Londres – O Festival de Artes Visuais de Siena divulgou as fotos vencedores de um de seus concursos, o Prêmio de Fotografia Criativa, reconhecendo visões originais e artísticas que expressem sentimentos por meio de imagens resultantes de qualquer técnica, ou uma combinação delas, sem limites.
Os fotógrafos usam abordagens inovadoras para subverter as expectativas do espectador, revelando “verdades ocultas’ do mundo em fotos em múltiplas camadas, cores fortes e imagens desfocadas criando instantâneos oníricos.
Profissionais de 133 países concorreram na edição do prêmio de fotografia deste ano em nove categorias, duas delas dedicadas à natureza. Há registros de cavalos, como a foto vencedora de autoria da espanhola Lurdes Santander, aves, cães e até morcegos assustados, enquanto as paisagens lembram pinturas dos grandes mestres da arte.
Foto vencedora do concurso retrata o voo do cavalo sobre a neve
A imagem intitulada “Beleza Branca”, de Lurdes Santander, ganhou o primeiro prêmio na categoria “Animais” do prêmio do Festival de Siena.
Ela imortalizou a elegância de um cavalo saltando livremente sobre a neve do Ártico.
“Meu objetivo era captar o movimento elegante de um cavalo num salto com rédeas livres, experimentando a sensação da neve sob os seus pés e o seu inerente desejo de liberdade, tal como os humanos anseiam por ela”, afirma a fotógrafa Lurdes Santander.
“Foram várias tentativas com a câmera para conseguir a foto indescritível, um desafio que muitos fotógrafos enfrentam.”
A vencedora teve outra foto destacada no concurso, desta vez retratando um tigre sob um céu estrelado em Uganda, iluminado pela luz azulada da noite. A espanhola batizou a imagem de “O Universo sobre mim”, e explicou o sentimento de amor à natureza que desejou transmitir:
“Não importa onde estejamos no mundo, vivemos cobertos por milhões de estrelas, galáxias, planetas que influenciam o nosso comportamento e são responsáveis pelo nosso mundo ter vida, respirar e ser o planeta maravilhoso que é hoje.
Ela existe, tudo depende de nós! Podemos respeitá-lo ou destruí-lo para sempre.”
O segundo lugar no concurso foi para o peruano Pedro Jarque Krebs, especializado em fotografia de animais. Ele registrou na Espanha o momento de intimidade entre dois flamingos na temporada de acasalamento, e deu à foto o nome de “Tango”.
“O flamingo americano (Phoenicopterus ruber) é um espetáculo para ser visto durante o pico da temporada de acasalamento. Sua elegância e graça são expostas enquanto eles se envolvem em uma dança que visa seduzir seus parceiros em potencial. As penas e movimentos se unem em uma sinfonia hipnotizante…”
Krebs recebeu outra menção honrosa com “O grito”, em que flagrou o momento exato em que um morcego expressa seu susto com o fotógrafo.
Existem duas características dos morcegos que os distinguem dos outros mamíferos: são os únicos que podem voar e ficam pendurados de cabeça para baixo.
Ao contrário dos pássaros, os morcegos não conseguem voar do solo porque suas asas não são fortes o suficiente, então eles se penduram nas árvores para facilitar seu vôo.”
Os cavalos deram um show no concurso de fotografia criativa do Festival de Siena, com outras imagens reconhecidas pelo júri além da foto vencedora.
O fotógrafo Bem Pettit registrou o olhar deste garanhão da raça Halfinger no Arizona (EUA), contrastando com o preto do fundo, e mereceu uma menção honrosa do júri pela imagem que recebeu o nome de Maxmotion, em alusão ao nome do animal.
“Os Haflinger são conhecidos por suas longas crinas loiras e expressões alertas. E Max realmente tem isso!”
Pettit teve outra foto de cavalo branco selecionada pelo júri. Desta vez ele preferiu o fundo da mesma cor misturando-se com o pelo do garanhão andaluz, em uma imagem quase monocromática.
“A raça é conhecida pela sua beleza e elegância. Os garanhões andaluzes têm uma postura ereta e orgulhosa, com pescoço arqueado, crista bem definida e crina e cauda esvoaçantes e luxuosas.”
Cachorros não poderiam faltar. Os participantes do concurso de fotografia criativa inseriram os pets em cenários externos ou internos para capturar suas expressões e poses.
“Puppy and Poppy” explora o contraste entre o branco do poodle miniatura Bucky da fotógrafa com o verde e vermelho de um jardim de papoulas na Eslováquia. Ela registrou o momento em que ele se ergueu, apoiado nas patas traseiras.
Alessia Monaco teve uma ideia semelhante, mas foi além e registrou o border collie Nemesis quase oculto pelas flores amarelas, combinando com o brilho de seus olhos bem abertos. O nome da imagem é “Psychoborder”, e ela explica o motivo:
“Assim como a maioria dos Border Collies, meu cachorrinho também tem cara de psicopata. “
O efeito das flores foi obtido com uma composição de sete imagens, unidas com o Photoshop.
A caminha de cachorro no estilo de um sofá clássico no estúdio do fotógrafo Klaus-peter Selzer foi o local escolhido para o registro de quatro cães que não parecem estar em total sintonia. A imagem foi batizada de “Outsider”, em referência ao que resolveu olhar para o outro lado.
“Os quatro whippets deveriam estar olhando na mesma direção, mas um estava sempre olhando em uma direção diferente. Porém, quando o cachorro da esquerda ficou como na foto, achei ainda mais interessante e resolvi capturar o momento.”
O fotógrafo usou o mesmo sofá para fotografar, Jil, uma elegante cadela na raça Saluki de um amigo. A foto faz parte de uma série sobre cães de caça feita em seu estúdio fotográfico.
Outra que gosta de fazer poses é Canapus Qabillah, da raça galgo Saluki e “uma verdadeira princesa”, diz a fotógrafa Anja van Ast, cujo trabalho é inspirado em grandes mestres da pintura.
“Nesta foto, Qabilla foi registrada para se assemelhar a uma pintura do pintor holandês do século XVII Barend Cornelis Koekoek.”
Djaxx, o gato sphynx, também mostrou atitude ao posar no estúdio para o fotógrafo Pieter Clicteur, que usou um flash acima da cabeça do animal para enfatizar as rugas enfezadas. Mas as aparências enganam…
“Ele parece mau, mas não é”, disse o autor da imagem.
A fotografa encontrou este lindo cavalo-marinho Hystrix Hippocampus durante uma viagem de mergulho em Sulawesi do Norte, na Indonésia, e empregou sua técnica para registrá-lo com efeitos de grafismo em torno de seu corpo.
“Utilizei luz de fundo para dar um resultado dramático. Depois, processei a imagem usando o filtro radial para criar o fundo com efeito de redemoinho. Por fim, fiz uma composição dela com a original para obter esse resultado.”
“Espírito do Universo”, campeã na categoria paisagem
O registro das cores e luzes de um campo de lavanda na França do fotógrafo Peter Lik foi a foto vencedora do concurso de fotografia criativa do Festival de Siena na categoria Natureza e Paisagem.
“Capturar esta imagem exigiu paciência e perseverança. Tudo começou com a busca por uma árvore solitária em meio a um campo de lavanda para ser fotografada ao pôr do sol.
Depois foi esperar para que o céu noturno revelasse sua beleza. Combinada com uma segunda exposição longa, a luz invisível a olho nu revela um mundo encantado.”
Acima de uma reserva natural na província de Fresia, na Itália, um bando de estorninhos cruza o céu azul tenta escapar de uma ave de rapina. O efeito deu a impressão de uma escultura voadora e valeu ao fotógrafo uma homenagem especial do júri.
O elefante solitário caminha em uma manhã enevoada no Corbett National Park na Índia, pontuada por troncos de árvores mortas, em um cenário melancólico e poético.
A imagem de uma pessoa andando em uma alameda de árvores em Ballymoney, na Irlanda do Norte, remete à lenda da Dama Misteriosa.
Segundo a crença popular, ela apareceria na hora do pôr do sol, caminharia entre as árvores e desapareceria perto da última delas.
“Noite no Santuário” é o título desta foto reconhecida pelo júri. A luz não é artificial: vem dos vagalumes cintilantes que dão uma atmosfera de contos de fadas.
A bioluminescência faz parte do ritual de acasalamento, ocorrendo ao final da postura dos ovos.
“Obra-prima congelada da natureza” foi o nome escolhido por Thomas Vijayn para esta imagem de uma cachoeira formada pelo derretimento do gelo. Embora bela, a foto traduz a preocupação com a mudança climática.
“Este ano, a calota polar começou a derreter mais cedo do que o normal. A fotografia serve como um lembrete claro de que a ela está encolhendo e provavelmente desaparecerá em alguns anos.”
As fotos vencedoras de cada categoria do concurso serão exibidas na exposição “I Wonder if You Can” (Duvido que você consiga, em tradução livre), no Magazzini del Sale no Palazzo Pubblico, em Siena, Itália, de 30 de setembro a 19 de novembro. É uma das dez exibições que fazem parte da programação do evento deste ano.
Fotos: cortesia Creative Photo Awards – Festival de Siena
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