Buenos Aires – Uma reportagem do portal iProfesional indicou que os setores mais afetados na adoção da IA na Argentina são os de finanças, indústria, comércio, serviços públicos e saúde. O assunto é abordado quase diariamente pela imprensa local, com destaque para os riscos da inteligência artificial.
Em uma entrevista recente ao jornal La Nación, o especialista Héctor Geffner, com doutorado em IA pela Universidade da Califórnia (UCLA) e radicado na Alemanha, apontou que o problema é que muitas vezes as ferramentas de inteligência artificial “não entendem as coisas básicas”, dando margem para interpretações equivocadas”.
Esse risco faz parte das preocupações de agências de relações públicas e de checadores de dados.
Riscos da inteligência artificial
A empresa Identia, de Buenos Aires, com clientes nos setores público e privado, criou um manual para o “bom uso” das ferramentas de inteligência artificial entre seus funcionários.
Um dos sócios, Santiago Peixoto, disse ao MediaTalks que a inteligência artificial pode contribuir para aumentar a produtividade, mas que é preciso prestar atenção na ética e na confiabilidade das informações.
Ele observa que trabalhar com estas ferramentas, e especialmente o ChatGPT, está sendo mais fácil para os mais jovens.
“Na hora de fazer um release ou um plano de comunicação, podemos dar os principais tópicos e o ChatGPT ou o Bard nos devolvem o texto. Mas é preciso atenção com a confiabilidade das informações”.
Em entrevista ao MediaTalks, o diretor executivo da ONG argentina Chequeado, Pablo M. Fernández, disse que o ChatGPT “acendeu uma luz amarela” para os riscos das informações falsas e sem fontes confiáveis.
A Chequeado foi uma das pioneiras na checagem de dados. Ela criou em 2014 a rede Latam Chequea, que engloba os ‘chequeadores’ da América Latina, incluindo o Brasil.
A ONG não é inimiga da IA, que usa desde 2016 em seu trabalho de verificação de fatos. Agora, o desafio é ainda maior, a partir do uso mais intensivo da inteligência artificial por diferentes setores.
“São muitas ferramentas de inteligência artificial, que podem ser usadas por qualquer pessoa, e com o perigo da propagação de informações não verdadeiras. É muito preocupante que o tema da desinformação não esteja na agenda dos criadores das novas ferramentas de IA”, lamentou Fernández.
“Sabemos que não podemos confiar nestas ferramentas e seus próprios criadores dizem isso. O problema é que sistemas como o ChatGPT transmitem muita confiança a quem os utiliza”.
Erros nas respostas
Num artigo recente no La Nación, o diretor da ONG observou que ao perguntar ao ChatGPT sobre Messi, a resposta apresentou vários dados corretos, mas também a informação errônea de que ele jogou num time da Arábia Saudita, o que logo depois foi corrigido.
“E ao perguntar sobre empresas de checagem da região, o ChatGPT citou a Chequeado, mas se referindo a uma empresa de outro continente que não faz checagens”.
Nos últimos anos, contou Fernández, dois fatos provocaram o aumento de pedidos de checagem de informações no país: a seca histórica na Argentina que aumentou o interesse pela mudança climática, e a pandemia do coronavírus.
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O diretor da Chequeado disse não ter elementos para apontar um aumento na demanda por verificação de fatos na América Latina provocada pela disseminação da IA generativa.
Mas afirma que o setor de checagem já está atento ao que pode vir por aí devido ao conteúdo nem sempre confiável fornecido por essas ferramentas.
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