆ§Ć£o sobre o passado conturbado de seu pai revelou uma histĆ³ria maior de abuso de centenas de crianƧas indĆ­genas em uma escola residencial indĆ­gena no CanadĆ”, incluindo outros membros da famĆ­lia de Walker.