Londres – O psicólogo canadense Jordan Peterson, uma personalidade da mídia, perdeu o recurso judicial em que tentava reverter uma punição aplicada pelo Colégio de Psicólogos de Ontário determinando que ele faça um treinamento em mídias sociais devido às suas postagens polêmicas.

Professor emérito na Universidade de Toronto e endeusado por conservadores e extremistas, Peterson é autor de livros, tem um canal no YouTube com mais de 7 milhões de inscritos e um podcast diário. 

Ele é conhecido por suas opiniões controversas e intolerantes sobre feminismo, pessoas LGBTQ+,  religião, obesidade e comportamento politicamente correto propagadas nas redes sociais, o que motivou a reação do conselho profissional da atividade. 

Psicólogo Jordan Peterson processou conselho profissional 

Entre as postagens célebres do psicólogo está uma crítica a uma capa da revista Sports Illustrated com a modelo plus size Yummi Nu. Ele a chamou de “não bonita”, acrescentando que “nenhuma tolerância autoritária vai mudar isso.”

Em conversa no podcast de outro polemista das redes sociais, Joe Rogan, Jordan Peterson disse que ser transgênero é resultado de um “contágio social” e semelhante ao “abuso ritual satânico”. E sugeriu que a aceitação da comunidade trans é um sinal que “a civilização está em colapso”.

O Colégio de Psicólogos entendeu que comentários e postagens do psicólogo nas redes sociais poderiam ser vistas como má conduta profissional e ordenou que ele fizesse um curso de treinamento em mídias sociais, sob pena de perder sua licença de trabalho. 

Jordan Peterson se recusou, e recorreu à justiça. Na semana passada, um painel de três juízes confirmou a primeira sentença, proferida em janeiro.

Em decisão unânime, os magistrados afirmaram que o órgão é responsável por proteger a profissão de na arena pública. 

Embora Peterson tenha argumentado que suas postagens eram “opiniões fora do trabalho” e não feitas na qualidade de psicólogo”, um dos juízes, Paul Schabas, escreveu:

“O Dr. Peterson se vê atuando como psicólogo clínico ‘no amplo espaço público’, onde afirma estar ajudando ‘milhões de pessoas.

“Peterson não pode ter as duas coisas: ele não pode falar como membro de uma profissão regulamentada sem assumir a responsabilidade pelo risco de danos que advém do fato de ele falar nessa qualidade de confiança”.

Pelo Twitter – do qual chegou a ser banido mas voltou depois da compra da plataforma por Elon Musk – , Peterson relatou a derrota, dizendo que a justiça reconheceu que ele tem direito à liberdade de expressão, mas com limitações, e considerou a decisão um risco para outros profissionais. 

O psicólogo prometeu uma reação. Em outra postagem, ele disse: “Tornarei públicos todos os aspectos disso. E veremos o que acontece quando a transparência total for a regra”.

Numa entrevista ao  jornal Toronto Sun, o psicólogo reagiu dizendo que ficou “chocado” com a decisão e prometeu levar o seu recurso “até ao Supremo Tribunal” se for necessário. Ele se diz vítima de ação política.