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Após processar gigante da IA, Getty lança recurso de geração de imagens com direitos autorais

Sequência de imagens geradas pela versão beta da IA da Getty

(Imagem: Divulgação/Getty Images)

O banco de imagens Getty Images anunciou na semana passada o lançamento de sua própria IA generativa visual —  ferramenta capaz de criar fotos e ilustrações a partir de comandos de texto.

A ferramenta de inteligência artificial, que não possui um nome específico, foi treinada a partir do próprio acervo de imagens da agência, um dos maiores do mundo, e promete ser mais ética com os assinantes e com os fotógrafos.

O lançamento é feito na sequência de um processo movido pela empresa no Reino Unido em janeiro contra uma das maiores startups de IA generativa, a Stability AI, por infração de propriedade intelectual. A Getty acusou-a de “treinar” sua ferramenta, Stable Diffusion, com imagens do acervo Getty sem autorização.

Imagens geradas por IA da Getty terão licença

Debaixo do “capô”, a IA da Getty é treinada em uma das arquiteturas da Nvidia Picasso, segmento de inteligência artificial generativa da empresa de componentes gráficos Nvidia.

Os clientes que criarem e baixarem recursos visuais por meio da ferramenta receberão a licença padrão livre de royalties da Getty Images, que inclui declarações e garantias, indenização sem limitações de valores e o direito perpétuo e sem exclusividade de usar o conteúdo em todo o mundo e em todos os meios.

O conteúdo gerado por meio da ferramenta não será adicionado às bibliotecas de conteúdo existentes da Getty Images e da iStock.

Além disso, os contribuidores serão compensados por qualquer inclusão do seu conteúdo no conjunto de dados de treinamento, segundo a Getty. 

No comunicado oficial do lançamento da IA, Craig Peters, CEO da Getty Images, classifica-a de mais responsável do que suas rivais:

“Estamos animados em lançar uma ferramenta que explora o poder da IA generativa para atender às necessidades comerciais dos nossos clientes, respeitando, ao mesmo tempo, a propriedade intelectual dos criadores de conteúdo.”

Questionados pelo Gizmodo sobre um possível impacto do lançamento da ferramenta no processo contra a Stability AI, a Getty respondeu em comunicado: 

“A Stability AI treinou seus modelos com conteúdo sem o consentimento dos detentores dos direitos autorais. Treinamos nosso modelo com conteúdo criativo para o qual existe licença e os colaboradores serão remunerados.”

A nota ainda critica condutas de empresas de IA generativa, que muitas vezes treinam suas ferramentas usando trabalho de artistas sem autorização, e que “devem ser transparentes quanto aos dados utilizados para formação, bem como aos resultados que foram criados.”

IA da Getty foca em produção comercial

O objetivo da Getty parece ser o uso comercial das imagens, e não uma ferramenta de criações artísticas gerais como no caso de seu adversário na Corte.

No anúncio da ferramenta, a empresa promete aplicações futuras que analisarão e reproduzirão o “estilo” da marca do cliente.

Grant Farhall, Diretor de Produto (CPO) da Getty Images, destaca o uso para profissionais de marketing:

“Conversamos com nossos clientes sobre o rápido crescimento da IA generativa – ouvimos entusiasmo e hesitação – e tentamos ser intencionais em relação à forma como desenvolvemos a nossa própria ferramenta.” 

Criamos um serviço que permite que marcas e profissionais de marketing adotem a IA com segurança e ampliem suas possibilidades criativas, ao mesmo tempo que compensam os criadores pela inclusão de seus recursos visuais nos conjuntos de treinamento futuros.” 

Artistas contra a IA nos EUA

O discurso de lançamento da Getty Images é dissonante do tom alarmista usado na corte judicial dos EUA em um outro processo, movido por um grupo de artistas contra a Stability AI, a DeviantArt (uma rede social que permite compartilhamento de trabalhos artísticos em forma digital) e o Midjourney. 

O argumento dos artistas é centrado no risco de eliminação da carreira de criador: 

“Se o Stable Diffusion e produtos similares puderem continuar a operar como agora, o resultado previsível é que eles substituirão os próprios artistas cujas obras roubadas alimentam esses produtos de IA com os quais estão competindo.

Os produtos de imagem IA não são apenas uma violação dos direitos dos artistas; independentemente de terem ou não essa intenção. Eles eliminarão o “artista” como uma carreira viável.

Em entrevista ao MediaTalks, o líder do projeto internacional Fairwork Cloudwork, Jonas Valente, menciona estudos que preveem “quase 50% a possibilidade de substituição de ocupações provocada pela IA”:

“Atividades repetitivas e menos dependentes da criação humana têm mais potencial de serem assumidas pelas máquinas – e já estamos vendo isso.

Mas a adoção de ferramentas baseadas em IA amplia a possibilidade de elas assumirem também atividades intelectuais, da educação à comunicação.”

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