Londres – Para entender melhor como os jovens de hoje se informam, o Instituto Reuters para estudoso do jornalismo, na Universidade de Oxford, realizou uma pesquisa em três países, incluindo o Brasil. Entre suas conclusões, destaca que para os jovens, crescidos imersos nas redes sociais, as notícias não são apenas digitais, mas também sociais e participativas.
Os jovens brasileiros são os que mais se informam pelo WhatsApp, em comparação com os dos demais países pesquisados, os Estados Unidos e o Reino Unido. Enquanto no Brasil o uso da plataforma para essa finalidade chega a 41% dos jovens, no Reino Unido é quatro vezes menor e nos EUA é quase nulo.
A pesquisa, chamada The Kaleidoscope, avaliou o que os jovens consideram “notícias”, a forma como as obtêm e em quem mais confiam para entregá-las. E aponta caminhos sobre como os meios de comunicação podem se adaptar melhor às necessidades desse público mais jovem. Veja a seguir os cinco insights principais.
Jovens se informam com notícias “estreitas” e “amplas”
Os jovens fazem uma distinção entre as “notícias estreitas”, como a agenda tradicional da política ou de atualidades e as “notícias amplas”, que abrangem tópicos como esportes, entretenimento, fofocas de celebridades, cultura e ciência.
As “notícias estreitas”, vistas como as mais sérias, estão associadas às principais organizações de mídia tradicionais. Os jovens acham que a entrega desse tipo de notícia deve ser feita de forma imparcial e objetiva, mesmo que tenham dúvidas de que isso seja possível.
Por outro lado, as “notícias amplas” permitem um maior espectro de tons e abordagens. A mídia alternativa é vista como atuando melhor nesse campo.
Alguns jovens evitam as notícias “estreitas” – pelo menos algumas vezes
Em vez de evitar notícias de modo geral, alguns jovens consideram que há certo tipo de notícias, as mais sérias, que devem ser evitadas. Muitas vezes, alegam, para proteger a saúde mental.
A aversão a essas notícias consideradas “estreitas” tem implicações para as marcas jornalísticas tradicionais. São justamente elas as percebidas pelos jovens como operando no final “sério” do espectro.
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Três tipos principais de consumidores jovens de notícias
Muitos fatores influenciam as preferências e comportamentos de como cada jovem se informa, e o grande leque de escolhas proporcionado pela internet permite que existam tantos perfis de consumo como a quantidade de jovens.
Mas o estudo conseguiu identificar três principais perfis, baseados no consumo das notícias mais sérias, na maneira como se informam, nas relações com as marcas de notícias e nas preferências de conteúdo.
O primeiro tipo consome notícias para se divertir ou por um dever cívico de saber o que está acontecendo.
O segundo sente uma necessidade prática de acompanhar os acontecimentos que afetam seu dia-a-dia, em vez de por diversão ou dever
Já os do terceiro grupo evitam as notícias como regra geral, mas sentem que precisam saber as “grandes” coisas que acontecem na sociedade
Os jovens são céticos em relação às informações e questionadores da “agenda” das fontes de notícias
Como cresceram na era digital e foram ensinados pelas gerações mais velhas a serem críticos das informações que consomem, os jovens julgam as principais marcas de notícias por sua imparcialidade.
Há pouca consistência no que os jovens querem em termos de formato
Longe dos traços consistentes que muitas vezes são atribuídos a eles, os jovens gostam de uma variedade de formatos e mídias, e são atraídos por informações que são selecionadas para eles.
“Continuará a haver um lugar para texto, vídeo, áudio e imagens estáticas – às vezes tudo em um único conteúdo”, diz o estudo.
Oportunidades para as organizações jornalísticas interessadas nos jovens
O estudo reconhece que as principais marcas de notícias não podem agradar a todos os jovens o tempo todo, mas aponta caminhos para que elas sejam escolhidas por esse público com mais frequência, a começar pelo reconhecimento de que a variedade de preferências representa um amplo conjunto de oportunidades.
Uma das sugestões é o aumento da diversificação de ofertas, não necessariamente substituindo o que já está sendo oferecido. Isso inclui a ampliação de tópicos, maior variedade de abordagens e a identificação dos jovens leitores menos engajados com notícias mais sérias.
Para alcançar isso, a pesquisa recomenda que os organizações jornalísticas examinem quem está criando notícias destinadas aos públicos jovens e como esse conteúdo se alinha às características de cada plataforma digital.
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