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Fotojornalista argentino que lutou nas Farc morre após detenção em protesto em Buenos Aires

Fotojornalista Facundo Molares morto em um protesto ficou conhecido como argentino das Farc

Facundo Molares é contido pela polícia em Buenos Aires (reprodução vídeo)

O fotojornalista e ativista Facundo Molares, de 47 anos, que ficou conhecido como o “argentino das Farc”, morreu nesta quinta-feira de parada cardíaca depois de ser detido pela polícia quando participava de uma manifestação perto do Obelisco, no centro de Buenos Aires. 

Militante de esquerda, Molares trabalhava na revista comunista Centenario, e passou 15 anos como membro do grupo extremista colombiano. 

Segundo o Sistema de Atendimento Médico de Urgência (SAME), a causa da morte está relacionada a fatores de risco anteriores, mas organizações de esquerda e de jornalismo contestam a versão, atribuindo-a aos maus tratos sofridos pelo fotojornalista ao ser contido enquanto participava do ato.

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O caso despertou protestos por ter sido associado a atos de violência praticados pela polícia para conter manifestações durante a campanha eleitoral. 

“Repudiamos a repressão da polícia de Larreta [Horacio Larreta, prefeito de Buenos Aires] e o assassinato do colega fotojornalista Facundo Molares. Nas imagens de vídeo é possível ver Molares sendo brutalmente sufocado contra o chão por um policial da cidade “, disse a Federação Argentina de Trabalhadores da Imprensa (Fatpren) em um comunicado. 

Este vídeo mostra o momento em que o fotojornalista está desacordado e o atendimento médico é solicitado. Ao fundo, outros ativistas seguem dominados pela polícia. 

Molares, o argentino das Farc

Como fotojornalista, Facundo Morales especializou-se em cobrir atos de protestos e manifestações populares. 

Mas foi como militante comunista e ativista que ele se tornou conhecido no mundo. Molares era filho de um juiz de paz, e membro do Movimento de Rebelião Popular. 

Fotojornalista Facundo Molares morto em um protesto ficou conhecido como argentino das Farc
Facundo Molares (reprodução redes sociais)

Depois de 15 anos nas Farc, onde combatia sob o pseudônimo de Camilo Fierro, o argentino deixou a organização em meio ao processo de paz e voltou ao seu país para trabalhar como comunicador popular. Em seguida foi para a Bolívia cobrir a queda do presidente Evo Morales.

Lá ele foi ferido em um tiroteio e ficou preso por um ano, acusado de terrorismo.

Em 2020 retornou à Argentina, e em 2021 foi preso devido a um alerta vermelho da Interpol motivado por um processo aberto pelo governo da Colômbia. Molares ficou em uma prisão de segurança máxima por ser considerado “terrorista altamente perigoso”. 

A Colômbia pediu ao governo argentino a extradição do fotojornalista  sob acusação de ter participado do sequestro do vereador Armando Acuña, em 2009, enquanto ele fazia parte da coluna guerrilheira Teófilo Forero das Farc. 

Organizações tentaram impedir a extradição sob o argumento de que s crimes imputados ao fotojornalista ocorreram antes de 2016, razão pela qual se enquadrariam no Acordo de Paz assinado pelo Estado colombiano e a guerrilha. 

Em entrevistas durante a tramitação do processo, Molares disse ter assinado um documento, que estariam m poder das Nações Unidas, que impedia a extradição. E contou como foram seus últimos momentos na Farc:

“Saí do campo à luz do dia, despedi-me de meus companheiros de 15 anos. Senti tristeza pelo povo colombiano, porque sua sofrimento não acabou e merece uma vida melhor”. 

Em junho de 2022, o fotojornalista foi libertado da prisão, depois que o Juizado Especial para a Paz da Colômbia suspendeu o pedido de extradição contra ele. 

Fotojornalista argentino tinha problemas de saúde

Os problemas de saúde do fotojornalista Facundo Morales alegados pelo serviço médico como causa da morte foram documentados anteriormente.

Na época de sua detenção no presídio de Ezeiza, em Buenos Aires, organizações denunciaram que ele precisava de atendimento médico em condições melhores do que as de um hospital prisional por estar com um quadro de febre e hipertensão. 

Ele foi diagnosticado com covid-19 mais de uma vez, chegou a ficar 23 dias em coma induzido e havia perdido quase toda a visão do olho esquerdo. 

A Arfoc (Associação de Repórteres Fotográficos) do Brasil está entre as organizações que se manifestaram condenando a violência policial na morte do jornalista. 

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