Prosseguindo com a onda de transformações no WhatsApp, a Meta anunciou mais uma novidade para o serviço de mensagens: o recurso Channels (Canais), um sistema de envios unidirecional dentro do próprio aplicativo, inicialmente disponível apenas na Colômbia e Cingapura. A previsão é de que chegue a todo o mundo até o fim do ano.
O modelo é semelhante ao do Telegram, em que usuários se inscrevem em canais, e do feed do Twitter, mudando substancialmente a essência de serviço interativo de mensagens do WhatsApp.
Donos de canais poderão enviar textos, fotos, vídeos, figurinhas e enquetes a uma quantidade ilimitada de assinantes de suas listas em sistema de “mão única”, sem opção de resposta, debate ou compartilhamento.
Como funciona o recurso Canais do WhatsApp
O Canais é mais uma das novidades recentes introduzidas pelo WhatsApp, como a edição de mensagens. Algumas são claramente inspiradas em concorrentes.
Em fevereiro, a Meta já tinha adotado o recurso Canais no Instagram, só que com o conteúdo enviado aos seguidores por mensagem direta.
No WhatsApp o mecanismo é diferente. As postagens aparecerão em uma nova aba do aplicativo chamada Atualizações, sem se misturarem a conteúdo de amigos ou de grupos, em um formato de “broadcast” (transmissão) que lembra o do Twitter e do Telegram.
Os inscritos nos Canais não terão acesso a informações de contato aos administradores, e vice-versa:
“Nosso objetivo é criar o serviço de transmissão que oferece o maior nível de privacidade.
E isso começa com a proteção das informações pessoais de administradores e seguidores. O número de telefone e a foto do perfil dos administradores de um canal não vão ser exibidos aos seguidores.”
As mensagens nos Canais já nascem com prazo de validade — a Meta anunciou que só irá armazenar o histórico nos servidores “por até 30 dias”, prazo que pode ser reduzido em atualizações futuras.
Os administradores de canais também vão ter a opção de aprovar membros e bloquear capturas de tela e encaminhamentos — o que impedirá o compartilhamento de conteúdo.
Os Canais poderão ser encontrados em um diretório de pesquisa. Nele, os usuários poderão buscar canais públicos para seguir dentro do próprio app, caso eles estejam configurados para serem encontrados. Também é possível acessar um canal a partir de links de convite enviados em chats, e-mail ou postados online.
Os primeiros administradores convidados a testar o recurso pela Meta são ONGs, instituições de pesquisa médica, times de futebol e órgãos de verificação de fatos. Criadores individuais não estão participando da etapa de testes.
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Novidade do WhatsApp não tem criptografia de ponta a ponta
Outra mudança no recurso de Canais em relação ao WhatsApp atual é que o conteúdo deles não estará protegido com a criptografia de ponta a ponta por padrão.
Esse sempre foi um ponto de honra para a Meta, que em vários países comprou briga com ONGs e governos defendendo o recurso que assegura o anonimato dos usuários e é criticado por dificultar a investigação de crimes online.
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De acordo com um comunicado oficial da Meta, isso se deve ao objetivo de os Canais alcançarem um público amplo.
Mas a empresa não descarta a possibilidade de introduzir a proteção no futuro.
“Entendemos que há alguns casos em que canais com essa proteção para um público limitado podem fazer sentido, como uma organização de saúde ou sem fins lucrativos, e estamos considerando isso como uma opção futura também.”
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Recurso inaugurado com canais ‘do bem’
Reconhecendo que o modelo do recurso Canais é diferente da essência do WhatsApp, a Meta esclareceu em seu comunicado que as funções originais do serviço de mensagens não estão sendo relegadas a um segundo plano.
“Naturalmente, a essência de como as pessoas usam o WhatsApp continuará sendo mensagens privadas entre amigos, familiares e comunidades, e essa sempre será nossa prioridade.
Construir canais é um grande passo que nossos usuários nos pedem há anos. Achamos que finalmente chegou a hora de apresentar uma ferramenta de transmissão privada simples, confiável e esperamos que você goste de usá-la nos próximos meses e anos.”
No anúncio da novidade, o WhatsApp incluiu os canais de teste com instituições em mercados seletos da Colômbia e de Cingapura, como a Singapore Heart Foundation e a checadora de fatos Colombia Check.
Grupos de alcance global, como o Comitê de Resgate Internacional (IRC) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), e times de futebol como o FC Barcelona e o Manchester City também farão parte dos testes.
Segundo a empresa, o objetivo é ouvir opiniões das organizações e impedir que estas ferramentas sejam utilizadas na disseminação de notícias falsas — problema recorrente e que já trouxe muita dor de cabeça para a Meta.
A Meta sinalizou também com oportunidades para administradores monetizarem seus canais com o uso do WhatsApp Pay, bem como permitir a promoção de certos canais no diretório para ajudar a aumentar a divulgação.
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