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Women Photograph oferece bolsas de R$ 50 mil a ensaios feitos por mulheres; veja os melhores de 2022

A Women Photograph, organização sem fins lucrativos, está recebendo inscrições para seu programa anual de subsídios para projetos de fotografia documental, aberto a mulheres fotógrafas, profissionais não binários, transgêneros e intersexuais. 

O programa oferece financiamento para um projeto de longo prazo no valor de US$ 10 mil (R$ 50,5 mil) e cinco bolsas de US$ 5 mil (R$ 25,2 mil) para projetos sobre temas variados.

O prazo termina em 15 de maio e as inscrições são gratuitas. 

Na edição de 2022, os trabalhos selecionados cobriram temas como feminicídio, adoção, luta pela igualdade, feminilidade, pertencimento e relações familiares e de amizade.

 A fotógrafa Greta Rico ganhou o primeiro lugar do Women Photograph Project 2022 com um projeto retratando o drama do feminicídio no México a partir de experiência pessoal ocorrida em sua família: a morte de sua prima Fernanda de 17 anos. 

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Uma das fotos mostra a irmã de Fernanda marchando com a filha da vítima pelas ruas da Cidade do México para denunciar a onda de feminicídios no país.

Como se inscrever 

Das cinco bolsas no valor de US$ 5 mil, pelo menos uma será destinada a um fotógrafo não binário ou transgênero.

Os projetos podem ser novos ou estarem em andamento.

As inscrições devem ser feitas em inglês. Os candidatos devem enviar uma reportagem fotográfica como parte do pedido de subvenção. As imagens não precisam estar relacionadas à proposta do projeto. 

O subsídio de US$ 10 mil é destinado somente a projetos que já estejam em andamento. É necessário enviar uma série de 20 imagens, comprovando que uma quantidade substancial do trabalho já tenha sido concluída, junto com uma descrição das etapas que faltam para o término do projeto.

Os jurados darão prioridade a candidatos envolvidos com as comunidades retratadas no trabalho, realizando uma cobertura que vá além do jornalismo tradicional.

O subsídio pode ser usado para custear despesas de fotografia e também atividades de engajamento da comunidade. 

Para mais informações e inscrição para concorrer às bolsas, clique aqui.

Fotografia documental mostra a luta das mulheres

Além de Greta Rico, mais sete fotógrafas receberam subsídios do Women Photograph Project 2022 para desenvolverem seus projetos de fotografia documental: Mahé Elipe, Jaimy Gail, Takako Kido, Barbara Peacock, Ana Elisa Sotelo, Cansu Yildiran e Rehab Eldalil.

Veja o trabalho dela e das outras escolhidas. 

Greta Rico/México

“Este projeto nasce das experiências mais íntimas dentro da minha própria família e conta a história da minha prima Siomara, que se tornou mãe substituta de sua sobrinha Nicole, de 3 anos, depois que a mãe dela foi assassinada”, diz Rico. 

 Já se passaram quatro anos desde que Siomara se tornou mãe de Nicole. Ela disse: 

“Apesar do tempo ter passado, há dias em que sinto que não consigo, me dói muito ter deixado meus sonhos de lado, mas quando penso nela, percebo que ela precisa de mim, a única coisa que me traz paz de espírito é limpar e arrumar meu quarto”.

Foto: Greta Rico / Women Photograph

Siomara e Nicole dormem juntas desde que são mãe e filha. A casa onde moravam na época tinha apenas um cômodo e Nicole não gosta de dormir sozinha desde que sua mãe foi assassinada. Nicole ainda tem terrores noturnos causados ​​pelo trauma.

Foto: Greta Rico / Women Photograph

“Dez mulheres são assassinadas diariamente no México, deixando cerca de 38.138 meninas, meninos e adolescentes órfãos apenas entre janeiro de 2017 (o ano em que minha prima foi assassinada) e abril de 2022.

O projeto mostra como o feminicídio não termina com o assassinato, mas tem impactos psicossociais que causam traumas em crianças órfãs, bem como nas mães, irmãs, avós e tias que se tornam mães substitutas por causa da violência de gênero no México”.


Mahé Elipe, França/México

O projeto de fotografia documental Mahé Elipe fala sobre a luta social das mulheres mexicanas.

“No México, ela é o símbolo da luta social. Ela sobrevive em um país que a ensinou a viver e sobreviver em resiliência”.

Foto: Mahé Elipe / Women Photograph

“Ela pode ser encontrada nas ruas, cantando hinos feministas, respirando gás lacrimogêneo, carregando uma cruz comemorativa de feminicídios no ombro ou um retrato de alguém ainda desaparecido, com as mãos no chão cultivando o futuro ou procurando por um ente querido”.

“‘ELA’ é a mulher, a mãe, a esposa, a irmã, a filha, a amiga, a vizinha. São muitas e todas unidas pela mesma causa: lutar por seus direitos”, explica a fotógrafa.

Na imagem, Mariana, 13 anos, carrega a simbólica cruz rosa dos feminicídios. Uma cruz que ela mesma pintou para poder marchar durante a manifestação de 8 de março.

Foto: Mahé Elipe / Women Photograph

Desde a infância, Mariana acompanha a mãe em suas atividades para a associação da ‘Red Messa’ que apoia as famílias das vítimas de feminicídios e mulheres vítimas de violência.

Marina é a caçula de seis filhos e quer se tornar advogada para defender os direitos das mulheres. A foto foi feita em Ciudad Juárez, em março de 2021.

Foto: Mahé Elipe / Women Photograph

Jaimy Gail, Holanda

O que significa ser mulher é uma das questões do trabalho de fotografia documental de Jaimy Gail.

“Homens elevaram seu próprio sexo como a norma a partir da qual tudo o mais é percebido, resultando em mulheres representando o ‘segundo sexo’.

Ver a mulher como o outro reduzia sua identidade a idiossincrasias distintas: seu corpo, sua psique, sua posição e papel, seus problemas”.

Foto: Jaimy Gail / Women Photograph

“‘Vrouw zijn’ (Sobre ser uma mulher) explora a forte feminilidade, livrando-se de todos os papeis ou regras impostas. Eu deixo de lado as normas sociais e me concentro nas implicações das diferenças sexuais, transculturalmente”, descreveu.

“O que significa ser mulher e o que significa ‘masculino’ e ‘feminino’? Quais são as origens das diferenças sexuais? São biológicas ou são uma construção social? ‘Vrouw zijn’ visa buscar e documentar códigos culturais e transculturais específicos para as mulheres”.


Takako Kido, Japão

O projeto documental ‘Skinship’ retrata a relação entre pais e filhos em imagens que mostram a intimidade familiar.

“‘Skinship’ é uma palavra japonesa que descreve a relação pele a pele, coração a coração, entre mãe e filho ou família. ‘Skinship’ inclui abraçar, amamentar, tomar banho ou dormir juntos, situações que criam intimidade”, explica a fotógrafa.

Foto: Takako Kido / Women Photograph

“Através de uma experiência de toque amoroso, a criança aprende a cuidar dos outros. O ‘skinship’ japonês é considerado importante para o fortalecimento do vínculo familiar e também para o desenvolvimento saudável da criança”, disse Kido. 

“Como a ideia de ‘skinship’ era perfeitamente natural para mim como mulher japonesa, somente depois que fui presa em Nova York por causa de fotos de família sobre o tema, percebi o quão único e chocante poderia ser em outros contextos culturais.

“Viver no Japão e na América mostrou-me claramente uma comparação cultural e um paradoxo.

No Japão, dei à luz em 2012 e comecei a fazer autorretratos, de alguma forma, no caos da vida cotidiana. Parecia não haver fronteira entre nosso corpos, uma união simbiótica”.


Barbara Peacock, Estados Unidos

A relação dos americanos com o quarto é o tema do trabalho da fotógrafa Barbara Peacock.

“‘Quarto americano’ é uma viagem fotográfica poética não filtrada que mostra os americanos em seu local mais íntimo, o quarto. Quando as portas do quarto físico são abertas para mim,  há um véu de religião, política e ideologias que é misterioso e mágico”, explicou Peacock.

Foto: Barbara Peacock / Women Photograph

“O que resta é a alma nua da vida humana, uma história e pureza de coração. Este não é um olhar sobre nossas diferenças, embora possam ser muitas.

É sobre nossas semelhanças, nossos amores, nossos sonhos e todos os fios de semelhança que nos conectam como seres humanos”.

Foto: Barbara Peacock / Women Photograph

“Meu interesse nesse projeto documental reside na ressonância poética de assuntos comuns. Eu fotografo americanos da classe trabalhadora, muitas vezes ignorados, e ainda assim o próprio retrato da nossa nação.

Foto: Barbara Peacock / Women Photograph

Ana Elisa Sotelo, Peru

‘Las Truchas’ (As trutas) é um grupo de mulheres nadadoras que se formou em Lima, Peru, para lidar com o estresse e traumas decorrentes da pandemia.

Foto: Ana Elisa Sotelo / Women Photograph

“Como ‘Trucha’, testemunhei em primeira mão o poder transformador da irmandade e a importância de se conectar com a natureza e comecei a documentar nossa experiência em minha série ‘Las Truchas: Cardumen de Mujeres’”, explicou a fotógrafa. 

‘Las Truchas’ e o grupo local ‘Los Pirañas’ descansam na água depois de nadar na lagoa Llanchama.

Foto: Ana Elisa Sotelo / Women Photograph

Nadadores, remadores e pescadores fazem um círculo em torno do “Navio de União” da Marinha Peruana.

Foto: Ana Elisa Sotelo / Women Photograph

Cansu Yildiran, Turquia

Pertencimento foi o tema do projeto documental de Cansu Yildiran.

“Nas profundezas de um vale das Terras Altas de Kusmer, na região do Mar Negro, na Turquia, fica a vila e minha pátria ancestral, Çaykara.

A tradição decreta que as mulheres desta aldeia não podem ser donas das casas ou da terra em que vivem – esse direito pertence exclusivamente aos homens”.

Foto: Cansu Yildiran / Women Photograph

“Passei a maior parte dos verões da minha infância em Çaykara, embora apenas quando adulta entendi por que minha mãe e todas as mulheres da aldeia nunca conseguiram ter um verdadeiro sentimento de propriedade por esta terra.

A luta entre a conquista da identidade e a tensão entre essas duas forças opostas sempre foi um ponto de discórdia para mim”.

Foto: Cansu Yildiran / Women Photograph

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