A violência contra jornalistas no México fez mais uma vítima: o repórter de polícia Jesús Gutierrez Vergara morreu nesta segunda-feira (25) depois de ser baleado quando conversava com policiais no estado de Sonora, um dos recordistas em crimes no país. 

Assim como a maioria dos jornalistas agredidos e assassinados no México, Vergara cobria assuntos policiais em seu portal de notícias, o Notiface Prensa Digital, e fazia transmissões ao vivo. 

No ataque, um policial também morreu. O local onde o crime ocorreu fica perto da fronteira com o estado americano do Arizona e é conhecido pela violência associada ao crime organizado. 

Como foi o crime contra o jornalista no México

Segundo o jornal El País, Jesús Gutiérrez Vergara, que tinha 47 anos, é o sétimo profissional de imprensa assassinado em Sonora no governo de Andrés Manuel Lopéz Obrador. 

Um carro Toyota passou pelo local e disparou contra o grupo nas proximidades da casa do. jornalista, ferindo três dos policiais e deixando Vergara e um outro policial sem vida. 

A polícia local indicou em nota que o ataque foi dirigido aos quatro policiais, que estavam fora de serviço quando conversavam com o jornalista. E que ele teria sido uma vítima colateral e não o alvo do ataque. 

No entanto, organizações de liberdade de imprensa em vários países cobraram do governo investigação rigorosa sobre o novo crime envolvendo um jornalista no México. 

Entre elas está o National Press Club dos EUA. Em nota, Eileen O’Reilly, presidente da entidade, se disse ‘devastada’ e instou as autoridades a encontrar e punir os responsáveis. 

Jesús Gutiérrez Vergara, mais um jornalista vítima de crime no México
Reprodução Facebook

A página do Notiface Prensa Digital exibiu uma foto do jornalista com um laço negro em sinal de luto. 

México teve mais mortes de jornalistas do que a Ucrânia em 2022

Segundo a Unesco, a região da América Latina e Caribe foi a mais fatal para jornalistas em 2022, com mais da metade das 86 mortes em 2022. O México teve mais casos do que a Ucrânia: 19, no registro da organização.

O observatório de crimes contra jornalistas da entidade registra cinco mortes de profissionais de imprensa no México este ano. 

No dia Mundial da Liberdade de Imprensa de 2022, a Human Rights Watch protestou contra a escalada da violência contra jornalistas no México, que segundo a organização enfraquece gravemente a liberdade de imprensa.

E criticou o presidente da república, conhecido pelos seus ataques à mídia.

“O presidente Andrés Manuel López Obrador deveria adotar medidas urgentes para fortalecer o mecanismo de proteção do governo federal, parar de assediar profissionais de imprensa que criticam o governo e garantir o fim da impunidade quase absoluta de crimes contra jornalistas no México.”

A organização Artigo 19 aponta que, no primeiro semestre deste ano foram registados 272 ataques contra jornalistas e meios de comunicação no México.

O número representa uma diminuição face ao mesmo período de 2022, mas a entidade de liberdade de imprensa destaca que as ameaças continuam a ser uma constante para quem exerce a profissão e muitas delas terminam em ataques como o crime que vitimou Jesús Gutiérrez Vergara. 

Na semana passada, um jornalista mexicano ameaçado de morte que fugiu para os EUA há quinze anos conseguiu obter o status de refugiado.